****SARAH*****
Sarah: Se você não me levar, eu vou sozinha, Caleb. A escolha é sua.
Quando eu disse de forma decidida ao Caleb que, com ou sem a presença dele, eu iria à floresta, ele apenas revirou os olhos e soltou um suspiro. Logo em seguida, me entregou o capacete, colocou o dele e subiu na moto. Eu rapidamente subi na garupa, e ele ligou a moto, saindo da rua da faculdade e seguindo em direção à floresta.
Meu coração pulsava forte e rápido, cheio de expectativa para chegarmos logo. O vento que soprava em meu rosto ajudava a controlar minha respiração, mas era difícil conter a ansiedade que crescia dentro de mim. Quando avistei a entrada da floresta, senti uma mistura de alívio e alegria. Assim que Caleb parou a moto, desci rapidamente. Ele retirou o capacete, mas, antes que pudesse dizer qualquer coisa, seu celular começou a tocar.
Enquanto ele atendia, eu observava atentamente a floresta ao meu redor, buscando perceber algum detalhe, tentando sentir a presença de algo incomum. Meu devaneio foi interrompido por Caleb, que chamou minha atenção.
CALEB: Sarah, preciso ir. É um chamado urgente e não terei tempo de levar você de volta antes de comparecer. Tem que ser agora. Peço, por favor, que fique aqui até eu voltar para que possamos entrar juntos. É perigoso você se aventurar sozinha. Espero que você me obedeça para evitarmos problemas.
Revirei os olhos, demonstrando impaciência.
SARAH: Está certo, vou ficar sentada naquela pedra ali, tudo bem?
Ele sorriu de maneira discreta, colocou o capacete novamente e acelerou a moto, desaparecendo rapidamente pela estrada. Permaneci ali, sentada na pedra, imersa em meus pensamentos. Tantas coisas vinham acontecendo em minha vida que já não sabia como processá-las. De repente, um arrepio percorreu meu corpo, uma sensação estranha e desconfortável que eu não conseguia explicar. Massageei o peito, tentando aliviar aquela inquietude. Era como se algo dentro da floresta estivesse me chamando, me atraindo para adentrar em seu interior.
Levantei-me e, quase sem perceber, comecei a caminhar pela trilha que levava à mata. Uma voz interna me dizia que eu precisava seguir em frente. Quanto mais avançava, mais aquela sensação estranha se dissipava, como se estivesse no caminho certo. Olhei ao redor com atenção, receosa de ser surpreendida por algum animal ou, quem sabe, algo ainda mais aterrorizante.
De repente, o som de folhas sendo pisadas fez meu coração disparar.
Sentia como se cada um dos meus passos estivesse sendo observado. Meus olhos percorreram a sombria floresta entre as árvores, à procura de qualquer sinal de movimento. Então, avistei, um rapaz.
Nossos olhares se cruzaram... não podia ser, e um calafrio percorreu minha espinha. Ele me observava intensamente, e eu não conseguia explicar por que aquele olhar me parecia tão familiar. Seria insano afirmar que o conhecia?
Meu coração disparou ainda mais, mas não era medo. Era algo diferente, algo que me mantinha paralisada no lugar. Eu sabia que deveria correr, mas não conseguia.
Os olhos dele eram intensos e profundos, como se conseguissem enxergar minha alma.
E eu estava completamente presa a eles.
Ele era moreno, com cabelos pretos e sem camisa, revelando seu peito musculoso. Seus olhos, intensos e penetrantes, pareciam prontos para me devorar. Conforme ele se aproximava, instintivamente eu me afastava, até que, sem querer, tropecei em uma pedra. Com uma agilidade impressionante, ele me segurou, evitando que eu caísse.
Minha respiração acelerou. Ele fixou o olhar nos meus olhos, e eu, intrigada, mantive o contato visual. Havia algo naquele olhar que me parecia familiar.
— Você está bem? — perguntou ele.
— Sim, obrigada — respondi, hesitante.
Ele me soltou, e fiquei sem saber como reagir.
— O que faz uma moça como você sozinha aqui na floresta? Não sabe dos perigos que a cercam?
— Eu vim com um amigo, mas ele teve que sair por uma emergência. Ele já deve voltar para me buscar.
— Posso fazer companhia a você enquanto ele não chega?
— Sim, não vejo problema nenhum. Meu nome é Sarah. E o seu?
— Dario, muito prazer, Sarah.
Ele pegou minha mão e a beijou, fazendo com que uma corrente elétrica percorresse meu corpo.
Sentei-me em uma pedra próxima e ele se juntou a mim. Começou a jogar pedras no lago enquanto me observava atentamente.
— Por que sinto que já te conheço? — indaguei, intrigada.
Dário: Não acho que você me conheça.
Sarah: Mas o que te traz aqui?
Dário: Gosto de estar em um lugar tranquilo como este, para pensar sobre a vida. E você, o que faz aqui?
Sarah: O mesmo que você, gosto de respirar o ar da floresta.
Nesse momento, ouço Caleb me chamando e Dário se levanta rapidamente.
Sarah: Espera, será que um dia vou te ver de novo?
Dário: Mais rápido do que você imagina, Sarah.
Ao ouvir meu nome, um arrepio percorre meu corpo, lembrando-me do pesadelo que tive. Ele se afasta e desaparece entre as árvores, então corro de volta para encontrar Caleb.
Caleb: Onde você estava, Sarah?
Sarah: Estava aqui perto, Caleb. Não fui para dentro da floresta. Agora vamos.
Puxei ele, que me olhou desconfiado, e fomos para casa. Ao chegar, corri para meu quarto, me joguei na cama e a imagem de Dário passou pela minha cabeça. Com esses pensamentos, acabei adormecendo.
**Sonho On**
Estava caminhando pela cidade, e tudo estava envolto em escuridão; as luzes estavam apagadas, e não conseguia ver nada. Tentava avançar, mas era impossível naquele breu. De repente, toco em algo macio, e as luzes se acendem. Dou um sobressalto ao me deparar com um lobo de olhos vermelhos na minha frente e grito, saindo em disparada, mas ele vem atrás de mim.
— Sarah, você é minha...
Corri, e parecia que a estrada não teria fim. Até que olho para trás e não o vejo mais. Nesse instante, colidi com Dário, que me observava de uma maneira estranha. Num impulso, abracei-o com força, tentando esquecer a imagem do lobo que estava atrás de mim.
Acordei então, gritando e assustada, ofegante.
Uma sensação estranha invadia meu quarto, que estava na penumbra. Decidi acender as luzes e percebi que as cortinas balançavam, embora não houvesse vento algum.
Sarah: Será que estou ficando louca? Sinto que havia alguém aqui... Mas quem seria?