JÚLIA FERNANDES Depois de dez horas de voo, enfim aterrissamos no Brasil. Meu coração batia tão forte que parecia querer pular do peito. Era estranho voltar para o lugar de onde fui arrancada à força. Fazia anos. Anos desde que a minha vida foi virada do avesso. Mesmo assim, havia algo reconfortante no cheiro do ar. Na língua sendo falada ao redor. No calor diferente que não vinha só do clima, mas da alma do país. Era como se tudo dissesse: “Você está de volta, mesmo ferida, você ainda é parte disso.” Pegamos um táxi no aeroporto e pedimos que nos levasse a alguma pousada simples em São Paulo. Nada de chamar atenção. Nada de hotéis caros. Estamos fugindo. A Jade ficou o caminho inteiro admirando a cidade, encantada como uma turista no primeiro dia de férias. Eu, ao contrário, ap

