Sinto a luz do sol batendo no meu rosto, a cama grande e confortável não me deixa com vontade de sair dela, tento me sentar mas o meu corpo estava completamente dolorido, ontem a noite Dylan prometeu que não seria assim tão bruto mas ainda assim dói, se eu não gostasse tanto talvez eu não aguentasse isso.
Me atrevi a ficar de pé mesmo sabendo que minhas pernas ainda estavam bambas e minhas costas completamente doloridas, eu deveria trabalhar naquele dia mas eu estava seriamente pensando nessa possibilidade, vou até o banheiro e dou uma olhada em mim mesma, meus cabelos estavam completamente bagunçados e meu corpo marcado dos pés a cabeça, por acaso ele não sabe que eu trabalho com a minha imagem, por que ele me deixa assim sempre?
Ainda era de manhã, então decidi relaxar o resto do dia para ver se eu teria alguma energia durante a noite, teremos um convidado importante naquele dia e por isso eu não queria faltar, eu trabalho em uma boate como pole dancer e inclusive sou a número um, muitos homens vem de longa distâncias apenas para me ver, muitos ate mesmo tentaram me comprar com dinheiro mas nem eu e nem as outras meninas que trabalham temos permissão para deixar de trabalhar, por que? Todas nós temos uma divida de vida com o dono, ele se chama de Dylan Petri e atualmente eu durmo com ele, eu posso dizer que somos como namorados afinal, eu só tenho permissão para estar com ele e ele escolheu ficar apenas comigo, dizer que é namoro é um equívoco pelo fato de eu ser apenas uma devedora para ele, talvez ele me use para passa o tempo? Talvez, mas é assim que nossa relação é agora.
Todas que trabalham para ele não tem mais amigos ou família, estávamos na beira do precipício, inclusive eu, atualmente tenho 26 anos e já estou acostumada com essa vida.
Vesti um roupão e desci para a cozinha.
— Bom dia Hector.
— Bom dia Carla, quer o mesmo de sempre?
— Sim, por favor — me sento no sofá da sala gemendo de dor, até mesmo sentar estava difícil.
Ontem a noite enquanto eu trabalhava um dos homens que estava tentou me tocar mesmo sabendo que era proibido tocar em qualquer dançarina, mas comigo era diferente, me tocar era motivo até mesmo de morte, afinal, eu sou conhecida entre os homens como a mulher do Dylan, as outras mulheres me perguntam porque mesmo estando com ele eu continuo trabalhando e levando aquela vida, eu apenas respondo que não importa o nosso relacionamento, ainda assim eu precisava pagar a minha dívida, eles costumam responder que elas iriam aproveitar para sair daquele buraco, eu sei que eu posso sair dali se quisesse e passar o meu tempo ao lado dele mas as pessoas tem uma ideia errada sobre nós dois, elas acham que nós dois gostamos da presença um do outro, mas na verdade, nós dois nos odiamos, pelo menos eu odeio ele e ele apenas acha divertido me provocar.
— Aqui, um café gelado e um remédio para dor muscular, quer um adesivo para dor também?
— Pode pegar por favor?
Era assim que ele fazia comigo, depois do que aconteceu ele me leva para a cama dele e me torturar para mostrar como ele manda em mim, a minha primeira vez com ele foi diferente, nos dois parecíamos um casal apaixonado com longos beijos e ele me tratou com carinho mas foi apenas naquela vez, depois daquilo não houve mais uma única vez que ele me tratou com carinho, hoje em dia eu lido com isso bem melhor, eu não me tornei a número um à toa, eu sei muito bem como agir e isso me torna a única capaz de lidar com ele, a única que consegue fazer ele acalmar os nervos e por isso ele ainda me deixa estar ao seu lado.
Tomei o meu café e o meu remédio, depois de noites como a de ontem, no outro dia eu costumo ficar pensando sobre ele, como se ele deixasse uma marca não apenas no meu corpo mas também na minha mente.
Falando no d***o, ele saiu do banheiro apenas de toalha, seu corpo incrivelmente trabalho e com cicatrizes. eu acho que eu nunca me acostumarei de fato com ele, ele veio até mim e me deixou um beijo na testa.
— Bom dia, está bem? — a mesma pergunta de todos os dias.
— Estou bem — a mesma resposta de todos os dias.
Eu costumava dizer como eu estava acabada e ele apenas ria da situação.
— Onde vai? — perguntei para ele.
— Vou no centro.
— Vou com você — levanto do sofá para me arrumar.
— Você tem bastante energia, achei que tinha me certificado de acabar com ela — andei lentamente em sua direção olhando nos seus olhos.
— Você acabou com a minha energia? Pode tentar — dou meia volta e vou até o banheiro para poder tomar um banho,
Não posso negar que meu corpo esteja pedindo por socorro nesse momento e que eu havia dito aquilo apenas para provocar, muitas vezes eu acabo cavando a minha própria cova. Me vesti com um vestido longo cobrindo o meu pescoço, ele havia deixado muitas marcas em mim então me certifiquei de esconder todas.
— Por que faz questão de esconder? Todos sabem que você me pertence mesmo sem ver.
— Se você não é decente não esqueça que nós vivemos em uma sociedade que pelo menos é decente.
— Você fala isso mas toda oportunidade de sair você sai com a menor roupa que tem.
— Isso não significa que eu sou indecente — ele sorriu, parece hipocrisia falar isso quando eu trabalho em uma boate.
Saímos no carro dele, eu fazia questão de usar roupas caras perto dele, eu não queria parecer uma qualquer do lado dele apesar de não termos um relacionamento de verdade, a acompanhante dele deve ao menos exalar respeito por onde passa.
Naquele dia eu sabia o que ele tinha que fazer e exatamente por isso que eu queria acompanhar ele, eu ouvi a conversa dele ontem antes de ir dormir, hoje ele teria que lidar com algumas pessoas da máfia da cidade, eles estavam querendo interferir nos nosso negócios e por isso Dylan iria diretamente resolver isso, fiquei o tempo todo ao seu lado enquanto ele lhe dava com os homens.
— Poupe a minha vida, eu tenho uma família! — um dos homens gritava de horror, ele era o único dos seus companheiros que tinha sobrado.
— Faça o seguinte — Dylan se abaixou, ele precisava fazer isso com quase todos para ficar na mesma altura — Você vai voltar para o buraco de veio e avisar ao seu chefe que não queremos ver a cara de vocês por aqui novamente — ele falava enquanto segurava o pescoço do homem.
Com ele quase perdendo a respiração Dylan larga ele no chão, ele sai se arrastando do local.
— Ainda tenho que resolver outro problema, o que voce queria fazer aqui?
— Vou ao shopping — ele levanta a sobrancelha para mim e acena para o motorista.
Em seguida eu me retiro para o carro.
— O lugar de sempre Hector.
— Sim senhora.
Eu não costumava fazer isso afinal, um dia ele iria me descobrir, por isso eu me encontro com a máfia uma vez a cada tres meses para contribuir com informações, a familia Machado tomava conta de todo o pais, eles sabem que Dylan é o chefe de todo o esquema de dinheiro ilegal que ele faz e isso causa um problema para a mafia, um atrapalha os negocios do outro e por isso estao sempre em disputa, quando mais nova me prometeram que se eu ajudasse eu teria a minha liberdade, por ser muito nova eu concordei na hora sem ter a noçao que minha vida estaria em jogo a todo momento, no momento em que ele descobrisse a minha cabça iria rolar no chao, hoje em dia eu sei do perigo mas eles sao o unico rastro de esperança que eu posso ter, sendo assim eu deveria ao menos tentar.
Desço do carro e caminho pelo beco escuro e lamacento, para trocar informações o local deve ser o mais longe e discreto possível.
— Bem vinda senhorita Bassos — o homem se aproxima de mim e passa a mão nas minhas costas, rapidamente eu bato na sua mão.
— Eu trago notícias.
— Diga — ele se senta em sua cadeira e estende a mão para que eu também me sente.
— Dylan começou a matar cada um dos seus homens, por enquanto ele não planeja fazer nada mas em breve ele ira começar um plano para poder extermina-los.
No mesmo local, 10:20h:
— Chefe, o senhor não vai fazer nada?
Eu me encosto na parede e pego um maço de cigarro do bolso, automaticamente Hector acende com um isqueiro.
— Deixe ela, eu nunca intervi antes, não vou intervir agora.
A muito tempo sei que ela me trai, desde nova ela trabalha com eles, ela realmente deve querer escapar das minhas mãos…
Eu dou um sorriso de leve, aquela seria uma situação muito engraçada se ela soubesse que eu estava bem ali, o celular que estava no meu bolso vibrar, eu saio daquele lugar e atendo a ligação.
— Dylan Petri falando…