Prólogo
358 Palavras
Albucacys não tinha nada. Nem um nome de verdade.
Só a irmãzinha, Corine, dormindo em seus braços — os cabelos grudados de sangue e medo — quando ele deixou para trás a casa onde mat.ou a mãe e o padrasto.
Deixou também o fogo, consumindo tudo: a dor, o abu.so, a infância feita de espancamentos e pesadelos.
Fugiu descalço, com o coração endurecido.
Era só um menino.
A estrada não teve pena. Nem os abrigos. Nem os becos. Nem os olhos frios que cruzaram os dele sem sequer parar.
Mas o destino — torto, imprevisível — resolveu lhe dar uma segunda chance.
Essa chance veio no ronco dos motores, no couro sujo de graxa e no olhar firme de um homem: Salomão Martins, presidente de um clube de motoqueiros.Foi ele quem estendeu a mão. Não só para Albucacys, mas também para Corine, a menina em seu colo.
Foi por ela que Albucacys ficou.
O tempo passou. E os motores nunca pararam.
Albucacys cresceu entre homens calejados e códigos de lealdade.
Corine encontrou um lar, criada como filha por Salomão e com ela, outra menina também cresceu naquela casa: Estela, irmã adotiva de Corine.
Albucacys demorou a enxergar Estela como mulher…Mas quando viu, não conseguiu mais desviar o olhar.
Agora, enquanto tenta aprender a tocá-la com cuidado, precisa aceitar que Corine também cresceu.E aceitar, mesmo a contragosto, que Guido Cavalari está se aproximando dela.
Guido é o herdeiro do Morro do Toldo — um homem com jeito de garoto, sangue de índio e coragem de sobra.Mas está ali.Dia após dia, tentando ganhar o coração de Corine.
E se aliando ao clube para isso.
Enquanto isso, o mundo ao redor se transforma.
A máfia brasileira se reorganiza, com um novo centro de treinamento escondido nas profundezas da Amazônia.
Antigos inimigos ressurgem. Novas alianças se forjam.
E Albucacys entende:ou aprende a proteger com amor…ou vai perder tudo de novo.Porque às vezes, uma ajuda na estrada muda tudo. E o amor de um motoqueiro — quando vem de verdade — é forte, leal e feroz.
Está na hora de lembrar de onde ele veio.
E descobrir até onde vai… por quem ama.
- Escritor
