Amor e Ódio

750 Palavras
Tendo focar em algo. Busco clarear meus pensamentos e lembrar do que preciso fazer. Mas a medida em que os segundos passam o aperto em volta do meu pescoço se torna maior. Me tirando o ar. — Têm certeza de que quer nessa briga comigo? — a voz de Lorenza corta o silêncio. — Você sempre se achando o todo poderoso. Você ainda vai cair Lorenzo. Vai cair em frangalhos e não vai restar nada de você. O vejo levantar a arma. Em punho, seus lábios se abrem em sorriso diabólico. — Sai da frente. Ou vou matá-la. — o homem avisa. De repente, o desespero pode ser percebido. Não preciso olhá-lo e sei que Lorenzo também percebeu a mudança. — Acha mesmo que eu me importo — as palavras de Lorenzo me atingi. Recuperando partes de quem sou, noto o exato momento em que o homem vacila. Ele sabe quem é Lorenzo melhor do ninguém. Achar que estaria seguro por minha causa é uma tolice. Ouço o barulho da arma sendo engatilhada. Um arrepio quase dolorido passa por mim. Lembro de onde estou, do que está em jogo e do preciso fazer. Todos os meus instintos voltam a se ascender. Aproveito o tremor que passa pelo corpo do homem atrás de mim. Foi leve, sutil e poderia ter passado despercebido a alguns segundos atrás. O homem que ainda me segura firme vacila. Empurro meu corpo para baixo de uma só vez. Sinto o pano da minha camiseta rasgar. Os próximos segundos passaram como um borrão. Senti meu abdômen dolorido pelo chute que recebi. Escutei um barulho de tiro. E ouvi um grito de dor, que não era meu. O som dos socos e o metal frio de uma arma sendo usada para bater ocuparam o espaço. Um corpo cai por cima de mim, bato com violência a cabeça no chão. Me perco por alguns segundos. Meu corpo dói. Minha cabeça dói. Tenho quase certeza de que um corte se abriu atrás dela. O peso excessivo que carregava se esvai. O ar volta a circular com mais facilidade para dentro dos meus pulmões. No segundo seguinte eu o vi. Lorenzo jogava o corpo do desgraçado para longe. Notei que ele estava garantindo que o infeliz já tivesse encontrado o caminho para o infern@. Quando ele volta a se virar na minha direção, pude notar a mudança. Embora a mascara da frieza ainda estivesse ali, estampada em cada pedaço de seu rosto, o brilho do animal se mantinha presente. Era como uma caça, e ele tinha conseguido pegar a presa. Conforme se aproximava, pude notar que ele estava ferido – um corte sangrava em sua testa, a roupa seja de sangue denunciavam que o abdômen também estava ferido – mas seu olhar era inabalável. — Você está bem? — a voz rouca, quase irreconhecível me fez tremer. Não por medo, e sim por reconhecimento. Eu não respondi. Não podia, não conseguia. Estava em choque. Fui inundada por uma onda de emoções que eram contraditórias. Empurrei meu corpo para cima, me esforçando para voltar a ficar em pé. Ele esperou. Esperou pelos meus próximos passos, meus próximos movimentos, como quem tem dúvidas do que virá a seguir. Pronta, me atirei contra ele. Sim, eu realmente me atirei contra Lorenzo, sem pensar em nada, sem medir os problemas, sem me preocupar com a dor que eu e ele sentia. Eu o abracei com todas as minhas forças, as lágrimas de alívio, dor e raiva misturadas em um rio caótico. Eu o odiava por tudo que havia me tirado; eu o amava por tudo que ele arriscou para me salvar. Ele hesitou por um segundo. Não me importava, meu precisava dele. A rigidez de seu corpo era palpável, achei que seria repelida, que seria empurrada para longe, mas então seus braços fortes se fecharam ao meu redor, puxando-me para a segurança do seu peito. Enquanto meus braços se mantinham firmes ao redor de seu pescoço, senti como se meu mundo tivesse voltado para o lugar. Me afastei, apenas por alguns centímetros, apenas para conseguir olha-lo nos olhos. Maus uma vez eu avancei. Pegando-o de surpresa, ou não. Meus lábios encontraram os seus, na urgência do momento. E o beijo que veio a seguir, ali, no meio da sujeira e do sangue, não era de paixão romântica, mas de uma promessa silenciosa e desesperada. Uma aliança construída sobre o sangue, a dor e a verdade. Nós estávamos juntos, e o mundo inteiro seria o preço.
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