capítulo 06

1525 Palavras
Carine narrando capítulo 06 As palavras curtas e ameaçadoras ainda ecoavam na minha mente. O papel dobrado deixado na minha porta sem nenhum indício de origem. Aquilo não era só uma advertência era uma mensagem clara que eu estáva sendo observada. Mas eu não sou mulher de fugir. Continuei minha rotina normal indo ao escritório, preparando os documentos, visitando Rafael. Cumprindo meu papel como advogada. Não porque ele me intimidava , mas porque a verdade é que esse caso me desperta de um jeito que eu não sei explicar. E ele também. Peixe era intensidade em estado bruto. Perigoso, magnético, astuto. Um homem que podia me destruir… ou me proteger de tudo. E isso, talvez, fosse ainda mais perigoso. Hoje, saí tarde do escritório. O prédio já estava quase vazio. A luz da recepção piscava como sempre, e o elevador demorou mais do que o normal. Quando atravessei o estacionamento até meu carro, senti. Aquela sensação. De que alguém me seguia. Não tinha barulho. Nada concreto. Mas era como se o ar estivesse diferente. Mais denso. Fingi normalidade. Destranquei o carro, entrei, respirei fundo. Liguei o motor com mãos trêmulas. E foi aí que vi. Um carro estacionado a poucos metros. Faróis apagados. Vidros escuros. Não era do prédio. Nunca tinha estado ali antes. Meu coração acelerou, mas minha expressão permaneceu firme. Liguei o carro e saí. Não corri. Não olhei pra trás. Mas os olhos… os olhos me queimavam. Em casa, chequei tudo. Trancas, janelas, câmera do interfone. Dormi m*l, com um dos códigos penais debaixo do travesseiro, como se isso me fizesse invencível. Na manhã seguinte, uma estranha calma me envolveu. Aceitei o medo. Mas não deixei que ele me dominasse. E ali, no meio da rotina, uma parte de mim entendeu algo estranho, eu não estava sozinha. Não era alívio. Era algo mais instintivo. Proteção. Como se alguém estivesse me vigiando... mas não com intenção de me ferir. Com intenção de evitar que alguém o fizesse primeiro. E por mais louco que pareça... eu sabia que era ele. Peixe. Aquela muralha de caos e controle, de violência e desejo. E mesmo sem admitir em voz alta... eu me sentia mais segura assim. Mesmo que isso me matasse de medo. Na manhã seguinte, cheguei ao escritório mais cedo que o habitual. Não por zelo. Nem por obrigação. Mas porque o silêncio da minha casa estava ficando alto demais. E, no fundo, eu sabia que algo dentro de mim estava mudando. Aquela ameaça, o carro parado, a sensação de ser observada… aquilo não me paralisava mais. Despertava. Me fazia prestar atenção em tudo nos detalhes que antes eu ignorava. No segurança do prédio, que trocou de turno sem aviso. Na nova estagiário , que parecia sempre cruzar meu caminho no elevador. Até no porteiro, que gaguejou quando perguntei sobre visitantes da noite anterior. Alguém estava tentando me assustar.E alguém estava me protegendo. Duas forças opostas se chocando… e eu, bem no meio. Fiz questão de passar horas organizando os arquivos do caso Rafael Sampaio. Analisando depoimentos, gravações, movimentações bancárias , qualquer coisa que me fizesse lembrar que tudo isso era, antes de tudo, um trabalho. Mas nem mesmo a pilha de documentos me distraía da lembrança dele. Do jeito como me olhou na última visita. Do modo como falou “Ainda” como se fosse uma promessa. Como se soubesse que, mais cedo ou mais tarde, eu ia ceder. E talvez... ele soubesse mesmo. Rafael era perigoso. Não só pelo que fazia, mas pelo que provocava. Um tipo de homem que entra na cabeça da gente sem pedir licença. E agora... tinha invadido a minha. Ao fim do expediente, recebi uma ligação do porteiro do meu prédio. - Doutora Carine? A senhora tá esperando uma encomenda. - Não. Por quê? - Tem um envelope aqui. Sem remetente. Foi deixado por um motoboy. Só com seu nome. Meu sangue gelou. Por um segundo, o medo tomou conta de novo.Mas quando cheguei em casa e abri o envelope, não encontrei uma nova ameaça.Era uma foto. Minha. No estacionamento. No exato momento em que eu olhava pro carro parado.E atrás da foto, em letras firmes. “Não ande sozinha por enquanto. Cuidado em quem confia. " era Um aviso. Aquilo não era do mesmo autor do primeiro bilhete. Eu sabia. A ameaça tinha o gosto da covardia. Essa... tinha o tom da proteção. Suspirei fundo. Encostei na porta de casa e deixei o corpo escorregar até o chão. O que era pra ser só mais um caso… já tinha virado uma teia.E no centro dela, eu e o homem que deveria ser meu cliente. Mas que, de algum jeito, estava se tornando muito mais do que isso. Não era pra eu ir vê-lo tão cedo. A próxima reunião com Rafael estava marcada para a semana seguinte. Mas depois da foto, do aviso, da sensação sufocante de estar sendo vigiada, eu precisava olhar nos olhos dele.Entender até onde ele sabia.Ou até onde ele acha que pode ir comigo. Entrei na sala de visitas como sempre postura reta, expressão firme, pasta em mãos. Mas tudo em mim gritava alerta. E ali estava ele. Sentado, como se o mundo girasse ao redor dele. Braços abertos no encosto da cadeira, olhar preguiçoso e cheio de malícia. Aquela camisa dobrada até os cotovelos, tatuagens à mostra, e o sorriso… ah, o sorriso de quem já sabia que me tinha nas mãos. - Novinha … disse, com a voz arrastada, rouca. -Não sabia que tava com tanta saudade assim de mim , pra vir esse horário tá com pontos com esses p*u no cu né não, nunca vi ninguém receber visita essas horas .ele disse com sarcasmo e os olhos com uma intensidade que sentia minha pele quente . - Não é saudade. É trabalho. - Claro ... ele deu um meio sorriso, inclinando o corpo pra frente. - Mas esse blazer justo aí não me engana. Veio vestida pra matar. - Eu vim pra resolver uma coisa. Mantive o tom cortante, mas minhas bochechas queimavam. -Recebi uma foto. Da noite em que fui seguida. Um aviso. E não foi da mesma pessoa que me ameaçou. Os olhos dele brilharam, divertidos. Como se tudo fosse parte de um jogo. - Te mandaram uma foto, é? Que tipo de doente fica tirando foto escondido de mulher bonita? - O tipo que acha que pode me assustar. Ou o tipo que acha que pode me proteger sem ser convidado. Ele riu. Um riso grave, arrastado, e me encarou com um olhar que era puro pecado. - E se eu te dissesse que foi alguém a mando meu? Ia te assustar ou te excitar? - Isso não é brincadeira, Rafael. - Não tô brincando, doutora. Ele se inclinou mais, os olhos presos nos meus. - Só tô dizendo que, se você é minha advogada, é minha responsabilidade te manter segura. E, sinceramente… eu durmo melhor sabendo que ninguém vai encostar em você. A não ser que você queira. A audácia dele me deixou sem palavras por dois segundos. Meu corpo respondeu antes da minha mente com aquele arrepio maldito subindo pelas costas, respirei fundo. Eu sou profissional. Eu sou racional. Eu sou… - Isso ultrapassa os limites. Eu estou aqui pra te defender no tribunal, não pra entrar nesse seu joguinho. Ele deu um sorriso torto, aquele típico de cafajeste que sabe exatamente o efeito que causa. - Ah, doutora… você já tá no jogo faz tempo. E pelo jeito… tá começando a gostar. Levantei da cadeira de forma controlada, pegando a pasta com força. Mas antes de sair, ele fez o mesmo me encarando atentos a todos os meus movimentos , em um passe rápido ele estava prendendo meu corpo contra a parede fria da sala , uma eletricidade percorreu todo o meu corpo com o toque de suas mãos firme segurando uma das minhas mãos livres e a outra esta na minha cintura, ele passou a ponta do nariz no meu pescoço , me fazendo arrepiar por inteiro , o ar quente dele contra minha pele era tudo que eu não precisava nesse momento pra perder o resto da minha sanidade , ele fez um caminho até meu queixo e quando estava preste a chegar nos meus lábios, me assustei com o barulho do carcereiro batendo na porta avisando que meu tempo tinha acabado , foi minha sorte ou meu azar . Ele se afastou me dando espaço pra me recompor , olhei ele por cima do ombro , o maldito sorriso irônico estava estampado nos lábios dele , ele sabia o efeito que tinha causado em mim e estava feliz com isso . - Continue confundindo advogado com brinquedo, Rafael… e a próxima visita pode ser a última. - Só se for no meu quarto, não nessa sala fria . ele murmurou, baixo, rouco, e meu coração deu um pulo i****a no peito. Saí da sala com passos firmes. Mas por dentro… eu tremia. E não era medo. Era algo muito mais perigoso, Desejo. 150 comentários.... vamos lá meus amores não esqueçam de adicionar na biblioteca de vocês ajudem a autora aqui ....continua
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