Capítulo 2

1736 Palavras
Acordo assustada com uma movimentação estranha ao meu redor, demoro um pouco para me localizar antes de ver minha mãe e meu pai ao meu lado. -Helena. -Eles se levam e me abraçam apertado enquanto um filme do que aconteceu se passa em minha cabeça. -Mãe eu matei um homem. -Grito em desespero deixando que as lágrimas rolem por meus olhos. A dor em minha cabeça era tanto que a qualquer momento parecia que iria explodir. -Ele está bem minha filha, só tem um corte na cabeça e uma torção no tornozelo. –Minha mãe passa a mão no meu rosto e aproveito para abraça-la e apoiar a cabeça em seu peito sentindo-me acolhida nos braços calorosos daquela senhora baixinha, de cabelos ondulados chocolate e olhos amorosos castanhos claros. -Se acalme filha, você desmaiou devido ao susto. -Meu pai afaga minhas costas com carinho e meus olhos preocupados se volta para o senhor alto de cabelos grisalhos e cavanhaque bem feito ao meu lado. -E Brenda? Como ela está? -Pergunto preocupada. -Já foi para casa descansar. Os médicos a liberam primeiro já que estava bem. Brenda não queria ir embora e te deixar por nada, mas garantimos que ficaríamos aqui com você. –Meu pai sorri enxugando minhas lágrimas. -O meu Deus. -Apoio as mãos no rosto ainda tremulas. -Ele entrou na frente do meu carro e quando vi tudo já tinha acontecido pai, ele rolou por cima do capô. –Aperto as mãos nos olhos balançando a cabeça na tentativa de retirar aquela cena dos meus pensamentos. -Fique tranquila querida, você não estava errada, o sinal estava verde e ele não viu seu carro. As pessoas da rua explicaram o que aconteceu para os policiais. -Meu pai garante. -Onde ele está? Queria ao menos me desculpar e oferecer a ajuda necessária. -Suspiro. -Está terceiro andar, quarto trezentos e oito, os médicos deixaram ele em observação. Pelo que fiquei sabendo irá ficar aqui até terem certeza que ele está bem devido a pancada na cabeça. Suspiro chateada. Seu eu estivesse prestando um pouco mais atenção teria visto ele, mas o infeliz do André ocupava toda a minha mente enchendo meu coração de raiva. -Ele tem alguns ralados e escoriações pelo corpo, mas ficará bem em breve. O médico afirmou que foram ferimentos leves e a única coisa que os preocupam é a pancada na cabeça, de resto algumas semanas ele estará novinho em folha. -Meu pai garante, mas aquilo não me deixa melhor. -Mesmo assim quero pedir desculpas e perguntar se ele precisa de algo. -Afirmo levantando pronta para sair, mas minha mãe impede minha passagem. -Antes você precisa conversar com o médico. –Obriga-me a deitar novamente. -Seu pai irá chama-lo. -Tudo bem. –Suspiro sabendo que não teria como ir contra as palavras de Nilva, afinal se ela havia dado o veredito, estava dado e ponto final. Não demora muito e meu pai como um bom marido retorna com o médico que faz exoradas de perguntas para ter a certeza de que eu estava bem. Respondo seus questionamentos com calma o convencendo de que não havia nada de errado comigo, afinal aquilo não era mentira, quem sofre os maiores danos foi o homem que rolou por cima do carro, quanto eu e Brenda só nos assustamos com tudo o que aconteceu. Satisfeito prescreve alta e explica que o motivo do desmaio foi o susto e o choque causados pelo acidente. Agradeço e sigo para o terceiro andar ao lado dos meus pais que insistiram em me acompanhar. -Mãe acho que é bom vocês me esperarem aqui. -Paro em frente a porta receosa com a reação do homem, afinal mesmo que estava errado fui em quem o atropelou. -Tudo bem. -Eles concordam. -Qualquer coisa estamos aqui minha filha. -Minha mãe sorri. Dou um toquinho na porta e uma voz grossa libera minha passagem, abro a porta com calma entrando no quarto e me sinto ainda pior ao ver o homem deitado sobre a maca com o pé inchado e elevado sobre travesseiros e vários ralados espalhados pelo seu braço. Sua cabeça careca tinha um grande curativo na lateral e seus olhos caramelo escuro curiosos e entediados se voltam para mim. Uma senhora muito bem arrumada está sentada ao lado do homem em uma poltrona e seus cabelos de um vermelho escuro escorrem por seus ombros enquanto seus olhos castanhos se voltam para mim por cima dos óculos de grau desviando a atenção do livro que segurava em mãos. -Desculpe incomodar, me chamo Helena e bom... -Encolho os ombros constrangida pela situação. -Fui eu quem te atropelei. -Suspiro chateada. -Olá Helena, nós sabemos quem você é. -A senhora fala e eu faço uma careta. Ela poderia ter avisado antes evitando o constrangimento que acabei de passar. -Desculpe moço eu... -Respiro profundamente e gaguejo um pouco antes de termino a frase. -Achei que tinha te matado. -Um calafrio passa por meu corpo e ele só me encara com cara de poucos amigos. -Meu filho é osso duro de roer. -A senhora ri. -A culpa nem foi sua minha jovem, talvez assim ele aprende a prestar a atenção no que faz e saia um pouco do celular que vive em sua orelha. -Mãe... -O homem suspiro fechando os olhos. -Se fico no celular é para resolver os problemas da empresa e ficar preso a essa cama só está me atrasando, já avisei que estou bem, mas vocês insistem em me segurar aqui. -Rosna cheio de irritação e eu apenas observo tudo calada. Que eu não me meteria entre uma discussão de mãe e filho ainda existe sensatez em minha vida. -Eu só queria me desculpar com você.... -Espero ele falar o nome dele, mas ele continua me encarando com cara de poucos amigos. -Jonathan querida. Ele se chama Jonathan. -Sua mãe lhe acerta um tapa no braço e ele faz uma careta. -Aí. -Resmunga. -Tenha bom modos pelo menos uma vez Jonathan. -Ela me atropela e eu tenho que ter bons modos? -Bufa irritado. Ainda estava atordoada pelo o que havia acontecido, então nem me importo com falta de educação ou modos do homem a minha frente. Só o alivio de saber que ele estava vivo retira uma tonelada de cima dos meus ombros. -O culpado foi você que não olhou por onde andava. -Ela o repreende o calando. -Bom, Jonathan, não quero lhe atrapalhar. Estou feliz em saber que está bem na medida do possível, só vim pedir desculpas pelo ocorrido e afirmar que pagarei os custos dos medicamentos e tudo que você precisar. -Obrigado! -Agradece e me viro para sair do quarto abrindo a porta. -Jonathan... -Sua mãe suspira com voz de repreensão. -O que foi? Estou sendo educado como me pediu, agradeci pela hospitalidade. -Ele se defende. -Você sabe que não precisa do dinheiro da garota, pare de ser carrasco. -Diz brava e eu apenas fecho a porta atrás de mim evitando ouvir algo mais daquela conversa. Minha cabeça estava explodindo e a única coisa que eu precisava no momento era tomar um banho e relaxar. Como sabia que ele não teria alta até pelo menos amanhã de tarde, resolvo que passaria daqui novamente em um outro horário e momento. Ele gostando ou não eu viria, afinal isso era algo pessoal, entre eu e minha consciência que poderia dormir em paz sabendo que fez tudo que estava ao meu alcance. -Gustavo, vamos querido. -Mamãe chama meu pai que já havia se entrosado em uma conversa com alguns conhecidos. -Já vou Nilva. -Ele afirma se despedindo dos homens e assim podemos retornar para casa. Papai me deixa em minha casa e agradeço por eles não insistirem que eu ficasse na deles. Já fazia mais de dois anos que havia mudado da casa dos meus pais e gostava do meu cantinho por mais simples que fosse. Despeço-me dos dois me arrastando para dentro no automático, ao abrir a porta suspiro sentindo cheiro de macarrona. -Brenda você deveria ir para sua casa. –Grito da porta sabendo que só poderia ser ela. Antes de esperar sua resposta arrasto meu corpo dolorido e pesado para o banheiro que ficava no corredor próximo ao meu quarto. Minha casa era simples, nada muito grande ou extravagante, mas havia sido conquistada com o suor do meu trabalho. Um terreno pequeno com um quintal na frente, no interior reservava um quarto, um banheiro, cozinha e sala, nos fundos fiz uma pequena lavanderia e dispensa e só aqui havia ido todas as minhas economias, mas amava meu pequeno espaço e não trocaria por nada. -É assim que me agradece? Eu fiquei aqui preocupada com você e ainda trouxe seu carro de volta. -Aponta a colher de p*u suja de molho em minha direção após aparecer na porta da cozinha com meu avental do MasterChef Brasil. -Eu amo esse avental, trate de cuidar dele com sua vida. –Afirmo e ela ri. -Eu sei bem do seu amor por ele, foi presente de Rafael por que você ama o Fogaça, a Paola e Jacquin. Cuidarei dele com a minha vida. –Ela promete fazendo um x com os dedos beijando os dedos. -Exatamente, mas agora nem tenho ânimos para brigar com você, só preciso de um banho, um remédio para dor cabeça e a minha cama. -Afirmo batendo a porta do banheiro. Ignoro os protesto e resmungos de Brenda e entro embaixo do chuveiro após retirar minhas roupas. Deixo a água morna escorrer por meu corpo enquanto tento tirar as imagens do corpo do homem rolando por cima do meu carro o que acredito que não seria tão fácil quanto eu queria. Depois de longos minutos saio do banho, me enxugo e sigo para o quarto colocando o primeiro pijama que encontro pela frente. Volto até a cozinha e Brenda já havia posto a mesa e estava em minha espera para jantarmos enquanto mexia no celular. -Você é a melhor amiga que alguém poderia ter. -Afirmo e ela ri. -Eu sei. - Se gaba. Puxo a cadeira para me sentar e ela faz o mesmo pegando um prato para se servir. Faço o mesmo me servindo de uma generosa quantia de macarrão e somente agora percebo que estava com mais fome do que poderia imagina, após o jantar ajudo minha amiga a lavar a louça e como iriamos para o trabalho juntas ela acaba dormindo em minha casa, o que era bem normal de acontecer.
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