A encontrem

608 Palavras
Lorenzo O silêncio dela me assombrava. Eu a observei caminhar até a porta de carvalho maciço e sumir. Eu a deixei ir. Foi o único ato de respeito que pude oferecer. Eu não devia, não sou essa pessoa. Sou um homem poderoso, que controla a tudo e a todos, mas... O que ela disse me atingiu com a força de um soco no plexo solar. Vinte anos atrás. Uma guerra de território friamente calculada. Um pequeno incêndio para intimidar um rival. Eu me lembrava do incidente como uma nota de rodapé suja em um relatório arquivado. Para ela, foi o fim do mundo. Eu não deveria me importar. Não quebrar a muralha que eu ergui. Os avisos acontecem por um motivo. Meus homens haviam dito que não era nada demais. Sou, o arquiteto do meu próprio inferno, o sangue é presença constantes em meus Deus. Então por que me incomodava? Por que o que ela disse começou a me consumir. Eu a havia trazido para minha casa sem saber quem era, o que aconteceu em sua vida e de onde veio. Mas tinha algo ali, dentro dela que me puxava. Só ainda não sabia para onde. Eu me afundei na minha cadeira de couro, a mente girando em uma espiral de caos. Eu era um homem de lógica car@lho. De cálculos implacáveis. Não havia espaço para a emoção. Mas a raiva e a dor nos olhos de Aurora, a forma como sua voz tremeu ao me confrontar... Ela não era uma variável. Ela era uma pessoa. E eu a machuquei. Não por querer, mas pela minha própria natureza, pelo meu legado. Eu a salvei da rua para protegê-la de um mundo que eu mesmo criei. A ironia era brutal, uma piada c***l do destino. — Aurora...-- sussurrei, sentindo um peso que o dinheiro e o poder jamais poderiam aliviar. Minha reflexão — essa nova e perigosa introspecção — foi interrompida pelo som áspero do meu celular. Era Marco, meu braço direito, e sua voz estava cheia de pânico, algo raro. — O que foi? — Senhor Valente, há um problema — ele disse, atropelando as palavras. — A garota... — O que tem Aurora? — questiono sem paciência. — Ela saio. — Eu sei, porr@ — A Família Vescovi foi atrás dela. Eles sabem que ela esteve aqui. Não sei como mas eles sabem que ela saiu daqui sozinha. Estão indo atrás dela agora. O sangue gelou nas minhas veias. Eu amaldiçoei em voz alta, batendo o punho na mesa. O caos que eu tanto odiava estava se espalhando. Eu a deixei ir. Achei que ela estava certa. Ela estava mais segura longe daqui, do que aqui. Achei que o meu nome a protegeriam, mesmo na raiva. Mas a minha fúria, a minha frustração, me fizeram esquecer que ela era uma parte de mim agora. Mesmo que ainda fosse difícil de assumir. Aurora era a minha fraqueza. Os Vescovi não estavam apenas atacando uma garota na rua; estavam me atacando. — A encontrem. Eu quero todos os homens atrás dela. Agora! Ordenei, minha voz voltando ao tom de comando absoluto. — Não me importo com o protocolo. Não me importo com as regras. Eu só quero ela viva. Entendeu, Marco? Viva! Eu desliguei o telefone e me levantei, sentindo uma adrenalina fria percorrer meu corpo. Eu não poderia me importar menos com os Vescovi, com seus jogos ou com a guerra que se seguiria. Minha única preocupação, minha única prioridade, era a mulher que eu havia deixado escapar. A mulher que havia me exposto. Eu tinha que encontrá-la antes que o mundo que eu criei a destruísse completamente.
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