Prólogo

234 Palavras
Esperar por ti foi uma invenção Um capricho do corpo resgatado Onde o vício foi medo e paixão Depois de tudo ter acabado. António Vilhena - Tempo do fogo insaciável O som das correntes e das lanças balançando no ar, parecia algo de costume na prisão de ossos. O silêncio sorumbático fazia com que aquele lugar afastasse as vidas selvagens que viviam além do pântano. Porém, o som de uma canção nunca escutada por aquelas bandas, passou pelos ouvidos de uns, e penetrou no mais fundo do coração de outros, os olhos hipnotizados olhavam fixamente para algum lugar, enquanto ganhavam uma força sub-humana quebrando as grades e portas bem trancadas. O prisioneiro mais fraco, balbuciando a canção como uma oração, se deixou ser guiado até o poço. Os olhos já brancos, levados pela morte, que apresada ia colher outras almas pelo caminho. Ele se aproximou, lançou a cabeça para dentro daquele buraco soturno.  ― Só se eu fosse belo você me amaria como ama os outros... ― cantou, acompanhando a voz doce de mulher, e ela se deliciava com a pele, depois com os músculos, depois as artérias, guardou os olhos, adorava olhos brancos como luas cheias sem brilho, observa-los apodrecer era um de seus passatempos prediletos. ― Ele o amaria como ama os outros... ― finalizou, arrastando-se novamente para dentro do poço, deixando o corpo sem pele e órgãos pendurado na murada. Dormiu.
Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR