Jason Brown
Limpando o canto da minha boca com as costas da mão, pego minha garrafinha dágua e bebo, em seguida fito a mulher perplexa do meu lado.
— Você é um monstro. Come igual um cavalo e é porco. _Se revoltou.
Fico constrangido.
— Eu te ofereci. _Me defendo também. — Eu estava com muita fome, estou na luta desde às 8 da manhã, um sol de rachar. Desculpa se ainda não tenho condições de me dar certos luxos.
— Também não precisa se estressar. _Observava a Marmitex sobre o painel do seu carro. — Eu não tenho coragem de comer comida de rua e você limpou o prato.
— Está enojada? _Desentendo.
— Sei lá. Mas vindo de você parece que tenho que me acostumar com todo tipo de desplante.
— Me desculpa, não é todo dia que aparece uma pessoa para me oferecer um lugar para almoçar e na sombra. _Me refiro ao local onde ela estacionou.
—Que fique claro. Eu não te ofereci c*****o nenhum. _Foi rude.
— Está nervosa porquê?
— Como assim porquê? É nítido que é pela sua falta de atenção para comigo. Você me convidou para almoçar. Achei que ia me levar a algum lugar. p***a! Você não é cavalheiro e nem gentil, é um bruto.
— Eu não sei ser gentil. Eu nunca fiz isso e eu achei que você quisesse mesmo ser minha amiga. Mas já vi que não, eu sei bem seu interesse qual é. _Arrumei minhas coisas, empurrando a porta do carro e saindo.
— Espera. _Ela gritou e de repente, me impedia de passar. — Me desculpa. Eu não sou assim. _Coçou a testa. — Você tem razão, até parece que eu só me importo com seu pênis e na verdade, é isso mesmo... Como ele é? _Do nada ela mudou de assunto e arqueava uma sobrancelha. — Eu estou com muito t***o em você.
— Você é muito desligada das coisas e muito direta. Não consigo fingir costume. _Sorrio, envergonhado. Tenho certeza que estou vermelho igual um pimentão.
— Por que você está fugindo. Eu não faço o seu tipo? _Ela deu uma rodadinha e bateu nas nádegas e espremeu os s***s. Eu engolia ar seco, evitando olha-la fixamente por mais de cinco segundos, ela me constrangia tanto e isso não é normal. Não sei nem agir nessa situação. — Não me acha gostosinha?
Eu tusso.
Muito.
— Não é isso. Não é nada sobre isso. _Eu quis contar, mas sinto que não é necessário e ela certamente iria gargalhar da minha pessoa.
— E é sobre o que? você tem alguém?
— Não. _n**o imediatamente.
— Eu sou bem resolvida. Juro! Só queria tirar a barriga da miséria...
— Eu tenho croissant na mochila... _Me silêncio, vendo-a triste e ao mesmo tempo se segurando para não rir. — Você não está falando de comida.
— Você deve me achar uma tarada, não?
Eu assinto.
— Parece uma gata no cio. _Rio.
Ela deu um passo e tocou meu peito, sussurrando um xaveco.
— Gato, você não é o cavaleiro do zodíaco, mas eu anseio ver sua armadura.
Sentindo-me ser envolvido pelo o tom baixo chegando em minha pele, dou um passo atrás e me afasto, seguindo meu caminho.
Nunca nenhuma mulher me fez estremecer e ter uma ereção com uma cantada ridícula.
Me comparo até com a m***a de um adolescente.
— Preciso trabalhar. _Digo sem olhar para trás.
— Foge. Pode fugir, mas eu ainda vou te fazer entrar em óbito.
Sorrio com a ameaça.
— Maluquinha. _Murmuro para mim mesmo, um tanto admirado. Segundos depois, olho para trás e vejo o seu carro pegando a estrada. — É espontânea... Eu gosto.
***
— Você? _Eu estranho, ao abrir a porta e ver a hora em meu pulso. — Violetta, é duas da manhã.
— Eu estava me sentindo muito sozinha. _Parecia realmente dizer a verdade. Seu olhar está tão perdido. — Posso entrar? _Gestilou para dentro da minha casa.
Eu dou passagem. Após ela entrar, noto ao fechar a porta, a senhora Dandara na janela, aceno para ela e fecho a porta de chave.
Tornando a pequena sala, a vejo cabisbaixa, com os cotovelos sobre as pernas e com as mãos dentro dos cabelos amendoados.
— Você está bem? _Cauteloso, chego perto e me sento no sofá, do seu lado. Ela balança a cabeça. — Se quiser conversar, eu sou um bom ouvinte. _Por impulso, toco suas costas e a acaricio.
— Minha vida é uma d***a. _Ela estava chorando quando ergueu o rosto. Me dá um desconforto vê-la nesse estado. — Minha mãe me odeio e me sinto mais sozinha que o próprio satanás. _Confessa, me surpreendendo ao me abraçar com força e continua. — Sinto-me terrivelmente vazia. Há pouco estive chorando no carro, sem saber exatamente como, mas reconhecendo o por quê. É tão difícil fingir que está tudo perfeito... Às vezes odeio esta vida, as paredes, as caminhadas de hotel em hotel e não parar em lugar nenhum, certos diálogos sem fundamentos, que preciso ter para continuar sobrevivendo... odeio até a m***a do meu diário, que não existiria se eu não me sentisse tão só.”
A princípio fico sem reação nenhuma com tamanha confidencia, mas depois respiro fundo e retribuo o abraço, alisando seus cabelos levemente ondulados, enquanto a escuto se lamentar chorando baixinho.
— Chorar alivia. Eu estou aqui. _Digo, beijando-a nos cabelos. — A vida é isso. Um dia suportamos e no outro fica quase impossível. A verdade é que estamos remando o mesmo barco. _Ela me olha na profundidade dos meus olhos. — Eu não tenho absolutamente ninguém além de mim mesmo. _Seguro seu rosto. — E tudo bem, Violetta. Sabe o porquê? Porque eu aprendi a ficar em paz e entendi que nascemos sozinhos e partiremos sozinhos. Tanta gente no mundo rodeada de pessoas e simplesmente sozinha e tantas outras sem ninguém e completo. Nós não precisamos de ninguém. A vida já nos mostra em pequenas coisas que sempre é nós por nós mesmos e ninguém mais. Aprendi que se quero algo, tenho que me esforçar para ter. Que se tenho um sonho, devo correr atrás. Eu sou responsável por tudo que colho.
No silêncio, ela balançou a cabeça positivamente, correndo o olhar por todo o meu rosto e automaticamente, colando nossas bocas.
— Vamos parar de remar um pouco e deixar esse barco naufragar. _Cochichou, com a respiração errônea e sentando sobre mim. — Não me rejeita... Por favor. Eu preciso te sentir. _Comentou vulnerável, entre beijos.
Pela primeira vez. Não sei o que fazer.