CAPÍTULO 4

1876 Palavras
MARINA GONÇALVES Acordei com uma dor de cabeça horrível, resultado da bebedeira de ontem, todo aquele álcool me rendeu uma ressaca daquelas, principalmente a ressaca moral, eu fiz uma grande besteira. — Que merda você pensou quando decidiu fazer essa loucura, Marina? — murmurei massageando as têmporas. As imagens do meu beijo com o Léo passam na minha cabeça e eu sinto meu corpo inteiro reagir, foi tão gostoso, tão perfeito, o beijo dele é ainda melhor do que eu imaginava. Eu sempre sonhei com nós dois juntos, sempre passei horas imaginando como seria o beijo e a pegada dele, eu sabia que era boa, se não fosse, aquelas mulheres não ficavam atrás dele igual cadelas no cio, mas a experiência que eu tive ontem foi ainda melhor, aquele beijo, o jeito que ele prendeu meu cabelo enquanto enfiava a língua na minha boca, superou todas as minhas expectativas, me senti incendiar só com um beijo, imagina o resto… só de pensar eu já estou pegando fogo de novo. Eu amo aquele homem, mas eu sei que não importa se ele também gostou do beijo, e eu sei que gostou, eu senti isso, só que ele nunca vai admitir e muito menos permitir algo entre a gente, e a essa hora ele deve estar querendo me matar, a merda que eu fiz ontem só serviu para aumentar o meu sofrimento e a distância entre nós. Depois de tomar um banho demorado na tentativa de aliviar minha ressaca física, eu saio do quarto, ando como se estivesse cometido um crime, olho os corredores e cômodos antes de entrar, com medo de dar de cara com o Léo, ele fica terrível quando está com raiva e eu tenho certeza que depois de ontem, ele está com muita raiva de mim. — Bom dia, Laura. Cadê todo mundo? — pergunto ao entrar na sala de jantar. — Seus pais estão no jardim, eles sempre acordam no mesmo horário, você sabe — balanço a cabeça concordando. — E o Léo? — Não apareceu até agora, saiu de madrugada, segundo o segurança, aquele ali não tem jeito. — Não tem mesmo — forço um sorriso. Eu fiquei o dia todo com aquela ansiedade para encontrá-lo e ver como estamos agora, se ele vai brigar ou só fingir que eu não existo como ele geralmente faz, mas ele não apareceu, o que me deixou muito triste, porque eu tenho quase certeza que ele está com a Lucy. — Laura, você sabe me informar se o Leonardo voltou para casa ontem? — ouço minha mãe perguntando assim que passo pela porta da sala de jantar. — Voltou sim, senhora, o Diogo disse que ele voltou ontem depois da meia noite. — Onde esse menino se meteu o dia todo? Você sabe, Marina? — n**o com a cabeça e ela bufa — Os anos passam e esse menino não muda esse jeito dele, pior é que nem terapia ajuda mais. —Assim que minha mãe terminou de falar, o ditos cujo passou pela porta. — Bom dia, meu filho. Onde você se enfiou ontem que nem café da manhã tomou? Sinto um arrepio percorrer meu corpo quando ele me encara, e nem é porque ele está um gostoso com aquela camisa social que marca perfeitamente cada músculo, é de medo dele abrir aquela boca e despejar toda a merda que eu fiz na outra noite, ele é bem capaz de falar tudo na frente deles, o Léo não tem papas na língua, é desconfortável na maioria do tempo. — Eu estava afim de descansar e acabei indo para a ilha ontem — diz, desviando os olhos de mim. — Você e aquela ilha, não sei como você gosta de passar um domingo inteiro naquele lugar isolado do mundo — minha mãe diz e ele, é claro que não perde a oportunidade de me alfinetar. — Lá é ótimo justamente por isso, não tem pessoas desagradáveis e atrevidas. — Nossa, Leonardo, você precisa aprender a ser mais simpático, que jeito de falar — minha mãe bufou revirando os olhos. No início do café da manhã eu estava apreensiva com medo do Léo me entregar, mas no final eu terminei frustrada pois o Leonardo me ignorou o resto do tempo, nem mesmo me olhou novamente. Depois do café da manhã, eu corri para o trabalho, hoje eu tenho uma sessão de fotos para fazer e um catálogo para finalizar. Eu amo o meu trabalho, sou fotógrafa e também faço alguns trabalhos de designer gráfico, faço catálogos para grifes, books para modelos, anúncios para empresas… eu montei meu próprio escritório há cinco meses, estou começando a caminhar por conta própria e estou muito feliz. A semana foi muito corrida e eu estou cheia de trabalho, graças a Deus. Inclusive vou trabalhar com o Luis Gustavo Fontaine, aquele homem que conheci na inauguração da loja de vinhos. No começo eu pensei em recusar, mas é uma grana excelente e que vai me deixar com um nome mais conhecido no mercado, afinal ele é o CEO da Lux Diamond, a grife que comanda as passarelas dos desfiles da fashion week pelo mundo. Na próxima segunda-feira vamos ter nossa primeira reunião e eu já estou me preparando para qualquer coisa. Eu realmente não curti aquele homem. Hoje é um belo sábado e eu ainda estou no escritório finalizando um catálogo, preciso entregar esse trabalho antes de assinar com a Lux Diamond. Já estou quase encerrando quando o meu telefone começa a tocar. — Oi, mãe. — Marina, já passa das 17h, você não vai vir embora se arrumar para a reunião? Meus pais amam reunir os amigos lá em casa, eles convidam vários parceiros de negócios, amigos mais chegados e fazem um jantar onde falam sobre absolutamente tudo, é muito legal e às vezes tem até instrumentistas fazendo um som para animar o povo. — Eu já estou indo, mãe, em alguns minutos chego aí! — respondo e encerro a ligação. Assim que estacionei na garagem vi que o Léo também está chegando, eu desço do meu carro e ele do dele, mas ele nem me olha. Por que ele tem que me ignorar assim? Essa semana toda, ele saiu muito cedo e chegou tarde, teve dias que nem mesmo voltou pra casa. Corri para o meu quarto, tomei um banho rápido e escolhi um vestido elegante mas confortável para vestir. Quando eu desci, já avistei a Jules. — Eu estou entendendo algo errado, ou parece que está pintando um interesse entre você e o CEO gostosão desde o dia da festa? — pergunto, aproximando-me dela, que acabou de ficar sozinha. — Não exagera, Marina. Nós só estamos conversando — ela responde, e eu a encaro. Ela não consegue nem disfarçar o interesse e ele também não. — Até parece que eu vou acreditar nisso, não é mesmo? Jules, é nítido que tem interesse nas duas partes, já estão até comentando… — Comentando? — Interrompeu-me — Quem está comentando, e o quê? — Pergunta. Mesmo tentando disfarçar, sua ansiedade pela resposta, me faz rir. — Jules, o cara é o homem do momento, é óbvio que está no centro das atenções, e todos viram que assim que ele entrou aqui ele ficou olhando para você e depois chegou perto. Na festa também foi do mesmo jeito, é óbvio que ele gostou. Já você, eu te conheço muito bem e é visível sua cara de boba quando fala dele, ou quando está com ele. Eu estou tão feliz por você! — comemoro. Ela merece muito ser feliz. — Calma lá, Marina, não vamos colocar muita expectativa nisso — diz, parecendo preocupada. — Por que não? Jules, você merece ser feliz, para de ficar enterrada em um passado que já foi. Esse homem é um deus grego, bilionário e como se tudo isso não fosse suficiente, ele também está caidinho por você. Aproveite, mulher! — Digo empolgada. Se tem uma coisa que me sobra, é empolgação. — Como eu disse, não vamos criar muitas expectativas. Nós não sabemos se ele está realmente interessado, esse jeito dele conversar comigo pode ser algo natural dele, ele deve usar com todos. Marina, eu não preciso de mais frustração na minha vida — ela suspirou desanimada. — É melhor deixar as coisas fluírem naturalmente, sem esperar demais. — Tá vendo! É disso que eu estou falando, você está muito interessada nele, Jules! — Falei sorrindo. Ela está com uma carinha de quem está sonhando acordada. — Chega, Marina! Vamos falar de você agora. Como estão as coisas por aqui? — Pergunta, fazendo-me lembrar da minha desilusão amorosa, porque é isso que minha história é, uma grande desilusão. — Como sempre, nada mudou, Jules, ainda mais agora que a Lucy está de volta — Suspirei ao lembrar que a cobra voltou — Eu não sei porque eu tive que me interessar justamente pela pessoa que eu nunca vou poder ter. Ele é meu irmão, caramba! — Falo, enquanto caminhamos até a varanda. — Ele é seu irmão adotivo, Marina, não é de sangue. Quando a tia te adotou, você já tinha quatorze anos, não deu nem para criar sentimentos de irmão. — Deveria ser simples assim, mas não é, eu disse o que eu sinto e ele me falou um monte de coisas — acabo rindo ao lembrar da nossa discussão. — Você disse o que sentia por ele? Quando foi isso? — Pergunta surpresa. — É exatamente isso, eu fui lá e me declarei. Foi na festa, ou melhor depois da festa. Eu bebi algumas taças de vinho, muitas taças de vinho na verdade, eu precisava de coragem. Bom, quando chegamos aqui eu o segui até essa varanda, esse é o lugar favorito dele. Eu me aproximei e me declarei, falei tudo e no final ainda tentei beijá-lo. — E aí, o que aconteceu? Ele pelo menos retribuiu o beijo? — No começo sim, acho que foi mais pelo susto, mas depois ele simplesmente me empurrou e me falou um monte de merda. Eu me senti um lixo. A verdade é que o Léo nunca gostou muito da minha presença aqui. Eu desabafei tudo que está me corroendo essa semana e foi bom falar. Depois que voltamos para o salão, minha mãe me chamou para levar o Léo para o quarto, ele exagerou na bebida, o que é bem estranho. Vou até ele, que já está no quinto degrau da escada, mas já me preparo para uma possível guerra. — Vamos! Eu te ajudo a subir as escadas — digo segurando firme o seu braço. — Eu não pedi sua ajuda. Me solta! — tenta esquivar-se das minhas mãos e quase rola escada abaixo de tão bêbado que está. — Que merda, Leonardo! Você quer morrer?! — rosnei, prendendo firme meus braços em volta da sua cintura. O cheiro do seu perfume, que está bem no meu nariz, me deixa perturbada. Atravessamos o corredor e entramos no seu quarto. Puxo o seu terno, depois começo a desabotoar a sua camisa. — O que você pensa que está fazendo? — pergunta, segurando minha mão. Minha respiração fica acelerada com o seu aperto firme, o seu cheiro e tudo aqui… eu estou no quarto dele, na cama dele.
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