14. Daniela

1019 Palavras

A noite cai devagar, do jeito que eu gosto: panela de feijão ainda quente, prato escorrido no escorredor, meus irmãos com cheiro de sabonete barato e sono caro. A casa vai ficando pequena de barulho e grande de silêncio. Eu fecho a janela da cozinha, passo a mão no pano de prato só por mania e vou até a varanda. O céu tá pontilhado, a lua é uma unha cortada torta. Sento no degrau, costas no batente, joelho abraçado. O quintal respira. Eu também. O celular tá no bolso, quieto como peixe fingindo de morto. Penso em não mexer. A cabeça fala "deixa pra lá, menina", mas o dedo tem memória própria. Tiro o aparelho, a tela me pinta de azul. Sinal dá um espirro e volta. Vibra. Uma, duas vezes. "Pra tu guardar no bolso, estrelinha." A foto demora a abrir, como se viesse pela estrada de terra da

Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR