Capítulo 29

1081 Palavras
RD narrando Acordo meio zoado, a cabeça girando, e a visão toda embaçada. p**a que pariu, a dor que eu sinto não é de Deus não, parceiro. Parece que tem um ferro quente me furando o bucho. Mas, ó, tô vivão. O sangue que tava jorrando parou. Passo a mão no abdômen e sinto o curativo. Parece que foi feito meio que no improviso. Agora, a fita é: onde eu estou? o que eu to fazendo aqui? Olho pro lado, tentando puxar da memória onde pode ser esse lugar, mas minha mente tá um branco total. Nada bate, nenhum detalhe parece familiar. Provavelmente nunca estive aqui antes. Só sei que esse bagulho tá parecendo trama de filme de terror, cheio de mistério e suspense. A diferença é que aqui, se alguém tiver que se f***r, esse alguém vai ser eu. Tento me levantar, mas o corpo tá pesado pra c****e, como se tivesse levado uma surra de vara. Não posso ficar dando mole nesse buraco, preciso meter o pé daqui. Olho ao redor, e a ficha começa a cair. Tô numa espécie de cativeiro. Um quarto escuro, apertado, e o ambiente tá me dando um nó na garganta. Aqui dentro só tem eu, uma mesa velha, encostada na parede, cheia de teia de aranha, vejo um vasculhante quebrado que deixa entrar um filete da luz do poste, m*l dá pra enxergar nada. E no chão, tem um colchonete fino, todo sujo de sangue, inclusive o meu. O cheiro tá insuportável, uma mistura de suor, ferrugem e sujeira que parece que impregnaram nas paredes. A porta se abre, e no mesmo segundo sinto aquele arrepio estranho, uma parada sinistra. Quem aparece é o Gringo, aquele filho da p**a, e ao lado dele, uma mina morena que nunca vi antes. Ela tá com uma expressão feliz, quase como se tivesse aliviada por me ver de acordado. Mas ele... ele parece assustado, como se tivesse visto uma assombração. O que o Gringo tem a ver com essa p***a toda? Logo que ele dá o primeiro passo pra dentro, solto a voz. RD: Que local é esse Gringo? – falo seco, direto, sem paciência pra enrolação. Gringo dá uma olhada de canto, a testa suada. Ele tá medindo as palavras. Gringo: Fala baixo p***a, a gente tá tentando te tirar daqui. Se alguém descobrir o que tamo fazendo nos tudo tá morto. Morena: Você tá no morro dominado pelo meu irmão. – ela fala, olhando direto pra mim sem desviar o olhar. RD: Quem é teu irmão? MORENA: Peixe– ela fala, olhando direto pra mim, firme, sem desviar o olhar. RD: Você é irmã desse o****o? – pergunto, meio desacreditado, olhando de um pro outro, já me preparando pra entender o próximo passo dessa p***a. Ela só assente com a cabeça, confirmando. RD: E tá me ajudando por que c*****o? Sabendo que sou de morro rival? – minha voz sai carregada de desconfiança, mas não tiro os olhos dela, esperando ela soltar alguma coisa que faça sentido. Morena: Tô fazendo isso porque achei que fosse o certo a se fazer quando te encontrei – Ela responde sem piscar, mantendo aquele tom calmo. RD: O certo a se fazer era trair teu irmão? Trazendo um cara de facção rival pra dentro do morro dele. Vai tomar no cu, c*****o! Vem meter esse papo não! – solto com raiva. Ela me olha de volta, com semblante triste, mas não reage, como se não esperasse esse tipo de resposta minha. Gringo: Deixa a mina falar, c*****o! Ela realmente só quis te ajudar. – ele rebate, o tom irritado, mas dá pra ver que tá segurando a onda pra não explodir também. Ele me encara, como se tivesse achando que tô sendo ingrato. A morena fica quieta, mas o olhar dela tá firme, mesmo com os olhos marejados. Ela tenta segurar a postura, mas dá pra ver que o que eu disse mexeu com ela RD: É que essa p***a tá estranha, tá ligado? Não faz sentido, não tá encaixando – falo, encarando os dois, tentando ler cada reação deles. – E o que você fazendo o quê aqui? Tu é nosso soldado e tá fazendo o que em morro rival, p***a? – essa história só fica mais esquisita a cada segundo. Gringo desvia o olhar por um instante, respira fundo, e dá pra ver que ele tá buscando as palavras, meio sem saber o que soltar. Gringo: Eu só vim pra ajudar a mina. Ela me chamou quando te encontrou desmaiado, falou que cê tava fudido, que precisava de ajuda, eu vim na hora pô – ele tenta explicar, mas o jeito dele tá mais nervoso do que convincente. Yasmin: Ele veio assim que eu falei com a irmã dele – ela diz, lançando um sorriso discreto pro Gringo, mas sem mostrar os dentes. Aquela troca de olhar entre eles só me deixa mais desconfiado. Levanto a sobrancelha, estranhando ainda mais essa p***a. RD: O que a irmã dele tem a ver com essa p***a? Conhece ela de onde? – pergunto. Gringo: A Stefany é amiga da Yasmin. Yasmin: Conheço ela há muitos anos. Quando ela veio no baile aqui pela primeira vez, fizemos amizade. Eu já fui curtir baile lá e ela vem direto curtir o baile daqui – diz, dando de ombros, como se não fosse nada demais frequentar morro inimigo. RD: Quero ver se teu irmãozinho vai curtir saber desses teus rolês aí. – falo, jogando a provocação, vendo se consigo tirar alguma reação dela. Yasmin mantém o olhar, sem piscar, a cara de quem não se abala fácil. Yasmin: Ele não manda em mim – revira os olhos, dando de ombros. RD: Se te pegarem lá, sabe que é cerol, né, filhona? – falo com um sorriso irônico, deixando claro o risco que ela corre nessa história. Yasmin revira os olhos, e faz cara de quem não tá nem aí pra nada. Essa é doida mesmo. Ainda tô com o pé atrás com essa história deles, mas pode até ser que eles estejam falando a verdade. RD: E por que tu foi atrás da Stefany? Como tu sabia que ela me conhecia? – falo direto, mas aí sinto uma pontada desgraçada na ferida, e o corpo dá uma travada. Levo a mão na barriga, segurando o tranco, que tá ardendo pra c*****o, como se a bala ainda tivesse ali. Olho de canto pra ver se eles notaram e ela se aproxima de mim.
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