Capítulo 5

979 Palavras
Capítulo 5 Charlotte Brown O sorriso morreu no meu rosto assim que entrei no quarto e vi Henry ali. De costas, tirando os sapatos, como se aquela fosse apenas a casa dele — e não o cativeiro onde ele me mantinha. — O que você tá fazendo aqui? — perguntei, ainda parada na porta. Ele levantou o olhar com toda a tranquilidade do mundo, afrouxando mais a gravata como se fosse me ignorar. — Achei que tinha deixado claro — disse, enfim. — Somos casados agora. Marido e mulher dormem no mesmo quarto. Tenho o meu, caso me canse de você e queira uma das minhas amantes. Mas por enquanto vou ficar bem aqui. Soltei uma risada seca. — Casados? Isso aqui é um contrato, Henry. Assinado sob chantagem e muitas armas. Você me apontou uma delas, me trancou nessa casa, lembra? Ele deu de ombros. — Mesmo assim, é meu nome que está na certidão, não é? E essa cama é grande o suficiente pros dois. Dei dois passos pra dentro, cruzando os braços. — Eu durmo no chão — tentei puxar uma coberta. Ele riu. Um riso baixo, debochado. Depois se aproximou com calma, como uma ameaça prestes a se materializar. Fiquei imóvel, mas meu coração disparou quando puxou a coberta da minha mão. Henry chegou perto. Perto demais. Até meu corpo encostar na parede. Uma das mãos dele subiu, parando do lado da minha cabeça. A outra estava no bolso, casual. Seu cheiro me tirou a atenção de tudo. Esse homem cheira bem demais. — Vai me bater se eu chegar mais perto? — ele sussurrou, o rosto tão próximo que pude sentir sua respiração quente na minha pele. Olhar sua boca bonita e pele com barba recém feita. Ele não é novo, deve ter uns quarenta anos — Ou vai pedir por mais quando eu estiver de novo dentro de você? Minha boca secou. Eu odiava aquilo. A forma como ele me dominava só com o olhar. O corpo dele tão perto. O cheiro de cigarro caro, couro e alguma maldita colônia que parecia feita pra me desarmar. — Te achei gostosa pra c*****o lá embaixo. Apesar do capuz horrível e o péssimo gosto pra roupa. Sua b****a é apertadinha. Talvez eu beije sua boca... — sussurrou bem perto. Meus dedos encostaram na parede. Pior de tudo? Parte de mim... queria. Queria que ele me beijasse. Que quebrasse esse jogo c***l. Que me deixasse sentir qualquer coisa que não fosse medo. Ainda mais depois de tudo que passamos hoje. Mas então ele riu. Riu e recuou um pouco, olhando pra mim como quem vê algo patético. — Relaxa, docinho. Hoje não tô a fim. Minhas mãos se fecharam involuntariamente. Respirei fundo. — Se quiser minha atenção, vai ter que se esforçar mais. Minhas amantes se vestem melhor. Você parece uma freira em férias. Senti o sangue ferver. — Engraçado… pensei que você gostasse de mulheres submissas. Já que precisa forçar a noiva e roubar até o casamento do próprio irmão. Ele travou. Os olhos mudaram. — O que foi? Te ofendi? — continuei, o tom sarcástico — Mas relaxa, “chefe”. Hoje eu também não tô a fim. Achei que ele fosse me empurrar. Me virar as costas. Mas, ao invés disso, ele avançou. Com um movimento rápido, agarrou meu pulso e me puxou. E antes que eu pudesse reagir, arrancou meu casaco com brutalidade. — Henry! — gritei, tentando me afastar, mas ele já puxava o zíper da minha calça. Cego de raiva. — Você me provoca como homem e depois quer negar o programa? Pois agora faço questão. — NÃO! — gritei alto, com toda minha força. Meu coração batia tão forte que doía. — Eu não quero! Pare! Ele congelou. Por um segundo, apenas me encarou. Sua mandíbula trincada, o olhar fulminante. — Não — repeti, firme. — Você não pode decidir quando toca em mim. Houve um silêncio tenso. Um duelo entre dois mundos que nunca deveriam ter se cruzado. Henry respirou fundo, controlando a raiva. Pegou meu casaco jogado na cadeira e jogou contra mim. — Vista-se. — Vai sair? — perguntei, ainda tremendo. — Não. Mas vamos deixar pra amanhã. — Ele virou de costas. — Não se preocupe, docinho. Eu pago bem quando tenho interesse. É só saber me provocar. Usar as roupas certas e... Pode ter certeza, vai querer voltar a abrir as pernas pra mim. Posso pagar algumas notas de cem. — Você é um i****a. Não vou me vender pra você. — Só se vendeu porque pensou que fosse ele, né? — segurou meu rosto com força. — Ouse sequer pensar naquele merda e vai me conhecer de verdade. Se eu imaginar que “sonhou” com James, eu acabo com você Charlotte. — Não se preocupe. Odeio os dois por igual. Tanto faz que seja você ou ele. Sinto o mesmo. Passei um ano presa por culpa dele e me casei sob a mira de uma arma. Você não faz ideia do que isso causou em mim. Ele parou por um instante. Me olhou dos pés a cabeça e depois me ignorou. — Boa noite Charlotte. Sua conversa me deu sono. — continuou a arrancar suas roupas e ficou só de cueca, deitando na cama. Tem um porte lindo. Abdômen definido, que enquanto anda, não consigo desviar o olhar. Fiquei ali parada, o peito arfando, o casaco nos braços, e a calça parcialmente rasgada aos meus pés. Eu devia sentir medo. Só que o que sentia… era ódio. E dentro de mim, queimava um desejo estranho de olhar mais para Henry só de cueca, desejar que ele me abraçasse, me beijasse e dissesse que ficaria tudo bem. Só que infelizmente ele não era esse homem... e eu não tinha mais ninguém que fizesse isso por mim. Tudo bem. Eu farei tudo sozinha.
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