Capítulo 02 Pietra

1443 Palavras
Pietra Narrando O gosto dele ainda tava na minha boca. Eu tava tremendo por dentro, com a respiração presa no peito. A língua dele ainda tava na minha pele, mesmo depois de ter parado. O toque, o cheiro, o jeito que ele me olhava… eu tava entregue. A boca dele me conhecia melhor do que qualquer outro no mundo. Deitei do lado dele, puxando pelo pescoço, e beijei de novo. Meu gosto ainda escorria da boca dele, e o dele ainda pulsava em mim. — Tu não existe… — falei, entre um beijo e outro, mordendo os lábios dele. — E tu é meu inferno particular, Pietra… — ele respondeu com a voz rouca, me apertando pela cintura como se não quisesse nunca mais soltar. — Já era pra gente ter vivido isso há muito tempo. Desde os meus dezesseis eu penso nisso aqui… em me entregar pra tu, inteira. Sem medo, sem ninguém no meio. Ele travou por um segundo, me olhando sério. A mão dele ainda entre minhas coxas, me tocando como se tivesse certeza que eu era dele. E era. — Se teu pai descobre… ele me mata. — ele sussurrou, e mesmo dizendo isso, não parava de me dedilhar. — Eu não quero saber. Eu sou tua, ouviu? Sempre fui. Me virei em cima dele, sentando com firmeza, sentindo o p*u dele quente, pronto pra mim. — Então cala essa boca e me mostra que agora eu sou tua de verdade. Porque eu sou. Só tua. — Tu é doida… mas eu sou maluco em tu, Pietra. Não tem volta. Ele me puxou de novo, me beijou com força, e meu corpo respondeu. Eu tava molhada, pulsando, pronta. — Me toma. Me faz tua. Como se o mundo fosse acabar agora. — Eu sussurrei no ouvido dele. — Me deixa entrar… — ele pediu, quase sem ar. — Vem… — falei, com a boca colada na dele — …tô pronta. Vem ser meu. — Rainha... — ele murmurou com aquela voz rouca, grudada na minha pele, o corpo trêmulo. Aí o radinho apitou. — PIETRA!! ONDE TU TÁ, c*****o?! A voz de Davi explodiu no rádio, cortando o ar como um tiro. A tensão virou frustração. Eu gelei. Bruno travou. — Pørra, Davi... — sussurrei, com raiva, os olhos fechando de ódio. Bruno jogou o corpo pro lado, a respiração pesada, passando a mão no rosto com raiva. — Esse cara não tem uma bøceta pra comer não? Caralhø não tem noção, não? — ele rosnou, se levantando, andando pelo quarto com o paü duro ainda, frustrado. — Sempre ele, sempre na hora errada! Me sentei, puxando o lençol pro corpo, o coração ainda batendo como se tivesse corrido da polícia. — Ele deve tá surtando... — falei, tentando respirar fundo. — E eu tô surtando porque ele acabou de føder a nossa noite. — Bruno rebateu, olhando pra mim com uma mistura de desejo e raiva. — Era hoje, Rainha. Hoje. E era. Mas no nosso mundo, nem o amor tem sossego. Me vesti às pressas, o coração ainda meio acelerado, o gosto dele grudado na minha boca. Peguei meu short do chão, puxei a blusa pelo corpo suado, tentando parecer mais calma do que eu tava. Mas era mentira. Por dentro, eu tava em chamas. Bruno veio por trás antes mesmo de eu terminar de fechar o botão do short. Me puxou e me prensou na parede com o corpo quente, pesado, respirando fundo no meu pescoço. — Tu testou todos os meus limites hoje, Rainha... — ele falou no meu ouvido, com a voz grave, mordendo minha orelha. — Tu sabe disso, né? — Eu não fiz nada... — soltei, no veneno, só pra provocar mais. Ele riu seco, encostando ainda mais o corpo no meu. Senti a pressão dele entre minhas pernas, mesmo por cima da roupa. — Sabe sim... — ele rosnou, segurando minha cintura com força. — E agora eu vou dormir de paü duro. Pensando em como seria meter em tu pela primeira vez. Devagar... fundo... te vendo perder o ar só com a primeira entrada. Meu corpo se arrepiou todinho. Mordi os lábios com força, a respiração entrecortada, apertando o paü dele por cima da bermuda com uma das mãos. — Vai sonhar comigo? — provoquei, olhando pra trás, com aquele olhar safadø que eu sabia que deixava ele desnorteado. — Vou sonhar e acordar puto. Porque tu é minha, mas cê vive escapando de mim. — É sério? Você sempre com o caô de não decepcionar o coroa. — respondi, colando minha boca no queixo dele. — Mas confessa que tu gosta de saber que ninguém nunca teve, que vai ser tu o primeiro. E o único. Ele gemeu baixinho, frustrado, me dando um tapa leve na bünda. — Some antes que eu resolva te trancar aqui e fazer do meu jeito. E eu fui, rindo, com ele ainda preso na minha mão. Desci as escadas ajeitando a blusa, o cabelo meio bagunçado, a pele ainda quente do que quase rolou. No portão da casa do Bruno, lá estava ele. Davi. Em cima da moto, braço cruzado, aquele jeitão marrento que só ele tinha. O baseado pendurado no canto da boca, os olhos apertados de raiva misturada com alívio. — Tá de sacanagëm com a minha cara, né, Pietra? — ele soltou assim que me viu. — Eu tô dando cobertura demais pra tu, e essa pørra vai acabar sobrando pra mim, c*****o! Fingi calma, mas a adrenalina ainda corria solta em mim. — Relaxa, Davi. Ninguém viu, ninguém sabe. — Tu acha que é brincadeira? Eu tô rodando esse morro tem em horas esperando por tu. Tua mãe liga, teu pai liga, até o Leleco tá com a cara azeda. Se o Hórus sonha onde tu tá, ele desce o morro e sobe esse aqui fuzilando tudo. E adivinha quem vai dançar nessa p***a? Eu! Ele jogou a cabeça pra trás, puxando o fumo com força, soltando a fumaça no ar, a mandíbula travada de tensão. Eu me aproximei devagar, abrindo um sorriso de canto, o mesmo que sempre desarmava ele. — Eu sei que tu me ama. — falei baixinho. — Eu sei que tu vai sempre me proteger. Davi me encarou por uns segundos, como se quisesse gritar, mas tudo que conseguiu foi soltar um suspiro pesado, deixando o baseado cair no chão. — É isso que me føde... — ele murmurou. — Tu sabe demais. Sabe o quanto eu te amo, o quanto eu te protejo... Mas um dia essa tua ousadia ainda vai custar caro, Rainha. Eu ri, encostando no tanque da moto. — Vai nada. Tu nasceu pra me proteger, Davi. Até do mundo... e de mim mesma. Subi na garupa com a marra de sempre, jogando o cabelo pro lado, como se não tivesse deixado Bruno quase de joelhos, suando e duro por minha causa. Davi acelerou, sem dizer nada no começo. A gente desceu o Vidigal no grau, a cidade piscando lá embaixo, mas o clima entre nós dois tava fervendo. No meio da descida, ele virou a cabeça com a cara fechada, a fumaça do estresse saindo pelos poros. — Eu deixei de comer bøceta pra vim atrás de tu, pørra! — ele explodiu, acelerando mais. — O coroa ia colocar o Morro dos Prazeres abaixo se eu não tivesse falado que eu sabia onde tu tava! E que eu tinha hora pra te pegar! Me segurei firme no tanque, sentindo a raiva dele vibrar na moto. Gritei por cima do vento: — Por isso que eu te amo! Mas se tu não comeu bøceta, tinha que atrapalhar a minha primeira vez? Ele deu uma freada brusca e me olhou com a testa franzida, indignado. — Tu tá metendo essa pra mim não, cara... Tu sabe a pørra do peso da responsabilidade que tá jogando nas minhas costas? Eu não aguentei. Soltei uma gargalhada alta, daquela que ecoa no morro. Ele subi a frente da moto, dando aquela empinadinha que só quem domina entende. Gritei sem medo, com o vento batendo no rosto: — Ô, Rei! Tu acha mesmo que eu vou morrer virgem? Tu acha que eu vou esperar fazer trinta anos como papai falou? Como vô Miguel falou? Eu tô é velha! Não sou doida não! Bøceta foi feita pra dá, e eu vou dá pørra! E vou guardar pra quê? Pra terra comer? Davi bufou, passou por mim rasgando num zigue-zague. — Tu vai me matar ainda, Pietra! Mas ele sorriu no canto da boca... sempre sorri quando vê que eu tô sendo só eu: a Rainha. continua....
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