CAPÍTULO 7: AMIZADE

931 Palavras
JAYME O dia no trabalho até que foi tranquilo. Passei boa parte pensando no que eu precisava resolver mais tarde. Peguei o celular e mandei mensagem pra Lucy. "Será que a gente pode conversar lá no meu apê mais tarde?" A resposta dela veio rápida. "Claro, Jayme. Estarei lá." Saí do escritório direto pro mercado. Precisava repor as frutinhas que o Arthur ama — principalmente as uvas e os morangos — além da aveia que ele come de manhã e algumas coisinhas que sempre acabam mais rápido do que eu imagino. Quando cheguei em casa, só queria um banho e paz. Mas nem deu tempo de pensar muito. A campainha tocou e, antes mesmo de eu levantar, já ouvi a voz da Lucy do outro lado da porta. — E aí, meninos, não vão abrir? — Ela falou com aquele tom impaciente, meio divertida. Arthur largou os blocos de madeira que tava empilhando no tapete e ficou olhando fixo pra porta, com aquele sorriso bobo que ele só dá quando gosta muito de alguém. Levantei e fui abrir. Assim que destranquei, ele praticamente se jogou nas pernas dela, abraçando como se não visse há dias. Nem eu ganho abraço daquele jeito. Lucy olhou pra mim com aquele sorrisinho de canto, meio convencida. Tipo "viu? Ele gosta de mim." Ela se abaixou, pegou ele no colo e devolveu o abraço apertado. — E aí, fofinho... dormiu direitinho essa noite, né? — Perguntou, olhando pra ele, que ficou todo sem graça, com as bochechas vermelhas. Fomos pro sofá, ela sentou com Arthur ainda grudado no colo, agarrando ela como um ursinho. — E aí, papai... o que você quer falar? — Perguntou, olhando pra mim com aquela cara de quem já sabia que vinha pedido. Dei uma tossidinha, ajeitei no sofá e falei meio sem jeito: — Então... será que você pode ficar essa noite com esse bonequinho fofo? — Soltei meio no tom de brincadeira, mas querendo muito ouvir um “sim”. — Claro que posso! Vai ser um prazer. — Ela respondeu sem pensar duas vezes, sorrindo. Arthur sorriu também, se aconchegando ainda mais no colo dela, como se dissesse “pode ficar sim”. — Viu? Ele gostou da ideia. — Ela falou, rindo. — Mas olha... preciso que me apresente a casa direito, hein. Sou toda estabanada, Jayme. Melhor eu já saber onde fica mamadeira, leite, biscoito... bom, biscoito eu já sei onde fica. — Disse, fazendo graça. Acabamos rindo os três, até o Arthur, mesmo com aquele delay fofo que ele tem quando percebe que é pra rir também. Levantei e fui mostrando tudo: onde estavam as fraldas, mamadeiras, os brinquedos preferidos, as historinhas que ele mais gosta, os travesseiros certos... enfim, o mapa completo da casa pro caso de emergência — ou de diversão. Quando voltamos pro sofá, ela me olhou meio desconfiada e soltou, toda direta, como sempre: — E aí... vai namorar? Tirar essa teia de aranha? — Brincou, cruzando os braços e arqueando uma sobrancelha. — Namorar? — Ri, meio travado. — Não... é que... eu vou levar a filha do meu patrão pra conhecer a cidade. Na real nem sei muito bem pra onde. Ela quer se divertir... tem alguma dica? — Perguntei. Lucy me olhou daquele jeito dela... que analisa, observa, julga e aconselha tudo ao mesmo tempo, sem filtro. — Sei uns lugares, sim. — Respondeu, ainda me analisando como se eu fosse um projeto em construção. Ela é assim... além de falar sem filtro, as expressões dela entregam tudo. Cada careta, cada olhar, cada risada meio debochada. Começou a me listar os melhores lugares: um restaurante mais informal, um barzinho descolado, uma balada que ela jurou que eu ia me sentir à vontade — e que a tal da Catarina também ia curtir. E, claro, quando eu me levantei pronto, com meu blazer alinhado, minha calça social impecável e o sapato engraxado... ela arregalou os olhos. — Jayme... pelo amor de Deus, você tá indo pra uma noitada, não pra uma reunião de negócios! — Levantou do sofá, cruzou os braços e já veio andando na minha direção. — Tira tudo. Deixa que eu escolho sua roupa. Soltei um suspiro e fui pro banheiro do quarto, enquanto ela foi direto pro closet, cheia de empolgação. De lá, eu só ouvia ela resmungando. — Meu Deus... você não faz compras? Só tem roupa formal... ou coisa velha... — Bufou. — AHHH! — Gritou do nada. — Achei! Ela abriu a porta bem na hora que eu estava... de cueca. Congelei. Na mesma hora levei a mão pra frente, cobrindo, desconfortável. — Caramba, Lucy... — Falei meio sem jeito. Mas ela? Nem se abalou. Fez como se nada tivesse acontecendo, só estendeu a roupa e falou normalmente: — Relaxa, Jayme... não vi nada que já não tenha visto na vida. Agora veste, anda! Vesti. E olha... ela fez mágica. Me olhei no espelho e parecia que tinha voltado pros meus vinte anos. Jeans escuro, camiseta preta ajustada, tênis branco e uma jaqueta jeans estilosa. — Agora sim! — Ela falou, cruzando os braços, satisfeita. — Ah, pera... falta o cabelo. — E veio com as mãos no meu cabelo, bagunçando tudo. — Assim, bem mais despojado, bem mais você. Olhei no espelho. Ela tinha razão. E, de alguma forma, aquilo me fez até sorrir. — Pronto, Jayme. Agora você tá oficialmente liberado pra se divertir. — Disse, piscando pra mim. PARA ME AJUDAR: ADICIONE O LIVRO NA BIBLIOTECA, DEIXE MUITOS COMENTÁRIOS, BILHETE LUNAR E ME SIGA AQUI NO DREAME.
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