2° - Um novo problema

1347 Palavras
DAMON  Depois que aquela garota derrubou bebida na minha roupa, perdi o fio da meada sobre o que vim fazer aqui. Tem horas que eu não aguento ouvir o Silas tentando nos enrolar com suas desculpas de não ter os bebês para nos entregar. De fato, ele é um imprestável e parece que o seu pai não percebe isso. Perder a paciência com ele aconteceu há tempos comigo. Sentamos para reunião e mais uma vez estava ele e o seu pai, o Daddy, tentando nos convencer com desculpas. Desculpa estas que já ouvimos mais de uma vez. — … Então em garanto que semana que vem os bebês estarão com vocês — concluiu Silas e eu não me contive. — Me poupe das suas desculpazinhas. Seria melhor a gente levar essas mulheres para parir na nossa casa, que garantiria os bebês em nossas mãos. — Damon! — Thomas tentou me repreender. — Não seria uma má ideia. — considerou Dimitri. — Estou cansado dessas desculpazinhas. Com essa é a quarta promessa que nos faz esse mês. Tenho cara de santo, por acaso? Pega as suas promessas e soca no… — Damon! — Thomas tapou a minha boca e o Silas e seu pai ficaram me encarando curiosos com a minha fala. Tirei a mão do meu irmão do meu rosto e levantei da cadeira. — Quero datas. Uma última data. Ou não temos mais nenhum futuro negócio. — Bati minha mão na mesa. — Duas semanas para ter certeza da entrega. — Silas estava roendo as unhas. — DUAS SEMANAS? — exclamei indignado. — Mas você havia falado um semana há minutos atrás! — Olhei para o meu irmão diante desse absurdo. — Eles estão querendo nos enrolar mais uma vez. Vocês não estão enxergando? Já se foram milhões em prejuízo. Uma semana. — Me virei para o Daddy e seu capacho. — Uma semana ou negócio quebrado. — Resolvi me retirar após o aviso. Ao abrir a porta encontrei aquela garota. A mesma garota que derrubou vinho em mim e ela estava segurando uma bandeja com mais bebida. “Será que ela tá me procurando para terminar de me batizar com esse uísque?” “Bem a cara do Silas mandar fazer isso. Vai ver ele a chamou enquanto ouvia o meu discurso de descontentamento” — VOCÊ… Você está ouvindo a nossa conversa? — A arrastei para longe dali, ainda irritado com a reunião. Ela me encarou assustada e quase derrubou a bebida novamente. “Era só o que me faltava, uma desengonçada ouvindo o que não deve!” — Não! Eu não ouvi sobre a conversa! — Você quer que eu acredite numa garçonete? A mesma garçonete que derrubou bebida no meu terno italiano? — Sim! — afirmou ao mesmo tempo que teve dúvida. Só pode ser piada. Isso é um assunto confidencial. Eu ri, cocando a minha barba. — Olha, garota, você me pegou num péssimo dia, digo PÉSSIMO dia. — Mas eu não ouvi nada. Não fiz nada, nem tenho nada a ver com essas crianças. Juro. — Ela suplicou. — Ah... então você ouviu, né? — Encarei sua cara lisa. Ela mordeu os lábios arrependida pelo que falou antes. — Eu disse bebês? Bebês de bebida. Eu quis dizer bebidas. — Então você andou bebendo. — Me diverti vendo sua cara de desespero. Porque não tem outra explicação. — Não. Digo, talvez. Água. Você quer beber uísque? Eu trouxe... — Ela se virou toda nervosa, colocou a bandeja em cima de uma mesa e arrastou um copo direto para mim. Isso mesmo, na minha roupa. Como eu havia previsto. — p***a! Dei um passo para trás, afastando meus braços do tronco, enquanto minha roupa pingava. — Esse está sendo seu passatempo agora? Me molhar? Da próxima vez trarei um guarda-chuva ou uma capa… — Me desculpa. É que você me deixou nervosa. Ela puxou o seu avental na altura do meu peito, tentando limpar a sujeira que fez e sua farda, que já era curta, ficou minúscula. — Me desculpa! Mas ignorarei o detalhe das belas pernas que ela tem. — Damon? — chamou Dimitri apressado. — Isso lá é hora de dar em cima das garçonetes? Bora terminar o que viemos fazer aqui e depois você faz o que quiser. E mais uma vez meus irmãos caindo no conto do vigário do Daddy. — Deixa, garota. — Segurei sua mão nervosa, a fazendo parar de esfregar seu avental em mim. — Você não vai conseguir reverter nada fazendo isso. E logo ficarei com uma ereção se continuar olhando para essas pernas. Aí que não terá como reverter mesmo. “O Daddy caprichou na seleção dessas garçonetes” — Desculpa. — Ela continuou aflita. — Continuaremos nossa conversa depois. — A deixei ali na intenção de voltar para a sala. — Novata? — Outra garçonete apareceu e me encarou de cima a baixo enquanto ficava ao lado da desastrada. — Você tá dando em cima do sócio do chefe? — Ela tentou sussurrar numa tentativa falha. — Mas é claro que não! — retrucou num tom ofensivo. “Como se você não fosse adorar deitar comigo…” — Balancei a cabeça em negação com esse pensamento e um sorriso quis surgir em meus lábios, mas me contive. — Então vamos. Se apresse, tem várias mesas para gente atender. Não é hora de ficar arranjando gorjeta. — A garota a puxou pelo braço. — Gorjeta? Do que você está falando? — Ela acompanhava contra sua própria vontade. “Então ela faz programa?” — Fiquei com esse questionamento. Entrei na sala assim que elas sumiram de vista e lá estava o Daddy conversando com o meu irmão mais velho. Dimitri ouvia as lorotas do Silas e eu me vi no papel de aceitar a decisão que eles tomaram enquanto era banhado com uísque. Saímos da sala com a reunião concluída e somente quando fiquei sozinho com meu irmão, pude perguntar sobre o que foi acertado. Meu irmão respirou fundo. — Basicamente o mesmo de sempre. — Desse jeito vamos falir. Eu não assinarei mais embaixo desses acordos. Peguei um copo de uísque e dei um gole seguro da minha decisão. — O que você quer dizer com isso? — Ele ergueu a sobrancelha preocupado. — Estou fora dos negócios com esses dois. Não vou mais perder meu tempo, dinheiro e paciência com eles. Se você tem vocação para palhaço, lamento, mas eu não tenho. — Você não pode fazer isso! — Pois estou fazendo agora. — Me afastei dele enquanto tomava o meu uísque. Já me livrei de um problema, agora só falta me livrar do outro, a garçonete. Mais a frente, cruzei com mais um m****o da família que me tira a paciência: Violet. — Damon! Você por Aqui! — Ela veio em minha direção, toda animada. Como se ela não soubesse que a cada quinze dias eu estou aqui. — Violet. — A cumprimentei desanimado. — Tudo bem? Parece chateado. — Quando que a sua família não me deixa chateado, não é? — Me contentei com esse fato. — Eles são difíceis, mas eu não. Você não quer sair pra jantar? Que tal? Espairecer… Conheço um restaurante ótimo. — Deixa eu adivinhar: um restaurante que também é do seu pai. Como tudo por aqui… Ela deu uma risada. — Fazer o que, não é? Mas o chefe é brasileiro e tem um cardápio maravilhoso. Além de ter a minha companhia, é claro. — Olha… fiquei até sem ar com sua ideia. Proposta tentadora, mas preciso recusar. De maneira alguma sairei com essa grudenta. Já não bastam os problemas que ela já me arranjou. — Por que não? — Porque tenho outros compromissos agora. Um compromisso bem importante, para ser mais sucinto. Me dá licença. — Me afastei dela observando a destrambelhada servindo outras mesas. Eu não posso deixar essa menina com toda a informação que ouviu atrás da porta por aí. Se não sabe segurar um copo, imagina um segredo? Preciso arranjar um jeito de resolver isso sem causar burburinho.
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