Encantadora de corações.

1685 Palavras
Natália É muito cedo para deitar-me, constato sem sono. Ligo a babá eletrônica e resolvo ir em direção a um jardim exótico que eu vi no caminho quando me foi apresentado o quarto pela Rosa. Ele é cheio de cercas vivas que formam um lindo e grande labirinto. Quando piso no terraço estremeço. Para meu azar, o Duque está encostado em uma das colunas fumando, seu semblante é contemplativo. Paro imediatamente quando o vejo. Ele me ouve e se vira para mim. Abre um sorrisinho quando me vê. Aperta o cigarro em um cinzeiro de ouro, que parece um porta joias, e o fecha. —Ela dormiu? Eu assinto para ele e mostro a babá eletrônica. —Caso ela acorde. Ele sorri e eu me sinto uma presa ante o predador. —E então? Está gostando de trabalhar aqui? Eu respiro fundo. —Sim, sua filha é encantadora. Ele sorri. —Isso ela é mesmo, encantadora de corações. Ela, sem dúvida nenhuma é a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Embora ela não tenha vindo de uma relação normal, de cumplicidade. A curiosidade me instiga. —Verdade? Aposto que foi uma relação sem amor! —Digo o acusando, ignorando a mensagem do meu cérebro para não me aprofundar em conhecer esse homem, pois eu sinto que isso agirá como uma areia movediça irremediavelmente presa e me afundando ainda mais. Luke aperta os lábios. —Uma caça-ouro que provocou a gravidez para me extorquir dinheiro. —Entendo. —Digo secamente. Ele foi descuidado, deveria ter se precavido. Luke Ela está usando um conjunto de moletom preto e por baixo da blusa aberta uma camiseta branca. Posso ver seus s***s empinados, eles são arredondados. Quase rio com isso. Ela está mais atraente assim do quando chegou. Subo meus olhos e quando encontro seu rosto percebo que ela me olha com julgamento, uma agitação desconhecida me assola e dou uma explicação melhor. Nem sei por que faço isso: —Ela usou meu sêmen que estava dentro da camisinha para engravidar. —Digo, firme, olhando com seriedade seu rosto. Suas sobrancelhas perfeitas se erguem em surpresa e reparo no leve rubor em suas faces. Continuo: —Sei disso, pois não encontrei a camisinha no quarto quando ela deixou a suíte do hotel que eu estava hospedado. Ela fica em choque e o silêncio fica entre nós. —Sinto muito. —Ela diz finalmente. Eu fungo. —Não sinta. Há males que vem para bem, e Catarina é meu bem mais precioso. Sua expressão suaviza, ela parece tocada com as minhas palavras. —Verdade. Analisando suas respostas sempre sucintas e a tensão que vejo em seus ombros, percebo claramente que ela não fica à vontade comigo e isso me incomoda. Ela me vê como todas as pessoas. Acha que saio por aí estraçalhando corações. Mas isso não acontece. Quando eu vejo que não tenho afinidades com as garotas que conheço, deixo claro o que quero. Não iludo ninguém. O problema é que sou exigente, na verdade, nem eu sei o que quero. Isso me deixava vazio, mas agora, sinto que pode ser diferente, não sei por quê. Impondo minha presença, me aproximo dela. Noto que seu corpo fica mais tenso, se isso é possível. —E.. ela? Ela não se importa com a filha? —Ela morreu de overdose. —Enfatizo, bem pertinho dela. Seu cheiro age como uma afrodisíaco e a vontade de tê-la nos meus braços é grande. Ela não tira os olhos do meu rosto, acho que avaliando minhas intenções, e minhas palavras. Tentando enxergar através de mim. Então, observo com prazer a veia do seu pescoço pulsando, agitada, e sua respiração ofegante. Eu estou louco para provar os lábios dela. Meu amigo aqui embaixo está duro, e dói, a ponto de babar... Chorinho de Catarina interrompe minha investida. Quase blasfemo. —É Catarina. Preciso ir... Assinto a contragosto e vejo ela se afastar rapidamente da minha presença, seu bumbum arrebitado dentro do moletom. Sorrio com a imagem dele se movimentando. Natália No dia seguinte fui acordada por Rose, às oito horas. Tiro minha camisola sexy e vou até o magnífico banheiro de mármore rosa. Faço minha higiene pessoal e visto meu uniforme, risos. Saio devagarinho do quarto para não acordar a bebê que dorme lindamente de barrinha para cima, os bracinhos para trás. Rose me disse que Catarina costuma dormir até as nove horas. Carregando a babá eletrônica comigo, caminho pelo largo e extenso corredor. Antes de entrar na sala vejo uma senhora esbelta, muito grã-fina. Cabelos grisalhos. Eu paro sem saber se avanço ou não.  Os humores estão exaltados. Luke está com o semblante carregado. —Luke, você não pode ficar aqui quando o mundo está caindo sobre nossas cabeças! Deus! Não acredito que desistiu! Luke está vestido com roupas esportivas. Moletom n***o e grosso de alguma marca famosa. Está sentado displicentemente no sofá, ele a olha contrariado. —Quem disse que desisti? Tirei uns dias para mim. São dois meses que estamos só concentrados em ganhar votos. Minha filha precisa de mim. —Não seja por isso, leve-a! Mas você precisa participar acirradamente dos debates. Precisamos fazer novas filmagens de você falando de seus planos de ação. Ele solta o ar impaciente. —Eu já fiz isso. Deixamos tudo preparado antecipadamente, lembra? Ela avança e se senta ao lado dele. —Não serve. Resolvi fazer uma refilmagem de você usando ternos de cores escuras. Lá você está muito... —Atraente? —Luke ri debochado. Ela o olha como se tentasse achar a palavra. —Parece um Casanova. O Duque ri alto. —Eu posso me vestir todo de n***o, mas as pessoas continuarão me olhando assim. Agora ela que o olha desanimada. —Eu já resolvi isso. —Como assim resolveu? Eu resolvo entrar e cortar a conversa dos dois antes de ouvir mais alguma coisa e parecer que estou espionando. Entro na sala, eles se calam. Luke passa os olhos pelo meu conjunto cinza chumbo e a blusinha branca. A saia é um pouco mais justa que a outra no dia que cheguei. —Bom dia a todos. —Digo. —Bom dia senhorita Noam. —Luke me diz, seus olhos fixos no meu rosto. Ele se levanta do sofá, desvio meus olhos dele e encaro a senhora que ainda sentada me estuda. —Permita-me apresentá-la a minha Relações Públicas. Kate Windsor Monroe. —Ele olha para a Senhora. —Kate, essa é Natália Noam, a babá de Catarina. Ela sorri, parece forçado. —Bom dia. —Olha para Luke. —Luke, podemos conversar na biblioteca? Luke se levanta do sofá e fala decidido: —Não, Kate, não podemos. Agora vou acompanhar a senhorita Noam e tomaremos café. Está servida? —Não, eu já tomei! —Ela diz impaciente. —Você poderia tomar mais tarde. Precisamos resolver logo esse assunto. —Isso espera. Quero conversar com ela sobre Catarina. A senhora funga. —Deus Luke! O que precisa conversar com ela? Sua filha é um bebê! Luke sorri e enfia seu braço dentro do meu e me faz andar com ele em direção a sala de jantar. Eu estremeço com o calor que emana dele, e seu cheiro maravilhoso. —Deus! Kate me estressa. Ela é ótima, muito competente. Mas tudo tem que ser para já. Dormiu bem? Eu me desvencilho dos braços dele, fazendo-o sorrir. —Sim, obrigada. —Não estranhou a cama? O lugar? —Não, eu estava cansada. Dormi como uma pedra. —Então meu anjinho não acordou a noite. —Não, ela dormiu bem. Aliás, quando eu saí, ela ainda estava dormindo. —Isso ela não puxou a mim. Desde pequeno costumo acordar cedo. Agora adulto, costumo me exercitar. Hoje já dei uma volta no castelo, você acredita? Eu arregalo os olhos com as falas dele. —Que disposição! Não estava frio? —Estava e com um nevoeiro danado, mas eu fui bem agasalhado. E conheço bem o terreno. Como a palma da minha mão. Outra pessoa pode quebrar a perna correndo, já que não dá para ver onde pisa por causa das nuvens baixas. Eu apenas relanceio o olhar para ele e não comento nada enquanto caminho pelo Castelo imponente, altivo até a sala de jantar. Tudo é tão grande que é uma boa caminhada até lá. Observo os janelões que refletem a luz forte lá de fora de uma paisagem nublada.  Respiro fundo, quando me sinto observada por ele. Por mais que Luke me venha com todo esse papo de falar da filha, seus sorrisos, tentando fazer o clima agradável entre patrão e empregada, eu não consigo relaxar. Ele me incomoda, ele parece m*l-intencionado. Não confio neste homem. Quando ele se antecipa e arrasta a cadeira pesada para eu me sentar como ontem, eu estaco. —Eu acho que deveria tomar café na cozinha. Eu me seguro para não rir de sua expressão confusa. Seus olhos negros semicerrados me avaliaram com certa incredulidade. Acho que não está acostumado a receber negativas de mulheres. —Você não fará isso comigo, não é? Você viu o tamanho dessa mesa? Vou ter que tomar o café sozinho? —Chame Rose. Ele sorriu. —Rose não faria isso. Mesmo tendo sido como uma mãe, ela conviveu com meu pai, e ele era bem diferente de mim. Então criou-se desde cedo essa distância hierarquia entre nós. —Cruzando os braços no peito sorri de um jeito muito sexy. —E então? Kate surge. —Ela está certa, Luke. Querida, vai até a cozinha tomar café que eu faço companhia para o Duque. Você sabe onde é, não sabe? —Claro. Se não souber eu pergunto. —Ótimo. Odiando o clima estranho, que ficou entre eles e mentalmente agradecida por isso me afasto dos dois. Avanço em direção à cozinha. Sei que é nesse corredor, pois observei as empregadas colocando à mesa vindo dele. Mas ao invés de seguir em frente, curiosa, ao sair do campo de visão deles, não avanço, fico parada para ouvi-los, tentando entender o que essa senhora está fazendo aqui. Sei que não deveria bisbilhotar, mas não resisto.
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