Quando era pequena os adultos da cidade vivam falando que eramos rodeados por males antigos, espiritos que rodavam a floresta a procusa de presas no escuro. Criaturas selvagens, que se escodiam nas sombras, a procura de presas com almas puras para caçar. Diziam que quem andasse pela floresta Woodline a noite, poderia ouvir seus chamados e seus susurros clamando pelo seu nome, e se sentisse arrepios por todo a sua pele, e seu corpo todo ardesse em um grande desejo de luta e fuga saiba que eles têm os seus olhos em você, e que mesmo que corra, se esconda, grite por ajuda e deseje ser salva, nunca conseguirá escapar, dos olhos selvagens que espreitam nas penumbras das noites de luar. Nunca acreditei nessas histórias, sabia que esses contos serviam apenas para nos manter longe dos perigos da floresta e dos animais selvagens. Não havia nada de perigoso naquela floresta. Era nisso que eu acreditava, até o incidente acontecer...
Vivian Elsing:
-- A que horas termina o seu turno? Perguntou Alfred sentando na carteira ao meu lado.
Estavamos na nossa quinta aula do dia, na falcudade, e sinto que meu corpo já ultrapassou o limite, diário de concentração numa aula.
-- Ainda não sei. Meu chafe ainda não arranjou alguém para substituir Karen... Respondi apoiando a cabeça na mão enquanto observo a sala encher de alunos. Sempre me esquecia o quanto a sala ficava cheia com nas aulas de anatomia do senhor Kordan.
-- Então tá. Mas se conseguir um tempo livre, passe pela cabana, vai ter uma festa lá e sei quanto você precisa se distrair essa noite... Comenta enquanto tirava seus cadernos da mochila.
Dou uma risada, ao olhar para ele. Era fofo o quanto ele se esforçava para mostrar indiferença, quando está preocupado comigo. Ele sempre foi assim desde que eramos crianças, preocupado, comigo e com o meu bem estar, já que dentro do orfanato só tinhamos um ao outro, o local era solitário e nós aprendemos a encontrar na presença um do outro o amor de uma família que nunca tivemos. Eramos como irmãos, apesar de mães diferentes, sempre estivemos lá quando um precisasse do outro. É o que ele faz enqunto lembra das minhas noites em claro por causa dos meus pesadelos.
Me estico na sua direção e dou um beijo estalado em sua bochecha, o que o faz sorrir e ficar com as bochechas coradas.
-- Assim que eu terminar no trabalho passo por lá... digo. E Alfred apenas assente e voltamos nossa atenção para o professor que acabou de entrar.
Enquanto o professor Kordan falava sobre a divisão e constituição órgãos do corpo humano. Sou tomada por uma sensação estranha, de estar a srr observada. Olho ao redor da turma, não indentifico ninguém, que não esteja com a sua atenção voltada para a aula, então dou de ombros e volto a fazer anotações no meu caderno. Mas a sensação volta e dessa vez faz todo o meu corpo arrepiar, enquanto espalhava fagulhas de pânico na minha cabeça, fico em alerta. A sensação almenta, e o meu nível de pânico almenta com ela, começa a soar frio, e sinto todo meu corpo começar a tremer, com um desejo insurdecedor de sair correndo da sala e me esconder em algum lugar. Sinto minha cabeça latejar e a minha respiração ofegante. Levo a mão ao peito e sinto meu coração martelar no peito querendo dilatar minha caixa torácica. O que é se passa comigo?. Me questiono enquanto meus olhos passam freneticamente pelos cantos da sala.
-- Vivian? Você está bem? A voz preocupada de Alfred, me tira do transe, e quando me concentro em suas íris azuis, sinto meu corpo acalmar. Minha respiração normalizar aos poucos e meu coração acalmar um pouco. Fecho os olhos e respiro fundo tentando vontar a ter o controle do meu corpo e das minhas ações.
Abro os olhos novamente, e sinto os dedos de Alfred acariciarem minha mãe, que só agora me dou conta que estava com a mão apertando sua concha. Afroxo o aperto e suspiro.
--Estou. Não se preocupe, estou bem... digo tentando acalma-lo. Meu amigo arqueia uma sombracelha ponderando se aceita a resposta ou não. E eu não o posso o culpar, já que não era a primeira vez que isso acontecia. Desde que fiz 21 anos que isso tem acontecido frequentemente.
Eu lhe chamo de estado de pânico. Em que eu tenho esses ataques. Durante esses meses tento me abituar a sensação de desconforto e sufoco, para não preocupar meu amigo e ele me obrigar a ir a um hospital. Não era nada de mais desde que não apagasse, eu ficaria bem.
-- Menina Elsing têm alguma coisa para compartilhar? A voz do professor Kardan me tira dos meus devaneios mentais, e todos os olhares da turma se voltam para mim.
Sinto meu rosto esquentar com a atenção de todos e gaguejo ao responder:
-- N- Não professor. Me desculpe... peço e me indireito na cadeira derepente me sentindo desconfortável nela.
-- Muito bem. Então continuemos com a aula... O professor continua depois de me lançar um olhar de advertência.
Xingo um palavrão e me obrigo a prestar atenção a aula, para evitar pensar nos meus tormentos.
O dia passa rápido, e com eles as horas extras que eu fico na escola a estudar para as provas da proxima semana. Eram provas importantes para mim então tinha que dar 100% de mim.
Assim que chego no dormitório do campus da falcudade, me jogo na cama cansada, me arrependendo de ter que ir trabalhar e cobrir dois turnos de meia hora. E é nesse momento que as vezes desejo poder sair do meu corpo e deixar que ele trabalhe no automático. Aí se eu pudesse...
Mas os meus pensamentos são intenrropidos quando o meu telefone vibra com uma notificação. Reclamo enquanto me levanto para pegar nele, na minha escravaninha ao lado da cama.
CHEFE: Encontrei alguem para substituir Karen, não precisa vir hoje.
Sorriu, e escrevo uma mensagem rápida para Alfred para confirmar que irei a festa.
Me levanto da cama já pensando no que eu vou vestir para a noite de hoje. A noite estava quente, sem muitas nuvens no céu e com a lua totalmente cheia. Então decido usar algo simples sem muitos exageros. Vou até o meu guarda roupas e tiro de lá meu vestido de festas vermelho, que me fica como uma segunda pele no corpo, minha jaqueta de couro, e minhas botas que chegam até o joelho também de couro.
Depois de um banho refrescante, encontro o meu telefone com uma notificação de Bia dizendo que vêm me buscar daquia a 10min, então tinha que começar a me preparar. Seco meus cabelos pretos e o corpo passo óleo de amêndoa nele e coloco as minhas roupas. Quando termino de colocar as botas, vou até a penteadeira, para passar uma maquilhagem básica e pentear meus cabelos. E é só quando me sento a frente do espelho e vejo meu reflexo, que reparo no quanto estou pálida, e nas orelhas ao redor dos meus olhos. Eu estava péssima. Esses pesadelos têm tirado meu descanso e como sequência pareço um morto vivo. É, espero que a maquilhagem faça a sua magia ou então vou ter que usar óculos escuros durante a festa... penso enquanto tiro os materias para colocar uma mascara de pó, botom e rimel na minha cara.