✍️ Narrado por Rey O vestido jogado no canto ainda tava com cheiro da lembrança da loira, da bruxa que parecia ter grudado na minha pele mas a noite era outra, e eu precisava enterrar aquele fantasma no meio do barulho. Me arrumei no espelho rachado: bermuda de tactel preta, camisa de marca, corrente grossa pesando no peito, boné aba reta cobrindo metade do olhar. Puxei a Glock da gaveta, conferi pente cheio e enfiei na cintura. Quando desci a escada, Dona Inês tava na cozinha, mexendo panela. Me olhou de lado, aquele olhar de mãe que já cansou de dar sermão: — “Baile em plena semana, menino? Cê não para um segundo.” Soltei a fumaça do cigarro, dei risada torta. — “Tô tentando me livrar de uma bruxaria, Inês. Se não for no pó, é no grave.” Ela balançou a cabeça, resmungando: — “Deus

