I Capitulo – Laços do Destino

1053 Palavras
Demétrio já estava com quase vinte anos quando por incentivo de sua melhor amiga, decidiu fazer Faculdade de Publicidade e Propaganda. Karine estava no primeiro ano de Odontologia. Para Karine, Demétrio era o típico garoto crescido. Ele tinha os olhos negros como a noite, e alguns pontinhos que iluminava seu olhar, lhe dando um aspecto de cachorro quero colo. Seu cabelo bagunçado ajudava a transformar seu amigo em um meninão. Ele estava deixando a barba por crescer. A primeira vez que o viu, ambos estavam em series diferentes, mas seu amigo estava dois anos na frente dela, até que ele teve que abandonar a escola para acompanhar seu pai em uma viagem para outro Estado. O que fez Demétrio perder um ano completo, pois ao chegar lá seu pai não quis matricular ele para dar continuidade. Demétrio era órfão de mãe desde os três anos. Era criado sozinho pelo seu pai que vivia viajando e sempre atrasando os estudos de seu filho. Com tudo, sempre fora um rapaz esforçado e estudioso, mas tudo desandou quando seu pai faleceu em um acidente de carro quando tinha catorze anos e foi morar com seu tio avô que o obrigou a trabalhar na oficina de carros para pagar seu sustento. A vida para ele nunca foi fácil, mas isso não o fez desistir.        Quando fez dezessete anos, fugiu da casa de seu tio avô e voltou para a cidade onde sua mãe havia nascido. Em Vila Real, mesmo sem nenhum parente vivo por lá, se viu tendo que se sustentar sozinho e se virar por conta própria, com a ajuda de um amigo conseguiu um trabalho numa lanchonete como limpador de pratos. E, um quartinho nos fundos da lanchonete que lhe servia de moradia.       Ele limpava uma mesa quando viu Karine entrando acompanhada de uns amigos, eles sorriam por algo. - Podemos sentar aqui? Ela perguntou sorrindo pra ele. E parou por alguns instantes. – Demétrio? - Posso anotar o pedido de vocês? Ele olhou pra ela surpreso quando ouviu seu nome. – Desculpa, nos conhecemos?         Os outros que estavam com ela sorriram. - Vem sentar com a gente. Chamou o de cabelo espetado, quase do seu tamanho. – Se é amigo da Karine, é nosso amigo também. - Desculpa novamente, mas trabalho aqui. Ele olhou para a garota de tamanho médio e cabelos avermelhados, não, eram castanhos. Ela o encarava há um bom tempo. - Estudamos juntos no Farias de Lima, não lembra? Na aula de educação física você segurou a bola pra não bater na minha cara. - Marrentinha? Como um lapso, ele conseguiu lembrar. – Nossa!      Karine fez uma careta e seus amigos começaram a brincar com ela. - Só você me chama assim. Respondeu sentindo seu rosto corar. - Por que Marrentinha? Uma das amigas dela de cabelo curto e olhos verdes perguntou, sem deixar de olhar para Demétrio. - Numa das aulas de Educação Física, eu joguei a bola pra ela com muita força. Toda a equipe a viu correndo atrás de mim querendo revidar a bolada.       Ela fez uma careta. - Porque doeu. Respondeu sorrindo. - Bem, o convite está de pé. Interrompeu o rapaz de minutos atrás passando os braços ao redor de Karine. – Vamos comer Karine, eu to com fome.       E os seis sentaram onde Demétrio tinha acabado de limpar. Vez ou outra ele olhava em direção da mesa onde ela estava sentada.        Ele corria todas as manhãs, era um exercício que o motivava logo cedo. Com seus quase um metro e oitenta e dois de altura. Seu corpo não era atlético, mas ele gostava de se manter no peso ideal. Correndo pela vizinhança ele ver um grupo de meninas indo para a escola. E uma em comum acenando pra ele. - Indo pra escola? Perguntou ele ao vê-la. - Você não? Ela parou enquanto as outras continuaram o caminho. – Se for, já está atrasado. - Eu não estudo. - Você está brincando? Karine surpresa pra ele, e olhou para seu relógio. – Eu vou me atrasar, mas... - Tudo bem. Respondeu sorrindo. - Você pode me buscar no final da aula, as onze e meia?      Ele apenas sorriu. Ela correu pra acompanhar suas amigas que estavam bem a sua frente.        Demétrio estava lá.         Todos os dias.           E todos os dias ele a ouvia falar o quanto a escola era importante, e que ele tinha que terminar os estudos, fazer uma boa faculdade e conseguir um emprego melhor do que lavador de pratos e garçom.          Ela o incentiva a continuar. E ao conseguir entrar em contato com a escola com a ajuda da mãe de Karine, Demétrio se viu em um novo desafio. De acordo com o conselho estudantil ele teria que fazer três provões, estudaria durante seis meses e se passasse ele ganharia seu diploma de conclusão.         Ele estudava todos os dias. Tinha feito um acordo com a dona da lanchonete onde trabalharia apenas quatro horas por dia, e o restante do tempo ele focaria em seus estudos.       Naquele dia na sala da casa de Karine. Ambos estudavam. - Seu namorado não vai ficar com raiva ao saber que você passa a maior parte do tempo comigo? Ela apenas olha pra ele e sorrir. – Só estou comentando... - Rodrigo não é meu namorado. - E porque ele age como se fosse? - Porque ele quer ser. Ela estendeu uma folha pra ele. – Olha se errei esse cálculo. - Errou no 2. - Como? Ela olhou a folha. – Affs! Ou seja, vou ter que refazer. Ela falou fazendo uma careta. – Eu prometi pra minha mãe que não namoraria até terminar o Ensino Médio. - Entendi. - Ciúmes Demétrio? Perguntou ela o encarando. - Não. Só queria saber mesmo, caso fosse ameaçado ou algo do tipo.       Eles voltaram a ficar em silencio. - Ele sabe que eu e você somos apenas amigos. Karine interrompeu o silencio lhe estendendo a folha. – E agora? - Isso aí. Ele estendeu a mão fazendo um toque aqui com ela. - Adoro estudar com você, porque eu não entendo nada de cálculos e você mesmo depois de tempos se mostra um Ás na Matemática. - Exagerada.       Ela voltou a olhar para o caderno a sua frente. Não reparando a mirada que Demétrio lhe dava por alguns instantes.  
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