📓 NARRADO POR LÍVIA Desci devagar, cada degrau rangendo como se anunciasse que eu tava chegando. O vestido ainda grudava na pele úmida, e a toalha no cabelo escorregava, mas eu não tinha forças pra ajeitar. Só queria sentir o cheiro que já vinha da cozinha. Quando entrei, Dona Inês tava de avental, mexendo nas panelas, o cheiro de arroz soltando vapor e feijão no fogo, tempero forte, cheiro de lar. Algo que eu nunca tive de verdade. — “Senta, menina.” — ela apontou pra cadeira da ponta da mesa sem nem me deixar abrir a boca. — “Hoje tu não encosta em colher. O que tu tem que fazer é comer e cuidar desse bebê. O resto é comigo.” Obedeci. Sentei, as pernas ainda bambas, mas o coração aquecido pelo jeito dela. Me trouxe um copo de suco natural, colocou na minha frente e falou como mãe fal

