Capítulo 4

1141 Palavras
  Sam passa na casa da sogra e encontra as duas irmãs sentadas a mesa tomando café. Elas conversavam com a organizadora de eventos que foi contratada para cuidar da festa, mas assim que ele chega elas se calam:  – Sam! Que susto! – Tamires pula da cadeira e corre abraçar o irmão. – Achei que era a Verônica.  – Ela não está aqui?  – Não. – Luíza da um beijo no rosto de Sam e o convida para se sentar. – Ela saiu para tomar café com a senhora Vivian.  – Mas não... – Sam bebe um gole d’agua. – Era pra ela estar aqui.  – Você parece preocupado.  – Ela não está totalmente bem, só tenho medo de que ela tenha uma crise quando estiver sozinha e...  – Ela vai ficar bem Samuel. – Luiza coloca a mão no ombro de Sam e beija sua testa. – Além do mais ela está com a senhora Vivian e com o motorista. Do que você tem tanto medo?      A organizadora de eventos, Fernanda, começa a ficar vermelha e se mexer incansavelmente na cadeira, ela é jovem e muito bonita e fica sem graça na presença de Samuel, principalmente por que o admira secretamente.      Samuel é um jovem muito bonito, os belos olhos verdes são somente um de seus muitos atrativos, seus ombros são largos e seus cabelos sedosos e levemente compridos, como os do Rodrigo Santoro, talvez um pouco mais compridos. Mas o caso é que as garotas sempre estavam de olho nele, o cativeiro o tornou um homem forte e extremamente sexy e Fernanda, uma ambiciosa mulher, não conseguia disfarçar a atração por homens como ele.      Fernanda leva um dedo à boca e revira os olhos ao ouvir aquele papo sobre Verônica, ela a conhecia desde antes de ser sequestrada e nunca foi com a cara da “patricinha”, como costumava se referir a Verônica nas reuniões com os amigos.   – Eu a amo. – Os pensamentos de Fernanda são interrompidos por a voz de Sam. – Desde a primeira vez que ouvi a voz dela me chamando... Eu sabia que ela era importante e eu a magoei tanto, sei que já faz três anos, mas eu sinto que devo tanto a ela.  – Com licença. – Fernanda interrompe. – Eu acho melhor eu ir, não quero atrapalhar.   – Espere. – Sam segura o braço da jovem de cabelos loiros. – Eu sinto muito por ter presenciado essa cena. – Ele dá seu melhor sorriso. – Eu nem havia reparado que estava aqui.   – Tudo bem, acho que já acabamos, não é? – Fernanda parece chateada por não ter sido notada e se dirige as meninas em vez de falar com Sam.   – Na verdade eu queria conversar com vocês sobre uma mudança no cronograma.   – Tudo bem.       As jovens se sentam novamente, Sam vai até a geladeira e volta com uma jarra de suco que serve para as irmãs e para Fernanda. Ele se senta e tira a caixinha do bolso com um suspiro intenso.       Tamires arregala os olhos e contem o grito. Luíza abre a caixa ainda sem acreditar no que aquilo representa:  – É uma aliança? – O diamante brilha através da luz. – Ual. – Luiza exclama.   – Você a pediu em casamento? – Tamires espontânea e “para frente”, como sempre, experimenta o anel.   – Ainda não. – Samuel suspira e sorri emocionado. – Vou pedir na festa.       As duas adolescentes começam a chorar emocionadas. Fernanda, disfarçadamente, tira uma garrafa com vodca da bolsa e despeja um pouco do liquido no suco. Samuel abraça as irmãs e nem percebe o momento que Verônica entra na sala:  – Oi. – Tamires esconde as mãos na costa.   – Verônica! – Samuel dá um salto e sem jeito abraça a namorada. – Que bom que você voltou. – Ele a analisa como se procurasse ferimentos.   – Sammy eu estou bem. – Verônica sorri e pede desculpas por chama-lo de Sammy. Mas ele está aliviado demais para se importar com aquilo.   – Tudo bem. Vamos embora.        As meninas arrumam as coisas na bolsa e se despedem de Fernanda. Luíza sente o cheiro de álcool vindo da mulher, mas não comenta nada, ela aprendeu a ignorar certas coisas, a vida lhe ensinou a ficar quieta quando via algo de errado. Velho costume de ser prisioneira.         Fernanda cumprimenta Verônica com um aceno e vai para a sala de estar conversar com a senhora Vivian, as irmãs de Sammy também vão e deixam o casal sozinho.  – Eu achei que você estaria aqui.  – A minha mãe está toda estranha, como se estivesse me escondendo algo. – Verônica passa a mão pelo queixo esquio de Sam. – Onde as meninas estavam? Você teve que busca-las...  – Elas vieram para cá  depois da aula de dança. – Ele deu de ombros. – Vamos embora? Estou morrendo de fome. Acho que podemos pedir pizza no caminho.   – Claro, amor, o que você quiser.   ***      Era um desperdício ver Samuel caindo aos pés daquela doente mental da Verônica. Não que eu quisesse ficar com ele, eu m*l o conhecia. Meu problema era pensar em qualquer cara querendo ela. Eu tinha certeza que a patricinha não se lembrava de mim, mas eu era a melhor amiga de Igor, desde sempre, e ele me substituiu por aquela garota sem graça e obcecada por psicopatas. Só eu sabia o quanto ele sofreu quando ela escolheu Sammy, depois de sair do sanatório pegou um voo para Londres dizendo ama-lo.       Para mim todo amor que Verônica dizia sentir por Samuel era baboseira, desculpa fiada para ganhar mídia. Ela adorava chamar a atenção de todo mundo, era uma maluca interesseira. Samuel herdara muito dinheiro da mãe maluca e para mim esse era o motivo dos dois estarem juntos.        A minha vontade era acabar com aquela festa de aniversário, mas sou professional, não faria nada que estragasse minha carreira. Mas eu ainda teria minha vingança.        Estaciono meu carro em frente a casa de Verônica e os observo descendo do carro dele felizes e absortos em uma conversa qualquer. Bebo mais um gole de vodca e revejo minha agenda do celular a procura de alguém com quem conversar, alguém que me distraísse, mas não havia ninguém.      Estou mais uma vez sozinha e sim, culpo Verônica por isso. Ligo o carro e dou partida, mas algo me faz não acelerar. Alguém na verdade.       Um homem de olhos verdes e roupas pretas bate no vidro do meu carro, ele sorri, parece inofensivo e está flertando comigo:  – Precisa de alguém para conversar? – Ele fala erguendo as mãos como que para me mostrar que não estava armado.   – Qual é o seu nome? – pergunto logo após destravar a porta do passageiro.   – Clark. – Ele responde dando de ombros.                
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