Clara Menezes Saio do banho com o corpo quente, a pele úmida e a cabeça pesada. Visto a camisola de tom rosado, que me chega até a metade das coxas, de alças finas, e prendo o cabelo ainda úmido num coque malfeito. Só quero deitar, fechar os olhos e dormir. Eu passo um creme no corpo, pescoço e finalmente, quero me jogar na cama. Eu me deito e puxo a coberta até o peitö. Viro para um lado, depois para o outro. Tento me ajeitar, mas o sono simplesmente não vem. Os meus olhos permanecem muito abertos, encarando o teto. Ouço apenas o som leve da respiração do Mateo, tão tranquilo, tão alheio a tudo que me corrói por dentro. Os minutos passam. Viro de novo. Estico as pernas, encolho, mudo de posição. Nada funciona. Já perdi a conta de quantas vezes ajeitei o travesseiro. O relógio marca

