Capítulo 5

1591 Palavras
O tempo vai passando e um silêncio constrangedor vai tomando conta do lugar. Heloisa e minha mãe evitam se olhar. Então o Matheus começa a falar sem parar. Depois do café vamos pra sala. Assim que sentamos, minha mãe levanta minha blusa que ainda estava jogada no chão. - Vejo que você perdeu os bons modos e o capricho que eu te ensinei! - minha mãe diz levantando minha blusa. - Não exagera mãe, é só uma blusa! - digo pegando da mão dela. Minha mãe senta à nossa frente. - O que aconteceu com a sua perna? - minha mãe pergunta pra Heloisa e é a primeira vez no dia que elas se falam diretamente. - Acidente no palco - Heloisa diz um pouco nervosa. - Eu vou guardar a blusa - digo saindo da sala e arrastando o Matheus comigo - Por que diabos trouxe a minha mãe pra cá? Sabe que ela odeia a Maraisa! - digo assim que nos afastamos dela. - Eu liguei ontem, não sabia que a Heloisa ia vir pra cá! - ele diz - Agora deixa eu guardar essa blusa e volta pra sala antes que as duas se matem! - ele ri. - Eu não acredito que você tá rindo! - digo - Que tipo de amigo é você? - Para de drama e volta pra lá se ainda quer ter uma mãe e uma namorada! - ele ri mais e acabo rindo também. - Do que vocês estão falando? - pergunto me sentando ao lado da Heloisa no sofá. - De nada - minha mãe responde com sinceridade, pois as duas nem se olhavam, que dirá falar. Heloisa pega a carta da Universidade sobre a mesinha de centro. - O que é isso? - ela pergunta. - É a carta da minha mãe! - pego da mão dela antes que ela possa ler alguma coisa - Aqui sua carta, mãe! - digo entregando nas mãos de minha mãe. - Bom, já que você já achou a minha carta, vou indo! - minha mãe diz levantando - Vou chamar um táxi. - Eu levo a senhora, é aqui pertinho! - digo levantando também. - Não pode sair e deixar sua namorada sozinha! - ela diz olhando pra Heloisa. - Por mim não tem problema! - Heloisa se apressa em responder. - Já volto meu amor! - digo beijando a testa dela. Pego a chave e vamos pro carro em silêncio. Minha mãe carregava a carta na mão. Dirijo em silêncio. Quando paro o carro, olho pra ela. - Já pode começar o sermão! - digo. - Sua carta! - ela diz me entregando o envelope - Não acredito que você não contou pra ela. - Eu nem sei se eu vou mãe! - Que? - minha mãe grita comigo - Não se atreva a jogar seu futuro pela janela assim! Tudo bem você abandonar seu apartamento e ficar correndo atrás dessa sua namoradinha famosa, mas não aceitar uma bolsa na Universidade que você sempre sonhou em estudar é passar de todos os limites! Não se esqueça de tudo que lutou pra chegar até aqui! Não se esqueça que você deve isso às pessoas que te apoiaram toda a sua vida! - Mãe, você não pode me obrigar a ir! A senhora sempre disse que minha felicidade estava em primeiro lugar.. eu amo ela mãe, ela me faz feliz! - Não vou permitir que recuse a bolsa! - É a minha vida! Me deixa decidir! - Eu sou sua mãe e sempre te apoiei em tudo, até aceitar essa relação estranha eu aceitei, mas isso eu não vou aceitar! Eu não vou aceitar, você me ouviu? - ela sai do carro e bate a porta. Tudo o que eu não precisava era de mais pressão. Volto pro apartamento e vejo o Matheus e a Heloisa sentados na sala, os dois muito sérios. - O que foi? - pergunto me aproximando. - Nada! - Heloisa me abre um sorriso - Ainda não superei o baque de enfrentar a sua mãe à essas horas da manhã! - Da próxima vez, lembrem de recolher as roupas! - Matheus diz rindo. - Cala a boca, Matheus! A culpa é toda sua! - digo jogando a almofada do sofá nele. - Culpa minha nada, culpa de vocês que não conseguiram cativar a dona Sônia! - ele diz rindo. - Cala a boca, Matheus! - repito jogando outra almofada nele. - Bom, eu vou sair com um boy magia, não me esperem pois não vou voltar pra casa hoje! - ele diz levantando do sofá. - Matheus, são dez da manhã! Onde você vai? - pergunto rindo. - Me divertir, mona! Me divertir! - ele diz jogando os braços pro alto e desfilando pro quarto. Rimos juntas e eu deito a cabeça no ombro dela. - Tudo bem? - ela me pergunta. - Sim, só me deixa ficar um tempinho assim, em silêncio com você! Ela me abraça e fica mexendo no meu cabelo. Matheus volta arrumado e sai. Preparo pipoca e assistimos a um filme triste juntas. Confesso que chorei, mas não prestei atenção no filme. Eu estava tão confusa e toda aquela pressão estava me deixando louca. Quando o filme acaba ela limpa meu rosto. - Chorona! - ela diz rindo. Rio também. O celular dela toca. Ela atende. -Oi, Helena! Já vão? Ok. Ainda não sei. Tá bom, ligo pra avisar sim! Ela desliga. - O que foi? - pergunto. -Eles tão indo pra casa hoje. Helena queria saber quando vou voltar pra casa. Pensei em passar o fim de semana aqui e ir embora na segunda - ela diz pausadamente forçando um sorriso. - Por que? Você não ia passar a semana aqui e depois voltaríamos juntas? - Queria ir pra minha casa! Não me sinto bem aqui. - É por causa da minha mãe? Ela quase não vem aqui. - Não! Não sei porque, eu só quero ir pra minha casa. - Eu passo mais tempo na sua casa do que na minha, o que custa você passar uma semana aqui? - Tá bom, Sarah! - ela diz num tom que não lhe é habitual. - Se não quer ficar pode ir! - digo levantando do sofá. Ela puxa meu braço e me faz sentar de novo. Ela me beija tão intensamente que fico sem reação. Suas mãos me apertam e me puxam pra mais perto. - Isso vai ser mais difícil do que eu pensei - ela sussurra ainda me segurando e com o rosto pertinho do meu. - Do que tá falando? - digo também sussurrando. - Nada! Esquece! - ela volta a me beijar. Quando para, continua me segurando ali pertinho e me olhando nos olhos. Os olhos dela estavam com um brilho diferente. Parecia que ela estava prestes a chorar. - Eu te amo! - digo baixinho. Ela sorri me beija. Depois me solta e se afasta fazendo uma careta. - O que foi? - pergunto assustada. - Meu pé, tá doendo! - ela diz sem desfazer a careta. Levanto e pego os remédios dela. Lhe entrego com um copo de água. Ela toma e se deita no sofá. Me sento na mesinha de centro e fico olhando pra ela deitada. - Você vai embora na segunda? - pergunto depois de muito tempo em silêncio. - Eu não sei! - ela diz olhando pro teto. - Eu vou com você! - digo me ajoelhado no chão pra ficar mais perto dela. - Você tem que ficar e resolver seus problemas! - ela olha pra mim - Eu ficar aqui só vai te atrapalhar. - Você não vai atrapalhar e, se você for pra casa, eu vou junto! - digo tocando o rosto dela. - Tem alguma forma de eu te convencer do contrário? - ela pergunta. - Não! Nada do que me disser vai me fazer ficar aqui sem você! Ela sorri, mas seu riso não está feliz. - Tá bom, eu fico. São só seis dias - ela diz passando a mão em meu rosto. - Obrigada! - digo beijando de leve os lábios dela - Como tá seu pé? - Dói um pouquinho, mas vai passar. - Quer que eu faça alguma coisa? - pergunto. - Só fica aqui pertinho de mim! - ela pede beijando minha mão. - Nunca, por nada nesse mundo, esqueça que eu amo você e que eu daria qualquer coisa por você! Me promete que não vai esquecer! - Eu não vou esquecer! - ela sorri e eu a beijo com ternura. - Se não fosse esse seu pezinho, eu ia te fazer gemer tanto até esquecer seu próprio nome! - digo na orelha dela. - Não acenda meu fogo se não for apagar! - ela diz rindo. - Deixa esse pezinho melhorar que você vai ver! - digo antes de beija-la novamente - Vou arrumar alguma coisa pra gente almoçar. - Não tô com fome! - ela diz me segurando - Fica aqui pertinho de mim. - Com todos esses remédios que você tá tomando não é bom que você fique sem comer. - Vai adiantar eu debater e dizer que não quero comer? - ela pergunta rindo. - Não! - Então, pode ir! Beijo a testa dela e vou pra cozinha. Preparo o almoço e a acordo pra comer. Ela senta no sofá e comemos na sala mesmo. Passamos o resto do dia juntas no sofá assistindo filmes. Na verdade passamos o dia nos beijando enquanto os filmes passavam na TV.
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