44

1266 Palavras

Caio narrando Três meses. É estranho pensar nisso. Três meses e parece que foi ontem que eu vi ela correndo pelo beco, me mandando me afastar, batendo em mim com uma dor que nem ela sabia explicar direito. Mas foi. Três meses se passaram. E eu tô aqui, no mesmo lugar. Sentado na mesma cadeira torta da boca, vendo os mesmos moleques passando com fuzil nas costas, ouvindo o mesmo samba saindo da caixa velha na laje do Zóio. Só eu que não sou mais o mesmo. A real é que… alguma coisa em mim morreu. Não foi uma coisa que dá pra apontar, dizer “foi naquele dia”. Não. Foi aos poucos. Foi murchando. Igual flor que ninguém rega. Minha rotina? É isso aqui. Boca, ronda, dinheiro entrando, olho vivo, dedo leve no gatilho, e zero paciência pra gracinha de vagabunda em porta de baile. Tem dia que eu

Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR