Bella
Tudo parecia um pesadelo c***l, um turbilhão de emoções rasgando meu coração em pedaços. A dor da perda, a angústia do desconhecido e a sensação sufocante de estar presa em um labirinto de confusão me envolviam como uma tempestade. A notícia da morte dos meus pais, aqueles que sempre foram meu porto seguro, tinha me atingido como um golpe avassalador. O vazio que deixaram era insuportável.
Hoje, no funeral, a dor era palpável no ar denso. Os caixões, lacrados e inacessíveis, escondiam os rostos que eu tanto amava. Um aperto em meu peito se intensificava a cada passo que eu dava na direção deles. A voz da minha avó, tão preocupada e amorosa, ecoava em minha mente, lembrando-me da sua tentativa de proteger-me de um sofrimento ainda maior, impedindo-me de ver pela última vez os rostos que me trouxeram tanto conforto.
Mas então, aquele homem, aquele que afirmava ser amigo do meu pai, que tinha compartilhado histórias engraçadas e momentos de riso com ele, se aproximou com revelações devastadoras. Suas palavras pareciam arrancar o chão sob os meus pés. "Eles não morreram em um acidente de carro", disse ele, sua expressão carregada de seriedade e preocupação. "Foram assassinados, Bella, e você está em perigo."
O choque daquelas palavras reverberou por cada centímetro do meu ser. Minhas mãos tremiam e meu coração parecia parar por um instante, antes de acelerar descontroladamente. As lágrimas ameaçavam brotar, mas eu lutava para mantê-las contidas, meu olhar buscando desesperadamente alguma resposta nos olhos daquele homem. Como isso era possível? Quem faria algo assim? Por quê?
Meu mundo estava desmoronando diante dos meus olhos, as fundações da minha realidade sendo abaladas de maneira inimaginável. As lágrimas finalmente romperam sua barreira e escorreram pelo meu rosto, quentes e salgadas, como rios de desespero. A confusão era insuportável, uma tempestade de emoções conflitantes colidindo dentro de mim.
Em meio a essa tormenta, eu levei as mãos até meus ouvidos, como se pudesse abafar aquelas revelações terríveis, como se pudesse bloquear o eco de palavras que não faziam sentido. E então, num ímpeto, eu saí dali, sem rumo e sem direção, apenas precisando de um momento para processar tudo. Cada passo era pesado, cada respiração era uma luta contra o desespero que ameaçava me engolir por inteira.
Nada fazia sentido. A dor da perda de meus pais, a confusão das palavras daquele homem, a incerteza sobre o meu próprio futuro.
Lucca
Vejo Bella saindo dali em um impulso, sua figura frágil correndo como se tentasse escapar do peso esmagador da verdade que eu tinha acabado de revelar. O desespero dela me atinge como uma punhalada, e meu instinto é correr atrás dela, tentar acalmá-la, oferecer algum tipo de consolo em meio a todo esse caos.
Mas antes que eu possa dar um único passo em sua direção, sinto um aperto forte em meu braço, e me viro abruptamente, meus olhos encontrando os da avó de Bella. Sua expressão é uma mistura de fúria e desespero, uma tempestade de emoções contida por trás de uma máscara austera. Seu olhar me penetra como um julgamento implacável, e suas palavras cortam o ar como uma faca afiada.
— O senhor não vai atrás da minha neta! Já não destruiu o suficiente? Agora com esse absurdo que ela corre perigo? — As palavras dela são um desafio direto, um acusação dolorosa que reverbera em meu peito. Sinto o peso da responsabilidade e do sofrimento que estou causando a Bella, e sei que, aos olhos dela, eu sou um estranho que trouxe apenas dor e confusão.
Meus lábios se apertam em uma linha tensa, e eu tento encontrar palavras para responder, para explicar que tudo o que fiz foi com a intenção de protegê-la. Mas as palavras parecem travar em minha garganta, e o confronto com a avó de Bella me deixa sem fala. Nossos olhares se mantêm fixos, faíscas invisíveis de tensão se formando entre nós.
A raiva dela é compreensível. Ela vê a neta sofrer, ela sente a dor de uma perda irreparável, e agora eu apareço, trazendo informações perturbadoras e alegações de perigo iminente. A animosidade entre nós cresce, alimentada pela emoção que nos envolve.
No entanto, eu não posso simplesmente recuar. Minha preocupação por Bella é genuína, e eu sei que o perigo que ela enfrenta é real. Respiro fundo, buscando manter minha compostura enquanto enfrento o olhar penetrante da avó de Bella.
— Eu entendo sua preocupação, senhora. E peço desculpas por qualquer dor que minhas palavras possam ter causado a Bella. Mas acredite, tudo o que eu disse é verdade. Ela precisa saber. Ela precisa estar ciente do que está acontecendo ao seu redor. Não estou aqui para destruir, mas para proteger. Eu só quero ajudar Bella a enfrentar a verdade e garantir que ela esteja segura. — Minha voz é firme, meu tom carregado de determinação.
A avó de Bella me encara por mais um momento, e vejo uma luta interna em seus olhos. Então, ela solta meu braço com uma expressão de resignação, como se estivesse cedendo a contragosto. — Você acha que isso é o melhor para ela? Acha que ela pode suportar mais isso agora? — Ela questiona, sua voz mais suave, mas
ainda repleta de desconfiança.
Minha expressão suaviza um pouco, e eu assinto lentamente. — Eu entendo que é difícil, mas ela merece a verdade. Ela é forte, e juntos podemos enfrentar isso. Não quero causar mais dor a ela, mas acredito que enfrentar a realidade é o primeiro passo para protegê-la verdadeiramente.
O confronto com a avó de Bella se intensifica, as palavras dela cortando o ar como lâminas afiadas. A raiva e a fúria dela são palpáveis, e cada sílaba que ela profere parece ser uma manifestação de sua determinação em protegê-la de mais dor e perigo. Seu olhar fixo em mim é carregado de desconfiança e hostilidade, como se eu fosse um intruso indesejado que ameaçasse o bem-estar de Bella.
— Protegê-la? Você? Isso nunca vai acontecer! — A avó de Bella declara, suas palavras ecoando com uma intensidade ameaçadora. Sinto o peso de sua desaprovação, a certeza de que ela não confia em mim para cuidar de Bella. Cada acusação atinge como um golpe, me fazendo questionar minha própria capacidade de ajudar.
Ela continua, suas palavras cortantes e diretas: — Eu vou cuidar da minha neta para ficar longe dessas coisas… Ela vai pra igreja ficando longe disso! — O tom dela é de comando absoluto, uma imposição da sua vontade sobre a vida de Bella. A avó está determinada a protegê-la da verdade, a manter a neta longe de qualquer perigo que possa surgir.
Tento intervir, explicar a situação delicada que envolve os negócios de Marco e a responsabilidade que recai sobre Bella. Mas sou interrompido por um grito furioso dela: — ISSO NÃO VAI ACONTECER! SÓ POR CIMA DO MEU CADÁVER! — A raiva dela é uma chama ardente que queima em seus olhos, e sua mão apontando na minha direção parece quase como um gesto de ameaça.
A avó de Bella está lutando com todas as forças para manter a neta afastada do mundo que levou à tragédia dos seus pais. Sua fúria é alimentada por um amor protetor, mas também pelo medo do desconhecido e da possibilidade de mais dor. Eu a compreendo, mas sei que a verdade não pode ser ocultada para sempre, e que o perigo que se aproxima é real.
Eu olho nos olhos dela, mantendo a minha própria determinação. — Eu entendo a sua preocupação, senhora. Eu também quero proteger Bella, mas a verdade precisa ser enfrentada. Os perigos não vão desaparecer se fingirmos que eles não existem. Eu não quero substituir o lugar que você tem na vida dela, mas podemos trabalhar para mantê-la segura e enfrentar o que está por vir.
As palavras que saem da minha boca são uma tentativa de encontrar um terreno comum, de mostrar que minha intenção não é desrespeitar o papel dela na vida de Bella, mas sim garantir que a verdade seja conhecida e que medidas sejam tomadas para enfrentar qualquer ameaça.
— Não! Eu vou cuidar da minha neta! Ela não vai cuidar de negócio nenhum, ainda mais essa sujeira que Marco trabalhava. Está decidido! Agora vou cuidar da minha neta e espero que você saia daqui e nunca volte! — Quando ia falar algo, ela virou, dando as costas para mim. Que droga! Não vou deixar essa velha falar assim comigo, mesmo sofrendo com a morte da filha, fiz uma promessa e vou cumprir.