II

1320 Palavras
Após o príncipe Alon, ter se retirado do estábulo, eu me enderecei ao campo de treino dos guerreiros, para puder assistí-los. Nós mulheres temos de evitar nos engraçar demasiado com os homens, porque não é ético. Mas eu sempre tive facilidade em me comunicar, tanto com homens e mulheres e penso que devia ser algo normal. E na verdade, não me importo muito com essas regras, me importo com o que eu gosto de fazer. Eles estavam fazendo esgrima, eu adoro espadas! Fiquei os observando por um bom espaço de tempo, até que não aguentei. - Charles, me deixa treinar? - o peço e depois de um momento em silêncio deles, eles me encaram rindo. Típico costume machista. - Se te machucares o mestre me mata. - ele responde, me fazendo revirar os olhos. Eles acham que eles conseguem me machucar por eu ser mulher, eu odeio esses comentários! - Bem, ele não está cá. - respondo, o implorando com o olhar para que me deixe. - Não, Nirlian. - ele responde. - Mulher foi feita para cuidar da casa, vai limpar alguma coisa. - ouço o comentário de um guerreiro que deve se achar muito engraçado e faz os outros rirem da minha cara. Comentário machista, incêndia meu corpo de raiva. - Pois bem, se te achas tão homem combate comigo. - o atiço e ele ri. - Ou tens medo de perder para uma simples criada? - o desafio com o olhar e ele sorri pegando em sua espada. Isso! Eu tiro a espada da mão do Charles. - Não sentirei pena, por ser mulher. - ele diz apontando sua espada na minha direcção, nem sequer o respondo e já parto para cima. Enquanto os demais guerreiros observam. Obviamente um guerreiro de seu porte e experiência não teria vulnerabilidade com a espada, mas eu fico horas sempre que posso, praticando esgrima, por isso sou tão boa quanto ele. E eu vou fazer ele engolir suas palavras goela abaixo. Nossas espadas agora, estão forçando uma contra a outra para ver quem vai ceder devido a pressão. Obviamente ele tem mais força que eu, por isso me apresso em fazê-lo cair ao chão. Batendo de forma passante o meu pé contra o seu, chama-se rasteira, fazendo-o se desequilibrar e cair. Aproveito sua distração para tirar a espada da sua mão, e apontá-las para a cara do homenzarrão, para ele ver quem só pode cuidar da casa. Não resisto e um sorriso orgulhoso aparece na minha cara ao ver a cara de surpresa dele. Mas o meu momento de glória é interrompido, ao ver que todos se apressam em fazer a vênia e o guerreiro no chão faz um sinal com os olhos para frente, dando indicação de que alguém estava nos observando. Estou encrencada! Me apresso em virar, e para o meu desespero era a família real que estava ali e não o meu pai, que seria igualmente pior mas seria o meu pai. Era o Príncipe Alon, o duque Frederik que é seu primo, e as princesas que estavam em nossa presença. Estou condenada. Vou para a forca! O guerreiro se levanta e faz a vênia. E eu estou perdida algures por aqui, eu vou ser punida. As princesas chiliquentas me olhavam com desdém como sempre e um sorriso malicioso, de certeza visualizando a minha morte, com elas não me importo, é com o Príncipe e o duque que me preocupo, me viram em meio à tantos guerreiros e sem a presença do meu pai, derrubando um de seus guerreiros. Morte certa! Estou em pânico, não sei nem se falo, ou corro daqui para fora. Faço à vênia, desconcertada, sem encarar ninguém e deixo as espadas caírem no chão. - Er... com vossa licença. - digo e saio correndo imediatamente sem encarar ou esperar resposta da realeza. Deus que me acuda! - Eu não fiz nada de mal... - é verdade. Falo, enquanto corro em direcção a entrada das traseiras, que vai dar aos aposentos das criadas. - Afinal, Nirlian. O que tem demais uma simples criada em pleno século XVIII, solteira e descomprometida que devia estar limpando alguma coisa, ser pega pela realeza no meio de um tanto de guerreiro viril comandado pelo pai que, por acaso está ausente, sozinha e ainda por cima com duas espadas na mão como se fosse esquartejar um guerreiro real? - me auto-questiono. Nada demais, Nirlian. - Nirlian! - ouço a voz da Fátima, uma amiga, e companheira de aposento me chamar. Paro de andar e suspiro, só espero que não seja outra tarefa, ou ela vindo me avisar que estão me chamando para a força. Me viro para encara-lá. - Nirlian. - ela diz enquanto vem mais para perto. - Porquê tanta pressa? - ela me questiona ofegante e eu suspiro de alívio porque se ela me perguntou é porque ainda posso respirar mais um pouco. - O Príncipe Alon me viu guerreando lá no campo de treino, junto do duque e das princesas. - falo e ela suspira fundo. - De novo armas, Nirlian. - ela implica, me repreendendo. - Te machucaram? - ela questiona. - Eu venci. - respondo e não resisto em soltar um sorriso me lembrando da cena. - Não acredito, você venceu um matulão daqueles guerreiros? - ela questiona incrédula e eu assinto sorrindo convencida. - Mas agora você está em sarilhos, você sabe que é proíbido mulheres batalharem. E ainda mais com todos aqueles homens ao seu redor, Nirlian. - ela faz questão de mencionar e eu suspiro. - Eu sei, não é necessário me recordar. - digo e ela suspira. - Porquê você estava me chamando? - questiono querendo mudar de assunto. - Temos de ir lavar a roupa. - ela avisa e eu suspiro. - Vamos logo, Nirlian. - ela diz me puxando e vamos andando pelo corredor, em direcção à saída para a área de lavagem. - Mas o sol vai se pôr daqui à pouco. - resmungo. - Por isso temos de nos apressar. - ela diz e eu reviro os olhos. Claramente que não éramos só nós às duas lavando as roupas, porque tudo nesse castelo é em grande quantidade, inclusive às roupas que são trocadas incontáveis vezes, pelos inúmeros criados. Visto que a realeza não repete nenhuma roupa, à não ser algum uniforme real. E são os estilistas quem tratam deles, nós não. E mesmo essas roupas, não são normalmente repetidas, mas não se questiona, não é? - O Rei já chegou. - a Meliá, outra criada comenta entrando na área de lavagem e meu coração falha algumas batidas. - O meu pai tinha saído com o Rei. - murmuro para a Fátima, enquanto passava a roupa pela água limpa. - Você acha que ele já sabe? - ela me questiona, oscilando seu olhar para mim e para a sua roupa. - Espero que não. - respondo. Lavamos à roupa por um belo tempo e já estava escuro quando voltamos para os nossos aposentos, hoje outro grupo está encarregue de servir às refeições. Estou em minha cama, deitada. Enquanto a Fátima retira nossas vestes. Nós temos a mania de ir ao riacho e tomar banho à luz do luar, na verdade eu tenho e ela sempre me acompanha. Vamos sempre após às refeições noturnas, e não passa lá ninguém. - Ele disse que pediria minha mão aos meus pais. - a Fátima acaba de contar sobre o cavaleiro que a corteja. - Já vai se casar, Fátima? - a Liana, outra criada companheira e amiga de aposento nos surpreende ao entrar. - Ainda não sei bem. - ela responde demasiado corada. Alguém está apaixonada. E foi conversa jogada fora e por algum motivo em especial, em minha mente só passava a imagem dos olhos azuis, penetrantes, cativantes e atraentes do príncipe. Eu nem sequer devo pensar nisso, antes que acabe nas masmorras. Ah, lembrei! Eu já vou para lá.
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