Capítulo 05 - Terror em 3D

2947 Palavras
Eu certamente era a maior definição de "Otária do ano", ou melhor, do século! Eu liberei a entrada do Gabriel para o meu apartamento e literalmente quase voei para meu quarto para me preparar psicologicamente ao que me aguarda... É, Lia você tem razão! Eu sou um coelhinho assustado. - Você quer parar de se esconder? - Luan entrou no meu quarto em passos rápidos e eu me encolhi onde eu estava. - Eu não estou me escondendo! - Então por que está embaixo da cama? - ouvi sua pergunta e olhei para o lado conseguindo ver ele agachado do lado da cama me encarando com aquele ar de deboche que ele tem. - É que eu perdi um brinco. - ri falsamente enquanto começava a passar a mão pelo chão procurando o brinco. - Você nem tem as orelhas furadas! Sai logo daí! - Luan tentou me puxar pelo pé mas eu chutei ele. - Não quero. - soltei entre gritinhos enquanto ele puxava meu pé. Vi ele bufar e começar a se abaixar ao meu lado - O que você tá fazendo? - Se você não vai sair dai, eu vou ir ai. - ele resmungou e rolou para debaixo da cama também batendo a testa dele na minha sem querer. - Por que? - resmunguei fazendo carinho nos meus chifr... digo, testa. - Porque gosto de ficar em baixo das camas, sabe? - ele sorriu irônico e eu fiz uma careta para ele - Qual é, Malu! Você é melhor que isso! Cadê aquela garota confiante e cheia de vida que eu conheci? - Gabriel acabou com ela quando terminou comigo. - resmunguei deitando minhas costas no chão e encarando minha cama. Eu não acredito que estou conversando com o Luan embaixo da minha cama. - Você não me disse que foi você que terminou com ele? - Detalhes são apenas detalhes. - resmunguei brincando com meus dedos enquanto um biquinho se formava nos meus lábios. - Sai logo daí. - ele exclamou começando a me empurrar para fora da cama, ou melhor, debaixo dela. - Ai, Luan. Assim que me coloquei de pé o Luan segurou meus ombros me virando para ele e eu o encarei confusa. Por que esse doido tá tão próximo de mim? - Agora você vai colocar o sorriso mais feliz que você tiver nesse rostinho lindo e vai lá mostrar para o Gabriel que você é uma mulher linda e independente, entendeu? - Sim. - Então, o que você é? Um rato ou um homem? - ele perguntou colocando suas mãos no meu rosto e segurando ele em concha. - Acho que nenhum dos dois. - franzi as sobrancelhas confusa. - Opa, concelho errado, esse eu uso com o Bruno quando ele está com problemas para chamar uma garota para sair. - ele riu e eu revirei os olhos mas ele logo apertou minhas bochechas me fazendo voltar a prestar atenção nele - Você é uma mulher fraca ou forte? - Fraca. - falei com a voz abafada já que as mãos do Luan apertavam as minhas bochechas me obrigando a fazer um biquinho. - Isso ai. - ele sorriu orgulhoso largando meu rosto. Notei ele colocar ambas mãos na cintura e observei sua feição mudar quando ele finalmente entendeu o que eu respondi. Seu sorriso orgulhoso foi trocado por uma careta enquanto ele negava com a cabeça. - Você não pegou o espirito da coisa. - O Gabriel já chegou e eu espero que vocês rezem muito pela a alma dele porque eu estou prestes a m***r aquele s*******o. - a Lia entrou no quarto já resmungando. Quando que ela não está resmungando né? - Mas o que ele fez? - perguntei confusa. - Respirou. - Você e essa sua mania de sentir as dores pela Malu. - Luan riu cruzando os braços. - Escuta aqui seu catadeiro, minha relação com essa s*******o aqui, é quase uma relação de alma gêmeas, então se ela está feliz, eu estou feliz! Se ela está triste, eu estou triste! Se ela sentir vontade de te chutar para o espaço eu escolho a minha bota com o salto mais grosso só para te chutar também. - Eu definitivamente tenho medo de você. - Luan revirou os olhos e começou a sair do meu quarto. - Continue assim, eu prefiro ser temida do que amada. - ela falou antes que ele saísse por completo e ele se virou para ela mostrando a língua. - Eu amo você. - ri dando um soquinho no ombro dela, já que sei que ela não curte abraços. - Você é exceção sua escrota.- ela revirou os olhos jogando o cabelo para trás - E se me ama mesmo, você vai agora naquela sala e vai expulsar o Gabriel daqui e aproveita a ondinha e espulga o Guilherme também. - Você não consegue ser carinhosa nem quando quer, não é? - Aguentar seus choramingos, já me torna carinhosa, mas vem cá, o gostoso do seu adotado ta vindo aqui? - ela perguntou se sentando na cama. - Para de chamar ele de adotado! - Mas posso continuar com o gostoso? - Não também! - revirei os olhos me sentando ao seu lado na cama - Mas respondendo a sua pergunta, sim, ele vai vir. - Mas e o Rodrigues? - ela perguntou confusa. - o que tem o Gabriel? - O Felipe não disse que conhece ele? - ela murmurou e eu levantei rápido da cama com os olhos arregalados. - Céus, verdade! Eu tinha esquecido disso. - exclamei dando um t**a na minha testa. O Gabriel está aqui e o Felipe disse que conhece ele e está vindo para cá. - E o que você vai fazer agora? - Vou deixar nas mãos de Deus. - resmunguei me jogando na cama derrotada. - Então reza para que as mãos dele sejam bem grandes porque com a treta que vai rolar aqui, não vai ter dedo para segurar isso. - Você é um amor, sabia? - respondi irônica e ela riu. - É o que todos dizem. - ela piscou sorrindo divertida. - Todos quem? - ouvi alguém perguntar e olhei para a minha porta encontrando um Gui com os braços cruzados encarando a Lia seriamente. - Garoto, você não desgruda nunca? - ela reclamou jogando a cabeça para trás. - Quem fica te chamando de amor? - Pessoas que não tem nada em comum com você. - ela riu se levantando da cama e caminhando na direção dele. - Como assim nada em comum? - Porque diferente de você... - ela sorriu parando bem na frente dele com seus rostos quase colados - Elas me tem. Dito isso, ela deu dois tapinhas na bochecha do Gui e passou por ele saindo do quarto. - Essa garota um dia vai me enlouquecer. - Guilherme resmungou com um biquinho e eu ri me levantando da cama. -Quando isso acontecer eu te recomendo um ótimo hospício. - falei indo até a porta e ele me olhou ainda com um biquinho em seus lábios. - Promete? - Prometo. - dei um tapinha no seu ombro e passei por ele indo até a sala e assim que cheguei na mesma meus olhos rapidamente se dirigiram para o garoto alto que ria de alguma coisa que o Bruno falou. Ah, Gabriel! Por que você está aqui? E por que está tão bem? - Malu. - Gabriel soltou quando me viu e notei seus olhos me medirem de cima baixo e logo aquele sorriso que eu tanto amei apareceu em seus lábios - Uau, você está bonita. - Mas não é pra você, o****o. - Lia! - exclamei assustada me virando para a minha melhor amiga que estava jogada em um dos sofás. - Tô mentindo? - ela me encarou erguendo um das sobrancelhas. - Não tá, amor. - Guilherme sorriu sentando ao lado dela e colocando as pernas da mesma sobre o colo dele. - Quem te chamou na conversa? - Você amor, me chamou amorosamente. - Hein? Desde quando eu te chamei amorosamente? - Desde que o seu amor começou a chamar pelo meu. - ele riu fazendo carinho nas pernas da Lia. - Own. - Júlia e Bruno suspiraram e eu ri me virando para o Gabriel mas logo fechei o sorriso quando notei que ele continuava me olhando, só que agora ele tinha as mãos no bolso e a língua pressionada na sua bochecha enquanto seu rosto estava sério. - Isso foi mais brega do que a calcinha de ursinhos que o Júlia usa. - Lia riu e eu vi o rosto do Júlia corar. - p***a, Liara! - Júlia exclamou jogando uma almofada na Lia que apenas riu mais alto da garota. - Malu... - Gabriel me chamou se aproximando de mim - Eu posso falar com voc... - Que tal a gente olhar um filme? - perguntei interrompendo o Gabriel e fugi para o outro lado da sala longe o suficiente para eu não pular nele. Meu medo é saber qual forma eu iria pular, agressivamente? Carinhosamente? Céus, eu devo mesmo ser uma masoquista. - Terror! - Guilherme sorriu malicioso para a Lia. - Argh, não! Se você pensa que colocando um filme de terror eu vou correr que nem uma cadelinha assustada para seu colo, você esta completamente enganado, porque eu não caio nesse clichê. - Se é assim vamos olhar um de terror! (...) - Ele já foi embora? - Lia perguntou pendurada nos braços do Guilherme. Ela estava dividindo um sofá com o Gui e o Luan enquanto eu estava dividindo um sofá com a Ju e o Bruno e o Gabriel estava sentado em uma poltrona que havia ali. - Ainda não, amor. - Guilherme riu deixando um beijo no topo da cabeça da Lia. Estava estampado na cara dele o quanto ele estava feliz em ter a Lia grudada nele. - Eu te odeio. - a Lia resmungou acertando um soco no braço do Gui que riu e a abraçou mais forte. - Continua repetindo essa mentira até você conseguir acreditar. Olhei para meus dedos tentando controlar a mim mesma e não olhar para o i****a do meu ex namorado que estava a poucos metros de mim. Por que ele tinha que ter vindo? Por que não ficou com a i****a da noiva dele?m***a, eu não deveria chamar ela de i****a, ela não tem culpa do meu ex ser um insensível. - Felipe tá demorando. - resmunguei vendo as horas no meu celular. Por que ele tá demorando tanto? - Hã? - Bruno murmurou ao meu lado concentrado no filme. - Que? - o encarei confusa. - Você disse "aquilo"? - ele sussurrou baixo, muio baixo, tanto que eu nem ouvi direito o que ele respondeu. - Grilo? - "Aquilo"? - Esquilo? - Hein? - Ju que estava do meu outro lado pronunciou confusa. - Absolem? - foi a vez do Luan perguntar confuso. - Aqui tem? - a Lia continuou franzindo as sobrancelhas. - O se tem. - Guilherme riu dando um t**a na b***a da Lia. - Eu.Vou.Te.Matar. - Do que vocês estão falando? - Luan perguntou erguendo uma almofada para se esquivar da Lia que se mexia no sofá dando tapas no Guilherme que só ria tentando se defender dela. - Eu sei lá, a Malu disse "aquilo". - Bruno deu de ombros e eu arregalei os olhos. - Hum, safadinha. - Luan riu malicioso espremendo os olhos na minha direção. - O que? Não é isso seu i****a! - gritei e joguei uma almofada nele. - Parece que o Gabriel dormiu. - Júlia pronunciou e eu olhei para onde o Gabriel estava e notei que ele tinha os olhos fechados e a boca entreaberta. - Ala, não quer mais nada o princeso. - Lia revirou os olhos se sentando direito no sofá. - Para de implicar com tudo que ele faz! - Luan pronunciou se virando para a Lia. - Quem é que tá implicando aqui? - Lia cruzou os braços ofendida. - Você! Implicou com ele desde que ele chegou. - Que mentira! - ela deu um t**a no braço do Luan - Eu não estou implicando com ele. Depois disso, nós voltamos a nossa atenção para o filme. - Ala o jeito que ele tá respirando, que ridículo! - Lia, para com is... - parei de falar quando as luzes se apagaram de repente tornando a sala num breu. - AHHHHH! - um grito extramente fino ecoou me assustando a ponto de pular nos braços da Júlia, mas cai de b***a no chão quando notei que já tinha alguém no colo dela. - JÚLIA PARA DE GRITAR! - exclamei enquanto a Júlia continuava gritando. - NÃO FUI EU QUE GRITEI FOI O BRUNO! - a Júlia gritou e eu ouvi o riso do Guilherme ecoar na sala escura. - p***a, JU! - Bruno gritou próximo de mim e só ai eu notei que o corpo que eu havia esbarrado era o do Bruno que havia pulado para o colo da Júlia. De repente o silêncio da sala foi interrompido por um ranger de porta. - Meu Deus, isso foi o barulho da porta abrindo? - Lia perguntou em um sussurro trêmulo e eu me encolhi no chão colocando as mãos sobre a cabeça. Como eu queria ter um cobertor agora! - AAHHHH! - Bruno, você quer parar de gritar? - dessa vez foi o Guilherme a exclamar. - Mas não fui eu que gritei! - Foi eu. - Luan sussurrou baixinho e eu ouvi passos se aproximarem do lugar onde nós estávamos. - Malu, cheguei! O porteiro deixou eu subir direto já que você tinha avisado ele que eu estava vin... - SAI SATÃ! - ouvi alguém gritar e de repente um som de baque foi ouvido e logo a sensação de algo cair em cima de mim me assustou. Não demorou três segundos para a luz ligar e eu encontrar um Felipe caído com metade do seu corpo sobre o meu. - FELIPE! - gritei me agachando rápido no chão e o olhando preocupada. - MEU DEUS! VOCÊ MATOU O FELIPE! - a Lia gritou para o Luan que segurava uma garrafa na mão, a garrafa que eu deduzi que ele tinha batido na cabeça do Felipe, por sorte ela não tinha quebrado na cabeça do pobre garoto. - MEU DEUS! EU MATEI O FELIPE! - Luan exclamou largando a garrafa no chão. Garrafa resistente essa hein! Não quebrou nem quando caiu no chão! Quem será que fabricou ela? Por que eu estou pensando na criação dessa garrafa enquanto tenho um Felipe Martins desmaiado no meu tapete? Foca, Malu, foca! - TINHA QUE SER VOCÊ! SEMPRE O s*******o DO BONDE. - Lia gritou levantando do sofá. - BONDE? GAROTA, EM QUE SÉCULO VOCÊ VIVE? - O ATUAL, ENQUANTO VOCÊ PAROU LÁ NA DÉCADA DE 70, SEU HIPPIE SEM ESCOVA DE CABELO! - VOCÊ NÃO OFENDE A ONDULAÇÃO NATURAL DO MEU CABELO, SUA ARARA COM VOZ DE MEGAFONE ENTUPIDO. - AHHH MEU AMOR, VEM NO SOCO! GUILHERME SEGURA MEUS BRINCOS. - Lia gritou tirando seus brincos e começou a prender seu cabelo num coque. - BRUNO SEGURA MEU MEGA HAIR! - Luan gritou e tirou alguma presilhas com mechas do seu cabelo. - VOCÊS QUEREM PARAR DE DISCUTIR E VENHAM LOGO ME AJUDAR AQUI! - gritei me virando para os dois encontrando um Luan com os bracos erguidos e uma perna no ar chutando a mesma em direção a Lia que se esquivava dela rodando pela sala. - Inacreditável. Deixei aqueles idiotas continuarem com a idiotice deles e segurei o rosto do Felipe e... nossa, ele é ainda mais bonito nesse ângulo... foca, Malu, você não está focando no que é mais importante no momento! - Felipe, você tá bem? - perguntei assustada vendo o garoto piscar os olhos devagar ainda meio drope por causa da batida que ele levou. - Não sabia que você tinha uma irmã gêmea. - ele falou embolado enquanto ria devagar. - O que? - franzi as sobrancelhas confusa. - Malu... - ele sorriu encarando detalhadamente o meu rosto - No céu tem pão? Dito isso, seus olhos se fecharam e seu rosto pesou nas minhas mãos. - Meus Deus! Felipe não morre não! - exclamei assustada começando a dar pequenos tapinhas no seu rosto para ele acordar. - Ele morreu? - Júlia perguntou assustada. Um silencio se estalou na sala e eu engoli em seco. - Eu fico com o tênis! - LUAN ALVES! - gritei para o garoto que observava os pés do Felipe. - Não é como se ele fosse se importar né. - Ele tá vivo seu i****a! Só desmaiou. - resmunguei soltando o rosto do Felipe mas arregalei os olhos quando notei que eu fiz ele bater com a cabeça no chão - Me ajudem a colocar ele no sofá. Me levantei rápido e arrumei um dos sofás para poder colocar o Felipe deitado no mesmo. -Por que vocês estão gritando? - Gabriel perguntou sonolento enquanto coçava os olhos. Vi ele olhar algo atrás de mim e logo arregalar os olhos. - Por que o Felipe está de ponta cabeça na sua sala? Me virei rapidamente para trás, encontrando um Guilherme segurando a perna direita do Felipe erguida no ar, o Bruno segurando a esquerda e o Luan tentando tirar os tênis do garoto desacordado, e assim que aquelas três belezinhas notaram meu olhar sobre eles, eles se viraram para mim sorrindo falsamente e logo soltaram o corpo do Felipe fazendo ele cair de novo no chão. Essa noite não poderia ficar pior!
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