Tudo começou com o som de um motor e uma porta se abrindo.
Quando Lívia aceitou aquela carona de Theo Navarro — o garoto feito de silêncios, olhares esquivos e uma reputação nebulosa — ela não tinha ideia de que estava, voluntariamente, entrando no olho de um furacão. Aquele gesto, que deveria ter sido trivial e esquecível, tornou-se a faísca que incendiou seu mundo.
A tranquilidade de sua vida foi estilhaçada em questão de dias. De repente, seu nome não era apenas seu; ele pertencia às bocas cruéis nos corredores, às notificações incessantes de denúncias anônimas e às postagens venenosas que distorcem a realidade até torná-la irreconhecível.
Theo tentou avisá-la. Havia um peso antigo em sua voz quando ele revelou que aquele roteiro macabro já havia sido encenado antes.
Com outra garota.
Com outro final.
Alguém estava tirando a poeira de velhos traumas, repetindo um padrão meticuloso e c***l — e, desta vez, Lívia havia sido escalada como o alvo.
Enquanto a escola se transformava em um tribunal a céu aberto, onde boatos valiam mais que fatos, Lívia se viu diante de uma encruzilhada: ceder à pressão da maioria ou confiar no garoto que todos apontavam como o vilão. Theo nunca entregava a verdade de uma vez; ele a oferecia em fragmentos dolorosos, revelando aos poucos a culpa que carregava e o fantasma da garota que sumiu.
Mas a verdade é um terreno perigoso. Quanto mais Lívia cavava, mais percebia que nada ali era simples. Nem os sentimentos intensos e proibidos que começavam a surgir entre os dois, nem a culpa que parecia corroer Theo por dentro, e muito menos as intenções de quem decidiu, friamente, reabrir feridas que nunca cicatrizaram.
Entre confissões sussurradas, segredos enterrados e consequências irreversíveis, Lívia estava prestes a aprender a lição mais dura de todas:
Um erro pode ter o poder de destruir tudo o que você conhece. Mas, às vezes, é preciso ver seu mundo desmoronar para descobrir quem realmente ficará ao seu lado nos escombros — e quem estava segurando o fósforo desde o começo.