✍️ Narrado por Rey Saí do quarto com o coração martelando no peito, o barulho dos fogos ainda ecoando nos ouvidos. Desci os dois degraus que davam pra sala e ali, no meio da penumbra, encontrei Dona Inês. A velha tava de joelhos no chão frio, as mãos juntas, os lábios se mexendo rápido numa reza quase sussurrada. O terço corria entre os dedos dela como quem corre contra o tempo. O rosto dela brilhava de suor, mas os olhos estavam fechados, mergulhados na fé. Cada palavra vinha baixa, mas eu reconhecia: “livrai-nos do m*l, Senhor, protegei nossos filhos, não deixe a bala perder inocente.” Por um instante, a raiva no meu sangue tremeu. Não era medo, era respeito. Dona Inês era dessas que segurava o morro mais pela fé que muito fuzil. Aproximei devagar, mas a voz saiu firme, porque ordem

