Eu estava deitada no beliche estreito da cela, encarando o teto sujo e cinzento e contando as rachaduras pela milésima vez. O barulho distante de chaves ecoava no corredor, mas eu permanecia absorta em pensamentos amargos. Cada minuto ali dentro me corroía, alimentando a fúria silenciosa dentro de mim. Dez anos. Dez anos da minha vida tirados por uma mentira, por uma injustiça que latejava como uma ferida aberta. Um ruído metálico interrompeu meus devaneios: a porta da cela se abriu com um rangido, e um agente penitenciário surgiu na entrada. — Orian, visita — anunciou em tom áspero, batendo na grade. Meu coração deu um salto. Visita? Quem viria me ver depois de tanto tempo? Ninguém aparecera desde que fui condenada. Sentei-me e me levantei devagar, o estômago revirando em ansiedade e a

