Desastre

1368 Palavras
— Aquilo me tingiu como uma faca.  Eu não queria ficar naquele lugar, com gente estranha! Prefiro apanhar todos os dias do que aquele...lugar...fim de mundo, purgatório!    Não disse nada, só forcei um sorriso.   Dois dos policiais colocaram minhas malas ao meu lado e saíram. David ficou, se abaixou e me fez encará-lo.    David: Vá lá, pequena...Boa sorte. — Ele me deu um beijo na testa e saiu.   O acompanhei com o olhar, até fechar a porta. Voltei minha atenção para Amélia, esperei ela tomar sua verdadeira forma, como se fosse uma bruxa, daqueles filmes, que só esperavam as pessoas saírem para mostrar sua verruga e seu mau humor... Mas foi tudo muito pelo contrário, ela afagou meus cabelos, pegou minhas malas e começou a me mostrar os lugares...Seu sorriso perfeito e suas covinhas não sumiam sequer um segundo.   Lá era um lugar cheio de cômodos, que te confundiriam facilmente.   Havia 3 cozinhas, 2 refeitórios, 40 banheiros, 80 quartos com 10 treliches em cada...A escola era como uma normal, mas havia menos salas...15 no máximo.  O parquinho era atrás, cheio de crianças, tinha o parque ecológico, onde outras crianças liam livros debaixo de árvore, conversavam...Os mais velhos que ficavam lá, tinham entre 13 e 17 anos.   Assim prosseguiu a ´´tour´´, cheguei ao meu quarto, e Amélia me explicou algumas regras, que eu m*l entendi, pois estava distraída com meus pensamentos.  Ela saiu, peguei as malas, guardei minhas roupas no baú que ficava em frente minha cama, depois de um longo tempo, terminei.  Coloquei meu diário e urso em meu travesseiro e fui tomar banho.  Terminei, vesti aquelas roupas brancas...Fiquei parecendo um grão de arroz.  Até ri de mim mesma.   Meu quarto era diferente, não era de treliches e nem beliches, e sim camas de solteiro, normais.  Fiquei curiosa para saber quem seria as minhas outras duas colegas de quarto.  Me deitei na cama e comecei a escrever em meu diário sobre meu dia ...Estranho. Ainda eram 14:00 da tarde, e o dia parecia nunca acabar. Eu queria poder passá-lo logo. Duas meninas entraram no quarto, uma loira e outra ruiva.   Enjoadas, e patricinhas...Percebi logo pela cara e o jeitinho de andar.  Até em orfanato existia isso?!   O mundo está perdido mesmo! —  Ruiva: Olá, você deve ser a novata ...Bom, meu nome é Rafaela.   Cuidado, deixe seu baú e seu diário trancados, pois em um piscar de olhos, podem ser roubados. — Ela disse se jogando na cama do meio —  Loira: Eu sou Jolie ...Han...Oi. — Ela me olhou com cara de nojo e se deitou na outra cama. —     Continuei calada, eu não quero falar com ninguém, nunca mais! Passei a tarde toda em minha cama, escrevendo no diário ...Até que fomos chamadas para o jantar.    O ambiente era enooooooooooooooooooooooorme, acho que assim já descreveu um pouquinho de como era.   Nem imaginei que seria tão grande. Mas compensava, pelo tanto de gente que tinha lá.   Peguei minha bandeja com uma caixinha de suco, prato de comida e colher e fui me sentar.   Algumas pessoas conversavam e olhavam para mim e logo em seguida riam.   Alguém jogou macarrão em meu cabelo, mas não vi quem era.  Isso me deixou com raiva...Logo no meu primeiro dia, já estou sofrendo Bullying!    Terminei, devolvi as coisas e quando fui passar entre as pessoas, algum filho da p**a coloca o pé no meio, me fazendo tropeçar e cair.  Todos riram, me levantei, desajeitada e continuei a andar...Voltei para o quarto e me joguei em minha cama, mas bati meu rosto contra um livro...Primeiro eu fiquei com uma dor horrível no nariz, segundo fiquei morrendo de raiva, terceiro, o atirei longe e por último fui pegá-lo ...Olhei o título e era ´´Hapness´´, um livro inglês?! Daora!  Me joguei na cama e logo comecei a ler...Era incrível, a maioria das coisas condiziam com minha vida...Pai que faleceu, irmão i****a, mãe que não ligava para a filha...Bom, ao menos foi tudo igual a minha vida até começar a parte em que a menina mudava radicalmente de vida, de um dia para o outro...Aquilo me fez pausar a leitura e imaginar minha vida quando fizesse 18...  Festa, amigos, decepção amorosa, viver radicalmente, viajar, faculdade louca, peguetes.... Ah!! Não vejo a hora de sair logo daqui!  Meus pensamentos foram interrompidos pelo palito de fósforo humano. ~  Rafaela: Muito boa a cena no refeitório, você está pronta para trabalhar no circo!  — Fiquei calada e voltei a ler —  Jolie: O gato comeu a língua dela!  Rafaela: Acho que não...Deve ter sido quando ela caiu, mordeu a própria língua que o pedaço desceu sem ela perceber.  Jolie: Boa! — Elas fizeram toque — ~  Como criaturas de 10 e 11 anos conseguiam agir assim!? Me poupe, nem eu sou tão i****a e irracional!  O resto da noite seguiu por elas ficarem mexendo comigo, às 22:00 as luzes se desligaram.   Peguei no sono rapidamente.  No outro dia, todas fomos acordadas por um sinal...As meninas se levantaram da cama desesperadas, topando uma na outra, pegando várias coisas e correndo para o banheiro, alguns minutos depois elas saíram arrumadas e mexendo em seus cabelos lisos e perfeitos.   O cheiro delas eram iguais...Rosas e morango.  Antes que elas pudessem sair eu perguntei:  Eu: Aonde vocês vão?!  Jolie: Ah, o bicho fala! Então...vamos ao Campeonato.  Alguns adultos virão, e vamos provar nossa capacidade nas coisas e se tivermos sorte, eles nos adotarão! É melhor você se apressar, se a dona Célia te vir assim, vai te dar um grande puxão de orelha! — Elas saíram e eu me levantei, peguei outro uniforme...Eu tinha esquecido disso...Amélia havia me avisado ...Me vesti lá no quarto mesmo, corri pro banheiro, fiz minhas higienes e olhei meu cabelo no espelho...Estava só a farinha, e bagunçado.   Fiz um coque rápido, coloquei minhas novas sapatilhas pretas — Lolita — e saí correndo, o ambiente estava totalmente vazio, e todos já estavam em filas, enquanto adultos se organizavam.   Eu comecei a correr pelo meio da grama, todos me olharam, TODOS!   Minha sapatilha saiu do meu pé e eu caí de cara no chão e o coque se desfez, mostrando meu cabelo que parecia uma teia de aranha...Todos riram e eu queira que minha cara fizesse um buraco no chão e ficasse ali para sempre.  Mas não foi bem assim, o gramado se descolou, meu rosto parecia que estava cheio de cocô de pombo.  Todos estavam rindo, me levantei e senti alguém me puxar pelo braço...Era uma mulher alta, feia, velha e gorda. Ela me colocou na fila e me fuzilou com o olhar, depois saiu.  Olhei em volta, todas as meninas limpas, com cabelos perfeitos, sapatilhas limpinhas...Enquanto eu estava com o cabelo igual da Vanessa da Mata, um pé com sapatilha suja e outro sem sapatilha, deixando minha meia rasgada à mostra.  Minhas roupas era o pior dali: a blusa que devia estar dentro da saia, estava fora e suja, e o pior, era que só um lado estava fora.  Sem contar do meu rosto, acho que se eu fosse enviada para o circo, seria conhecida como ´´ A Fera ´´ porque a bela já morreu desde o dia em que eu decidi correr com a sapatilha mais folgada de calça de palhaço.   Todos fizeram algo legal para os adultos verem, e adivinha de quem era a vez? Sim, a minha...Fui para o mesmo lugar que eu tinha caído e peguei o microfone...Eu não queria ser adotada, então fiz cara de b***a e não disse nada.   Aquela gorda feia me olhou como se fosse me matar. Então decidi falar.    Eu: io — Não bastou eu dizer ´´ Oi´´ de trás para a frente, pois fiz uma careta ...O que fez todos os adultos rirem —     A tia porpetinha tomou o microfone da minha mão e me mandou ir para o meu quarto. Acho que nem precisou ela pedir, pois eu já iria fazer isso.  Cheguei lá, e tinha um menino sentado na minha cama, balançando as pernas para a frente e para trás.  Ele me olhou e sorriu, como se minha aparência de abominável menina que lascou a cara no gramado não o incomodasse.
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