Capítulo Três

2637 Palavras
P.O.V. Aurora Eu acordei super disposta. Eu tenho uma entrevista de emprego e espero conseguir. Entrei no banheiro. Escovei meus dentes e tomei um banho. Me sentei enfrente a penteadeira e passei a arrumar meu cabelo. Eu fiz um coque deixando duas mechas, uma de cada lado, soltas na frente. Coloquei um vestido preto, ele é de manga longa e tem um decote nos s***s. O vestido vai até o joelho. Reparei que tinha engordado um pouco, o vestido ficou justo no meu b***o. Coloquei um salto e estava pronta. Desci e me sentei para tomar café. __ Bom dia - minha tia colocou ovos mexidos no meu prato. Eu já não estava mais chateada com ela. Minha tia cuidou de mim, quando meus pais não me quiseram. O mínimo que posso fazer é ajudar ela também. __ Bom dia - tomei um pouco de café. Eu não sabia como começar a conversa com ela. Dizer que ela precisa de tratamento é a mesma coisa que dizer que ela é viciada. A maioria dos viciados não reconhecem seus vícios, e se reconhecem, preferem ignorar. __ Já vai para a entrevista? - assenti. __ Quando eu voltar vou conversar com a senhora, antes da faculdade. __ Se for sobre o dinheiro... __ Não! Não é isso, eu juro - me levantei e dei um beijo na testa dela - até mais tarde. Chamei um táxi que me levou até a empresa de tecnologia. O prédio era grande e espelhado. Uma das recpcinistas me mandou para o último andar. Eu estava um pouco atrasada e acabei sendo a última. Quando meu nome foi chamado eu entrei na sala e me assustei um pouco. O menino que estava ali não era muito mais velho do que eu. __ Eu sei, sou muito novo. Você não foi a única a reparar nisso - ele puxou a cadeira para mim sentar. __ É... __ Eu não tomo esse tipo de decisão sou apenas um estagiário. Mas recentemente, meu chefe, que ficava nesse setor, foi despedido e acabei ficando sozinho. Preciso de uma secretária e o Sr. Alekseeva me cedeu a dele, mas ele precisa de uma. __ Fez esse discurso para todas que entraram aqui? - ele riu. __ Ensaiei a manhã inteira - ele se sentou na minha frente - eu sou o Michael, estagiário do setor de criações. __ Aurora! - apontei para mim - posso fazer uma pergunta? - ele assentiu - quantos anos você tem? __ 17 - abri a boca surpresa. Ele é mais novo do que eu. A entrevista não foi tão r**m, quer dizer, eu acho. Eles tinha enviado uma prova pelo site e aparentemente, eu tinha passado. Ele disse que enviaria minha ficha para o chefe dele, e que se eu fosse aprovada ele me ligaria. Eu peguei o elevador e desci até o térreo. Abri minha bolsa e peguei meu celular que estava tocando. __ Alô? - atravessei a rua, indo para o ponto de táxi __ Conseguiu o emprego? - era Camila. __ Não sei, eles disseram que iriam ligar. Você não acredita quem me entrevistou, era um menino... - parei de falar. Do outro lado da rua, em frente a empresa, estava o homem da joalheria. Ele parecia ainda mais lindo e sexy todo de terno. Estava no celular e tinha o rosto sério. Eu não sabia se devia ficar assustada ou excitada. Acabei me decidindo pela segunda opção. Eu nunca tinha me sentido assim por um homem. Apenas em olhar para ele e eu já ficava dessa forma. Será que ele trabalhava ali também? Tanto faz! Ele comprou um anel de noivado, eu nem devia estar olhando para ele. Foco, Aurora! __ Aurora! - afastei o celular do meu ouvido. __ Porque gritou? __ Estou chamando você a um tempo. O que aconteceu? __ Quando eu chegar ai, eu lhe explico - encerrei a chamada. Fiz sinal para um táxi e ele parou na minha frente. Antes de entrar eu olhei novamente para o outro lado da rua. Ele não estava mais lá. Fui o caminho inteiro olhando pela janela. Eu preciso desse emprego se quero ajudar minha tia com o vício dela. Paguei o taxista e deixei uma gorjeta com ele. Assim que cheguei em casa , tirei os meus saltos. Me sentei no sofá e fiz uma massagem nos meus pés. Ouvi um barulho da cozinha e me levantei. __ Que susto! - sorri ai ver minha prima parada ali. __ Estava terminado o almoço. Que cara é essa? Não conseguiu o emprego? - ela deu um meio sorriso. Sou eu quem ajudo ela a reservar dinheiro para a faculdade. Minha prima quer ser disainer gráfica e estou ajudando ela com isso. __ Não é isso - bati no sofá - preciso conversar com você. __ Se for sobre o Vagner... __ É sobre a sua mãe. Ela é viciada em jogo - Rebeca riu. __ Disso eu sei. Mas porque isso agora? - respirei fundo. __ Acho que devemos ajuda-la - Rebeca soltou uma risada amarga. __ Devemos ajudar quem quer ajuda - neguei com a cabeça. __ Não é assim. Ela é sua mãe, como pode dizer isso? - minha prima se levantou do sofá. __ Eu já sofri muito com isso, não quero me meter nisso novamente. Ela está assim desde que meu pai foi embora. Não tem nada que podemos fazer, apenas desista! - ela voltou para a cozinha. Peguei minha bolsa e meus saltos e subi para meu quarto. Era triste ouvir isso. Acho que para uma pessoa que não tem amor de uma mãe seja mais doloroso. Eu faria de tudo para trazer minha mãe de volta a si. O marido da minha tia não era uma boa pessoa. Ele bebia e tinha o costume de bater nela. Eu nunca entendi o motivo dela deixar ele tratar ela dessa forma. Minha tia nunca precisou dele. Ela tinha o próprio dinheiro e a casa em seu nome, mas insistia em ficar com ele. Se o amor é dessa forma, então eu não quero sentir isso. Entrei no banheiro e tomei um banho. Coloquei um moletom e uma t-shirt. Desci as escadas e fui até a cozinha. Eu e minha prima almoçamos em silêncio. Minha tia não apareceu a tarde inteira. Nossa conversa não poderia acontecer hoje. Fiquei estudando para as provas que iriam ocorrer. Quando deu 4:00pm. Camila me enviou uma mensagem me convidando para a casa dela, depois da faculdade. Mudei minha roupa para uma calça legging preta, uma blusa longa e rasteiras. Deixei meu cabelo em um coque. Desci as escadas e encontrei minha prima assistindo alguma série na televisão. __ Estou indo. Vai ficar bem sozinha? - ela se virou para mim. __ Ficarei bem sozinha - assenti. Coloquei minha mochila nas costas e sai. Peguei um ônibus que me deixou enfrente a faculdade. Eu teria uma prova importante. O professor não demorou a chegar. Não era com ele que teríamos a prova, prestei bastante atenção na matéria que ele passava. Depois de todas as aulas, eu estava exausta e com uma terrível dor de cabeça. Me lembrei que minha amiga tinha pedido para ir na casa dela. Peguei um ônibus e soltei na casa dela. Bati na porta e pude ouvir um choro do lado de dentro. A porta abriu. Minha amiga estava com um Liam choroso no colo. __ O que foi? - ela colocou ele no meu colo. __ Eu não aguento mais. Esse menino está acabando com minha paciência - eu balancei ele no meu colo. Liam colocou o rosto na curvatura do meu pescoço. Eu não julgo minha amiga, cuidar de uma criança não é fácil. Mesmo sem o pai do bebê, ela não abandonou ele, e isso é incrível. Camila foi tomar um banho e eu acabei colocando ele para dormir. Ele já tinha jantado e tomado banho, já estava preparado para isso. Coloquei ele deitado na cama e o cobri. Dei um beijo na testa dele e sorri com o biquinho que ele fez. Desci as escadas e esperei por ela no sofá. Depois de um tempo ela apareceu arrumada. Parecia que ela também tinha chorado e aquilo me deixou preocupada. __ O que aconteceu? - ela suspirou e passou a mão pelo cabelo. __ Acredita que ele apareceu lá? - franzi o cenho. __ Ele quem? __ O pai do Liam - ela nunca me disse o nome dele. __ O que ele queria? - ela deu de ombros. __ Não sei! Me irritar? Me magoa? Rir de mim? Muitas opções! - assenti. Eu sabia que precisava deixar ela desabafar - ele queria retornar aos velhos tempos. Como ele pode dizer isso? Depois que me abandonou com o Liam e correu para a esposa? - ela grunhiu - como eu ainda posso gostar dele? Puxei ela para um abraço a deixando chorar no meu ombro. Eu nem me importei que minha camisa estava molhando. Camila ainda gosta dele... Eu nunca poderia imaginar isso. Mesmo depois de tudo que ele fez a ela. Por esse motivo ela estava tão infeliz o tempo inteiro. Minha amiga não podia ficar dessa forma, ela tinha que reagir de alguma forma, sair dessa situação e esquecer aquele i****a. __ Ah não! - afastei ela - você mesma me ensinou que eu não devo sentar e sofrer por amor. __ Mas... __ Quieta! - ela resmungou - liga para a babá do Liam, nos vamos nos divertir. Não se preocupe, eu pago! __ Não está cansada da faculdade? - dei de ombros. __ Uns shots de tequila resolvem - ela assentiu. *** Olhei para a roupa que Camila me emprestou. Uma calça legging preta, um vestido também preto, justo no meu corpo e uma bota de salto. Deixei meus cabelos soltos e fiz uma trança no lado direito do meu cabelo. Estávamos esperando Jonathan, já que ele iria nos levar no carro dele. Iríamos a uma boate muito frequentada. Jonathan é quem nos indicou. Ele costuma ir com os amigos. __ Entrem! - ele abriu a porta do carro. Na verdade só destravou mesmo. Sentei no banco de trás. Fui o caminho inteiro tentando animar mais a minha amiga. Ela precisa espairecer. Jonathan tinha um amigo, por isso não pegamos fila. Mesmo tendo 17,ele foi permitido entrar. Me senti um pouco incomodada com as luzes piscando, pessoas dançando e música alta. Eu não sou muito acostumada a isso, mas o que não faço pela minha amiga? Camila quem foi comprar as bebidas. Ela era a única que podia, tendo 21 anos. Minha amiga voltou com uma garrafa de tequila e três copinhos. Ela entornou bebida nos três copos e logo estava bebendo. Jonathan olhou para mim, como se perguntando o que deu nela. Eu apena dei de ombros como se não soubesse o motivo. Quando a garrafa chegou a metade, eu já me sentia mais solta. Jonathan alegou ter visto um amigo e logo desapareceu. __ Oi - um homem chegou a nossa mesa. Eu me virei de costas - quer dançar? __ Sim! - Camila gritou por cima da música. Eu gosto de dançar, na verdade, eu adoro, mas eu não estava bêbada o suficiente ainda. Continuei bebendo e quando reparei a garrafa já estava vazia. Agora eu estava bêbada, bem bêbada. Me afastei quando um corpo forte e musculoso ficou atrás do meu. Uma bebida foi posta na minha frente. __ Eu reparei que a sua acabou, então... - ele empurrou para mim. __ Não tem boa noite cinderela, tem? - ele riu negando com a cabeça. __ Não preciso disso para levar as mulheres para a cama. E eu não sou esse tipo de pessoa - mesmo um pouco desconfiada eu bebi - eu sou o Ethan. __ Aurora - ele sorriu e tinha um sorriso muito brilhante. Brilhante? Ele brilha? Estou doida? __ Você quer dançar? __ Sim! Mas depois. Eu já volto - peguei o copo de bebida e sai dali. Eu iria despachar esse cara. Ele é bonito, mas não me atrai. Mas não irei devolver a bebida. Eu estava procurando minha amiga para dizer que eu iria embora. Tropecei no meu pé e cai pra frente. Derramei toda a minha bebida, mas não foi no chão. __ Oh! - olhei para o abdômen musculoso na minha frente. A camisa social preta grudou um pouco me dando uma bela visão de seu corpo. Olhei para cima e encontrei o dono do corpinho sarado. Deus tem seus preferidos. O rosto dele estava sério. Não sabia se ele estava com raiva ou ódio de mim. Dei um sorriso, mas não me aguentei e comecei a rir. __ Desculpa - coloquei a mão na boca. O homem não disse nada apenas ficou lá, me encarando. Tombei minha cabeça para o lado, eu conhecia aquele homem. __ Eu - apontei para mim - conheço você! - apontei para ele. __ Está bêbada! - sua voz era grossa e rouca, carregada pelo sotaque. __ Não me diga Sherlock - eu ri mais uma vez. Ele não pareceu achar graça da situação. Seu olhar ainda era um mistério para mim. E se Jonathan tivesse razão e ele fosse um serial killer? Iria me matar? Eu deveria ter ficado com o... Qual era o nome? Eran? Efran? Ethan! __ Vem comigo - ele me puxou pelo braço. __ Ei! - eu não estava fazendo o mínimo esforço para me soltar - minha bolsa e minha amiga - ele não me deu ouvidos. Ele falou alguma coisa com um homem e logo pegou alguma coisa da mão dele. Era a arma do crime? Ele me puxou pelas escadas e logo abriu uma porta. Era um escritório, muito bonito por sinal. Me virei para dizer que iria embora, mas desisti na hora. Ele estava tirando a camisa. Eu salivei em seu peitoral definido e musculoso. __ Seu pervertido! - tapei meus olhos deixando uma brecha. __ Vou apenas trocar de camisa - ele abriu uma gaveta e tirou uma camisa de lá. __ Eu quero mais uma bebida - fui até o canto da sala e coloquei um pouco de vodka para mim. Eu bebi um pouco e logo uma música começou a tocar. River - Bishop Briggs Eu deixei a música me levar e passei a dançar. Eu nem me importei que estava sozinha com aquele estranho. "Shut your mouth, baby, stand and deliver Holy hands, will they make me a sinner? Like a river, like a river Shut your mouth and run me like a river Choke this love 'til the veins start to shiver One last breath 'til the tears start to wither Like a river, like a river Shut your mouth and run me like a river" Quando eu me virei ele estava me olhando atentamente. Eu não parei de dançar. Ele chegou perto de mim. Toquei levemente nele, quando não pareceu se importar, apenas continuei. As mãos dele vieram para minha cintura. Eu não sei se era o álcool no meu corpo, ou a presença dele, mas eu me senti mais confiante. Eu me virei de costas para ele. Suas mãos ainda permaneciam na minha cintura, em um aperto firme. Começou uma outra música, mais lenta e sensual. Eu não conhecia aquela, então apenas comecei a dançar. Eu rebolava diretamente na ereção que se formava. Ele soltou algo como um gemido. Apertou minha cintura com mais força. Ele parecia se controlar. Enquanto ele mantinha o controle, eu perdia todo o meu. Me virei de frente, olhando em seus olhos. Rocei meus lábios com o dele. Passei pela bochecha e parei no pescoço onde deixei um beijo. Me afastei e olhei em seus olhos. Dessa vez eu pude distinguir o que era. Desejo! Todo direcionado a mim.
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