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1775 Palavras

MT Narrando Acordei como quem apanha no escuro. A cabeça latejava numa batida lenta e torturante, a boca tava seca igual o asfalto da laje no sol do meio-dia, e o sol, esse filho da p**a, atravessava a cortina do quarto como se fosse um tapa divino na cara de quem vive errado. Tentei abrir os olhos direito, mas parecia que minha pálpebra pesava dois quilos. Peguei o celular do chão, todo torto no carregador, ainda no modo avião desde sei lá quando. A tela acendeu devagar, 15:47. Três da tarde e eu aqui, parecendo um defunto com dívida no SPC. A memória vinha em flash. A laje lotada, copo na mão, funk batendo na alma, mulher rebolando no meu colo, a fumaça do cigarro rodando no ar como névoa de guerra. Eu tava rindo, gritando, sendo rei por uma noite — ou fingindo ser. Porque no fundo,

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