✍️ Narrado por Braga A mesma mesa de ferro, o mesmo cheiro de cachaça barata, mas dessa vez não tinha conversa fiada. Três meses tinham passado desde o dia que plantei a ideia. Três meses de silêncio, de jogo de paciência, de fazer o Rey acreditar que eu tinha evaporado. O policial me esperava, braço jogado na cadeira, cigarro apagado no canto da boca. Os olhos dele entregavam a pressa. Eu puxei a cadeira, sentei sem pedir licença e falei direto, sem tempo pra enrolação: — “Já deu de papo furado, doutor. Hoje é o dia. Eu quero que você ponha em prática o que eu pedi. Vai até o Cruzeiro e solta o veneno: diz que o Braga já era. Morto. Que me apagaram e jogaram num buraco. Eu quero o morro acreditando nisso.” Ele me encarou, batendo o dedo no copo vazio. — “E se desconfiar que é farsa?”

