O enteado - Alguns anos

Capítulo 2

- Vovó Jones esse é o seu presente – falei estendendo o embrulho a senhora de cabelos grisalhos sentada na poltrona, com Laura, Nicholas e Dylan aos seus pés.

- Obrigada querida – ela agradeceu baixo. A vovó Jones estava doente, ela tinha pegado uma gripe.

- Não há de quê – respondi sorrindo para ela – Esse é o seu amor – peguei outro embrulho e entreguei ao meu marido.

- Obrigado – Aron se aproximou me dando um selinho rápido antes de abrir o presente.

Ele sorriu ao ver as abotoaduras de ouro e o broche com as inicias dele.

- Eu adorei meu amor.

- Que bom.

Aron pegou uma pequena sacola preta sobre a mesinha e a estendeu para mim, peguei-a rapidamente e tirei uma caixinha quadrada de veludo vermelho, a abri encontrando um lindo colar de ouro com um único, lindo e brilhante rubi no pingente. Levantei os olhos para o meu marido. Aquele Aron não tinha jeito mesmo.

- Obrigada Aron, é lindo – disse sincera. Apesar de não gostar muito de joias, eu tinha que admitir que aquele colar era realmente maravilhoso.

Anotei algumas coisas na agenda, depois a deixei sobre o criado mudo e me deitei na cama, me virei de lado encontrando Aron me encarando, como se estivesse fazendo isso a um bom tempo.

- O que foi? – perguntei achando estranho aquele comportamento.

- Nada demais – respondeu dando de ombros – Estava apenas imaginando o que terá acontecido.

Franzi ás sobrancelhas ainda mais confusa, meu marido era definitivamente maluco.

- Como assim? – indaguei.

- Eu te dei uma joia e você não brigou comigo, eu achei bem estranho – contou.

- Queria que eu brigasse com você? – indaguei num tom divertido.

- Não, claro que não – murmurou – É só que você nunca gosta quando te dou joias – acrescentou.

- Eu sei – assenti, me aproximei um pouco dele – Mas eu gostei muito desse colar – confessei, mordi o lábio inferior.

- Então isso quer dizer que eu posso dormir aqui hoje? – perguntou me puxando pela cintura.

- Pode – assenti segurando a risada. Toquei seu rosto com uma das mãos, fazendo um carinho – Claro que pode.

Ele me beijou.

Tirei Nicholas da banheira cobrindo-o com a toalha, me sentei no banquinho que havia ali mesmo no banheiro.

- Mamãe a tia Lauren vem mesmo? – perguntou meu pequeno enquanto eu o secava.

- Ela prometeu – respondi.

- E o tio Tom também vem? – continuou.

- Acho que sim querido – acariciei seu rosto. Meu filho era tão lindo e tão parecido com o Aron – Mas antes eu preciso te arrumar querido.

- Mas mamãe...

- Nicholas, por favor, meu filho seus amigos vão chegar logo e você ainda não está pronto – reclamei.

- Desculpe mamãe – ele pediu baixo, parecia magoado.

Suspirei me sentindo culpada.

- Nick me desculpe filho, a mamãe só está um pouco nervosa – puxei meu pequeno para os meus braços – Não vou falar desse jeito outra vez – prometi.

- Amo você mamãe – murmurou ele baixo. Nicholas passou os bracinhos por meu pescoço.

- Eu te amo meu príncipe.

- Mamãe – escutei a voz doce da minha Lily e me apressei a descer os degraus.

- Cheguei. O que foi? – perguntei.

- Olha o meu vestido o meu vestido.

Ela girou fazendo com seu vestido azul marinho rodado ficasse cheio, Laura soltou uma gargalhada gostosa e eu ri junto até porque era impossível não acompanhar aquela risada deliciosa. Me abaixei diante dela ficando quase do seu tamanho.

- Você esta linda demais princesinha – acariciei sua bochecha corada – Meu amor você sabe se a vovó Jones está lá fora? – perguntei.

- O papai está com ela lá no jardim – respondeu brincando com o vestido, ela tinha mesmo gostado dele – Mamãe a Ava pode me dar um pouquinho assim de chocolate – ela juntou o indicador e o polegar para me mostrar à quantidade que ela queria.

- Só se for um pouquinho assim – a imitei rindo.

- Obrigada mamãe – ela agradeceu, beijou meu rosto antes de sair correndo atrás da Ava.

Levantei e fui atrás do meu marido. O jardim estava cheio de crianças correndo de um lado para o outro.

- Tia Hannah!

Dylan veio correndo em minha direção todo alegre, eu não conseguia entender como aquelas crianças conseguiam correr tanto. Me agachei depressa e o peguei no colo.

- Meu garoto lindo – falei carinhosa ao loirinho. Dylan a cada dia que passava ficava ainda mais parecido com Tyler.

- Onde estão seus pais? – perguntei.

- Com o tio Aron – respondeu apontando com o indicador fino,

- Ok, meu amor agora vá brincar – beijei seu rostinho e o coloquei no chão, Dylan saiu correndo outra vez, balancei a cabeça negativamente rindo daquela coisa fofa. Voltei a andar pelo jardim repleto de crianças lindas os adultos estavam espalhadas em conversas animadas. Avistei minha família perto da piscina de bolinhas do Nick, vovó Jones estava sentada em uma poltrona azul que com certeza tinha sido ideia do Aron, ele adorava mimar a avó principalmente agora que ela andava um pouco doente, e estava deixando não só ele como eu também preocupada eu adorava a vovó Jones, Billy não poderia ter tido mãe melhor.

- Cheguei – falei alegre me aproximando deles.

- Pensei que fosse ficar a festa inteira dentro de casa – Tyler como sempre me provocando.

- Nick não queria colocar a roupa – expliquei paciente, me sentei ao lado da vovó beijei o rosto dela – E a senhora esta confortável? – perguntei.

- Sim querida – ela respondeu sorrindo, segurou minha mão – Os meninos me fizeram companhia – contou.

- Eu não confio no Tyler – agora eu o estava provocando.

- Vovó não escute essa maluca – ele disse de um jeito engraçado fazendo a senhora rir.

- Bobo. A Lauren e o Tom já chegaram? – eu quis saber curiosa.

- Ainda não amor, mas eles já devem estar chegando – respondeu Aron - Porque?

- Tom prometeu ao Nicholas que viria e ele está ansioso – expliquei. Meu marido assentiu compreendendo tudo.

- Ultimamente não podemos prometer nada a nenhum dos dois – comentou referindo-se aos nossos pequenos.

Laura e Nicholas estavam terríveis, não em um sentido r**m, por que eu adorava ver meus fazendo bagunça e tudo mais, mas é que nós não podíamos mais prometer nada a nenhum dos dois por que eles nunca se esqueciam de nada e a nossa única saída era sim cumprir todas as promessas. Aron sempre se deixava levar por aquelas carinhas de choro e os olhinhos de cachorrinhos que haviam acabado de cair do caminhão da mudança.

- Isso anda acontecendo lá em casa também – Nina murmurou – Um certo pai promete coisas quase impossíveis ao Dylan e nunca cumpre e depois sou eu quem precisa consolar o meu bebê – continuou lançando um olhar atravessado para o loiro ao lado dela que fingiu não ser com ele.

- A culpa é do Aron – defendeu-se olhando para Nina.

- Minha por quê? – indagou Aron confuso.

- Por me prender tempo demais naquele escritório – respondeu num tom eufórico.

Todos nós caímos na risada até mesmo a Georgine, eu adorava esses momentos eram tão bons. Eram em momentos assim que eu tinha a certeza de que os dias ruins tinham mesmo ficado no passado. Eu me sentia completamente plana e realizada, não poderia exigir mais nada, eu tinha tudo o que qualquer mulher deseja ter... Amor.

Quando Tom e Lauren finalmente chegaram foi uma verdadeira festa para o meu filho, eu nunca entendi muito bem essa ligação que o meu Nicholas tinha com o namorado da Lauren era bonito de se ver, mas ainda assim eu era uma mãe muito ciumenta, eu não gostava de dividir meus filhos com ninguém.

Aron também não gostava muito de ver nossos filhos com outras pessoas, mas ele fingia não se importar para parecer um pai legal, como se fosse preciso tanto esforço, Aron Jones era o melhor pai do mundo isso eu não podia negar.

- A senhora precisa de mais alguma coisa? – perguntei enquanto terminava de ajeitar o lençol na cama para a vovó Jones. Ela decidiu subir para o quarto para descansar um pouco, depois de um tempo, ela estava cansada e pálida. Na verdade ela vinha se sentindo m*l a cada dia mais.

- Não Hannah – negou – O que mais eu poderia pedir – sorriu fraco, me sentei ao lado dela na cama – Você faz o meu neto feliz e fez o meu filho feliz também me deu bisnetos lindos. Tudo o que eu posso fazer é agradecer você por isso.

Franzi ás sobrancelhas confusa, por que ela estava falando daquele jeito?

- Não tem nada que me agradecer Georgine – segurei as mãos dela – Eu amei muito o Billy e amo incondicionalmente o Aron e eu vou amá-lo para sempre.

- Obrigada – sua voz saiu fraca e um pouco embargada – Você é uma boa pessoa, gostaria que a minha filha tivesse percebido isso também – murmurou triste.

- Descanse vovó – pedi carinhosa. Me curvei e beijei a testa morna dela antes de ficar em pé corretamente – Não se preocupe com nada, por favor.

A senhora concordou fraco e só então deixei o quarto. Me apoiei na parede por um instante cobri o rosto com as mãos e puxei os cabelos para trás.

Suspirei.

Eu não gostava de tocar, ou até mesmo pensar naquele assunto, eu odiava reviver mesmo que em silencio todas aquelas coisas ruins que aconteceram comigo.

- Amor!

Levantei a cabeça ao ouvir a voz preocupada de Aron, ele vinha em minha direção, seus olhos azuis me encaravam curiosos e preocupados.

- Oi. Eu já estava descendo – me afastei da parede passei as mãos no rosto livrando-o de qualquer vestígio de lágrimas que pudessem ter escorrido por meu rosto – A vovó Jones queria descansar e eu a trouxe para o quarto – expliquei enquanto caminhava até o meu marido.

- Sei. Esta tudo bem? – perguntou, Aron examinou meu rosto com atenção como se pudesse descobrir alguma coisa.

- Sim – respondi tentando soar normalmente, eu não gostava de deixá-lo preocupado – Só estou um pouco cansada – menti.

Ele segurou minha mão e começamos a andar pelo corredor.

- Me lembre de não dar mais festas de aniversário aqui em casa – reclamou.

Eu ri.

- Pode deixar – o tranquilizei, apoiei minha cabeça em seu ombro e ele me abraçou pela cintura.

Para que estragar momentos de felicidade, lembrando-se de coisas ruins?

Nicholas nunca se divertiu tanto como hoje e apesar de todo o cansaço eu também me divertir. Minha pequena serelepe ficou tão cansada que dormiu no sofá da sala mesmo. Convenci Nina, Tyler, Lauren e Tom para passarem a noite conosco, Jessy e Harry tiveram que ir embora no meio da festa por causa do hospital, ambos ficariam de plantão.

Dylan também estava cochilando no sofá, Nicholas estava no banho com Ava.

- Nunca vi festa mais animada que essa – comentou Tom, ele e Lauren estavam sentados em outro sofá.

- Pois é – Tyler concordou.

- Estou cansada – Lauren suspirou levantando-se. Me aproximei da minha Lily e a peguei no colo com cuidado.

- Venham comigo – pedi, segurando com firmeza e cuidado a minha Laura.

- Precisa de ajuda amor? – Aron perguntou.

- Não Aron, tudo bem – neguei.

Laura não era pesada pelo contrário, e por outro lado eu adorava ter meus filhos nos braços, nem que fosse assim adormecidos, eu amava admirá-los.

- Senhor Jones – Cora apareceu na sala.

- Sim.

- Telefone para o senhor no escritório.

- Ah sim. Fiquem á vontade.

Aron despareceu no corredor, dei de ombros e subi para o segundo andar com todos os outros em meu encalço, mostrei o quarto de cada um e depois levei Laura para o quarto dela, dei banho e a coloquei na cama, separei algumas peças de roupas minhas e de Aron para emprestar aos convidados já que Nina havia trazido roupas só para Dylan, ela tinha certeza de que o pequeno loirinho sujaria a roupa que estava, o que realmente aconteceu.

Nicholas já estava na cama quando passei para lhe dar boa noite, então resolvi ir atrás do meu marido no escritório. Quando cheguei lá ele ainda falava ao telefone, entrei fechei a porta atrás de mim, mas sua expressão não me agradou em nada.

- Não se preocupe, tomarei todas as providencias – prometeu a alguém do outro lado da linha. Aron coçou a testa – Obrigado por avisar. Boa noite – se despediu e devolveu o telefone a base dele.

Me aproximei preocupada e receosa.

- Aron o que aconteceu? – perguntei.

Parei diante dele, Aron suspirou fraco se levantou da cadeira. Meu coração doeu ao ver seus olhos cobertos por lágrimas.

- Aron, por favor, me diz o que houve. Quem era no telefone? – implorei aflita, ele parou na minha frente, peguei seu rosto em minhas mãos.

- É que... – ele engoliu em seco – A Denise ela... – Aron olhou para cima, talvez para controlar as lágrimas.

- Oh meu Deus ela... – hesitei, ele assentiu voltando a me olhar.

- A Denise está morta.