Capítulo 1

2262 Palavras
CHLOE Mais um dia frio em Chicago. Já está me irritando a quantidade de casacos que devo usar toda vez que saio. E agora é escola, ou seja, demorar 30 minutos pra escolher uma roupa digna pra escola mais um monte de casacos. Se pelo menos tivesse uniforme. Acordo com o som do meu despertador que toca seis horas da manhã em ponto. Não podendo enrolar mais na cama, tomo um banho, faço minhas higienes matinais e como está muito frio, coloco uma calça jeans escura, uma blusa de manga comprida com jaqueta de couro preta, uma bota cano baixo preta, luvas e cachecol cinza. Passo uma maquiagem de leve e desço pra tomar café. — Bom dia filha. — Diz minha mãe, Annie, me dando um beijo na testa e colocando um prato de torradas com suco na minha frente. — Bom dia família! Obrigada mãe. — Bom dia querida, acordou com bom humor? — Pergunta meu pai, Christian, enquanto lê as notícias no jornal. Seu humor é o segundo mais azedo da família pela manhã. O primeiro é o do meu irmão, Caleb. — Bom dia pai. Eu estou animada para ver as pessoas novas da escola. — Quando acabar, chama seu irmão pra mim por favor, ele vai se atrasar e eu tenho que me arrumar para o trabalho. — Ok mãe, eu chamo seu filhote. — Digo num tom sarcástico. Subo as escadas e bato na porta do quarto do meu irmão. Ele não abre, então entro e sacudo ele de modo que querendo ou não, teria que levantar. — Caleb, acorda! — Ca-Calma, tô indo. — Diz se levantando e caminhando em direção ao banheiro. Volto pro meu quarto, escovo os dentes, pego a bolsa e mando mensagem pra minha melhor amiga, Sophie. Chloe: Amiga? Tá acordada? Sophie: Tô sim. Saindo de casa agora, e você? Chloe: Saindo também. Me encontra na praça. Sophie: Ok, até lá. Saio de casa 6:40 e vou caminhando até a praça. A rua está um pouco deserta, mas logo que vejo um policial, deixo de lado meus pensamentos negativos e sombrios. Quando tô quase chegando na praça, encontro Sophie mexendo no celular. Fomos o caminho conversando sobre as aulas extras que escolheríamos, as roupas do baile e homecoming e quais atividades esportivas realizaríamos. Chegamos na escola e nos sentamos no jardim da escola, esperando a secretaria abrir. Alex Acordei com a chata da minha irmã puxando minha coberta. Ninguém merece isso em plena 6:20 da manhã e, pra piorar, num dia frio de 3 graus em Chicago. Na verdade, Chicago é frio quase todo dia por causa do vento, o que é extremamente irritante. — Sai daqui Cristina! — Digo a empurrando da minha cama. — Seu i****a, só estou te livrando de um balde de água da mamãe. Nem pra agradecer. — Ela me dá uns socos e sai batendo a porta. Agora que estava acordado, escovo os dentes e vou tomar banho. Coloco uma calça jeans, uma jaqueta preta com uma blusa por baixo e um tênis azul. Desci pra cozinha e toda minha família estava lá, dei bom dia, peguei uns biscoitos, minha carteira e fui pra garagem pegar meu carro. Mochila? Não uso! Cheguei na escola, era 7:10. Encontro meu amigo, Marcus e vou até, reparando o quanto o jardim da escola está lotado. — E então? Pronto pro terceirão? — Nem me fala. Pronto novamente. — Ele era aluno esperto, porém repetente. — Acho melhor a gente ir "recepcionar" as garotas novas. Tudo estava bem. O dia agradável, um vento fraco, meninas lindas, perfeito. Até que eu vejo a insuportável da Chloe. Mais uma vez na mesma escola que eu? Já não basta me perseguir desde a 5 série? — Vamos lá dar um oi pra Chloe, Marcus? — Meu sorriso malicioso não esconde minhas verdadeiras intenções. — Você e suas implicâncias com a menina. — Não é implicância. É só um modo rápido de fazer ela se ligar e mudar de país. — Saímos rindo em direção a Chloe. CHLOE Após alguns minutos vendo as roupas engraçadas que os supostos calouros desorientados usavam nos primeiros dias, senti uma energia negativa se apossando do ar ao meu redor. Nem precisei olhar pra saber que era o i****a do Alex. Como se não bastasse 7 anos na mesma sala, ainda tem que estar aqui mais um ano? Ninguém merece! — Oi Chloe e Sophie, tudo bem? — Os dois perguntam em uníssono como se tivessem ensaiado para apurrinhar eu e minha amiga. — Com vocês perto, nada fica bem. — Digo já sem paciência. Não sou do tipo nerd, mas a implicância que eles têm comigo e Sophie me faz imaginar que eles imaginam que eu tiro notas altas. Ou eles são apenas uns sem-ocupação. Se eles vissem o quanto meus pais brigam comigo por conta dos meus C em maior parte do semestre. — Eita, parece que alguém acordou de m*l humor aqui hoje. Só viemos dar bom dia, meu amor. — Alex retruca com aqueles olhos verdes penetrantes que tenho vontade de esmagar. — Pra você sempre vou estar de mau humor, e não quero seu bom dia. Vindo de você é o mesmo que pedir pra ter um dia amaldiçoado. — Digo me levantando, pegando minhas coisas e indo pra secretaria acompanhada de Sophie. — Levou um fora, hein Alex. Esse ano começou com o pé esquerdo pra vocês de novo. — Consigo escutar o i****a do Marcus falando. — Tô nem aí pra essa perdedora. Vamos embora, já perdi tempo demais com essa maluca. — Reclama irritado, mas percebo mágoa na voz. Eles caminham em direção ao pátio e fico aliviada por não seguirem a gente. Mas meu alívio logo acaba quando vejo que Marcus e Alex estão na minha turma novamente. Sorte que Sophie e Rayara, minha prima, estão na minha turma também. Tem umas 20 pessoas novas na turma, mas só consigo focar no i****a do Alex. Todo ano mesma coisa? Quando vai mudar produção? Termino de ver as listagens e coloco tudo que posso no armário pra não precisar trazer peso nas próximas aulas. Já não estou mais com o mesmo ânimo. *** Entramos na sala e só iria ter apresentações de professores e alunos. Como se tivesse milhares de alunos novos. Entrou uma mulher baixinha, robusta, de cabelos grisalhos e óculos na sala. Ela sentou-se na mesa e pausadamente disse: — Bom dia alunos! Sou a professora Mary de Literatura Inglesa, terão aula comigo nos 2 primeiros tempos das suas segundas. Ela falava como uma professora de uma creche, bem devagar para que as crianças - que no caso, nós - não perdessem o fio da meada. Eu não sou muito fã de literatura e todos aqueles filósofos e poetas antigos, mas tinha que entender tudo pra ter notas boas, e nunca mais voltar para a escola. Estava prestando atenção em tudo que ela falava, explicando como ganhava ponto com ela, porque sou uma boa aluna. — Ei nervosinha! — Disse um ser i****a atrás de mim me dando cutucões nas costas. — O que é Alex? — Digo virando e revirando os olhos. — Hum.. nada. — Ele tinha o dom de me irritar. Dei um beliscão na sua perna. O grito que ele soltou fez com que todos da sala olhassem. Segurei o riso o máximo que pude, mas o berro foi engraçado. — Ei rapaz, o que foi? — Perguntou a professora. — Nada não, professora. — Disse com raiva e ódio nos olhos. Dou um sorriso falso sem mostrar os dentes e viro pra frente pra acompanhar a estupenda aula. Acabou a aula de inglês e logo teve de matemática com um professor lindo - segundo os suspiros de toda a sala - Matthew e por último filosofia, com Denisy. Saio da sala o mais rápido que posso e fico esperando minha prima e amiga sair, trocando os itens necessários do meu armário. — Por que você me beliscou daquele jeito, sua i****a? — A voz reconhecível e a raiva na voz me fez ter noção de quem era. — Primeiro, o único i****a aqui é você. Te belisquei porque você mereceu. E se quiser te belisco de novo. — Digo aproximando dele, afim de que ele saísse correndo. Muito pelo contrário, ele deu dois passos pra trás e logo deu quatro pra frente de modo que sentíamos a respiração um do outro, com meu nariz na direção do seu pescoço. Mas eu não ia ceder! — Vamos, nervosinha, vamos dar uma trégua. — Disse colocando as duas mãos na parede acima da minha cabeça, fazendo com que eu ficasse encurralada entre ele e a parede. Dei um outro belisco na perna dele, revoltada com a audácia e com o cheiro característico dele que ficaria impregnado nas minhas vias respiratórias. — Eu disse que daria outro. — E saí dali antes que a situação piorasse. — Qual é o seu problema? — E ficou parado passando a mão onde eu tinha beliscado. ALEX Eu tento ser calmo, mas ela invoca o pior de mim. Garota insuportável. Meu celular começa a tocar e, pelo identificador de chamadas, sei que é meu pai. — Onde você está? — Tô na escola, por quê? — Seu avô, ele quer falar com você há muito tempo, ele deu mais um infarto, não está nada bem. Ele queria que você fizesse uma visita à ele. — Caramba, porque não me contaram antes? — Ele teve ontem. — Muito tempo? — Não tínhamos como contar. Ele pediu pra que você levasse sua namorada. Aquela que você nunca apresentou à ninguém. Essa namorada existe mesmo? — Claro que existe, mas nosso namoro é secreto. — Tão secreto que nem ela sabe. — Eu vou tentar ir e levar a minha namorada, tá bom? — Ok, comporte-se lá hein. Aliás, acho que eu e sua mãe vamos numa viagem da empresa, voltamos depois de amanhã bem cedo. Cuida da sua irmã, ok? — Ok, cuido sim. — Vai rolar festinha. — Ah, mais uma coisa, nada de festinha. Se fizer, sabe que vou acabar descobrindo. Tchau. — Tchau. — Meu pai me conhece tanto que sabe até o que penso. Qual o meu problema, afinal? Lembrei. Eu não consigo apaixonar e nem sei porquê. Na verdade, eu tenho tanto amor pra me espelhar dentro de casa e na minha família, que talvez seja erro de genética ou Deus me fez assim porque quis. E como o velho ditado diz: Tudo que está r**m pode piorar, não sei de onde vou tirar uma namorada em menos de 48 horas, que queria ir pra NY e seja maneira. Fiquei pensando mais alguns minutos na enrascada que tinha me metido há 3 meses atrás quando disse que namorava pra toda minha família e tentando achar uma solução. Por isso um sábio inventou um ditado: "Se você conta uma mentira hoje, ela vira uma bola de neve." Não é bem um ditado, mas tem algo parecido. — Ei cara! Tá no mundo da lua hein! — Disse Marcus me tirando dos meus pensamentos. — Mano, tô ferrado! — Pegou a grudenta da Cyça de novo? Bateu o carro? Já sei, descobriu que ama uma nerd? — Não seu b****a, bom, a Cyça eu peguei semana passada, mas não é isso. Lembra quando disse pra minha família que tinha namorada? — Ele concorda. — Minha família quer conhecer essa minha namorada inexistente. — Você ainda continua com essa mentira? Você é um i****a mesmo. — Ô i*****l, tô falando sério, papo reto. Como vou arranjar uma namorada em menos de.. — olho o relógio no pulso. — Menos de 47 horas? Tô ferrado mesmo! — Digo passando a mão pelos cabelos e deixando-o mais bagunçado do que o costume. — Só arranjar uma garota. — Ah jura? Não tinha pensado nisso. — Ué, arranja uma garota lerda que seja bonita e gostosa, que não se apaixona e.... — Impossível. — O cortei. — Por quê? — Perguntou incrédulo. — Impossível alguém não se apaixonar por mim. — Pede sua humildade pra ir contigo então. Sua humildade um dia vira uma pessoa, de tão grande. — Revirou os olhos mas, estes brilharam, quando pareceu ter uma nova ideia. — Fala que paga. Rapidinho ela vai aceitar. Algumas mulheres são interesseiras. — Algumas são. Bem pensado, mas quem? Na mesma hora passou a Cyça. — Oi, Cyça, tudo bem? — Oi Alex. Melhor agora! — Disse puxando o decote pra mostrar mais seus p****s. Na mesma hora imaginei a apresentação dela à minha família. — Primo Bernardo, Vó e vô, tios, essa é minha namorada Cyça! — Prazer família de Alex, e muito prazer Bernardo, você tem quantos anos? Ela daria em cima até do meu avô, melhor não. — Fala Alex! — Nada não, esquece. Ela saiu andando, acho que ficou bolada. — Por que não falou com ela? — Já viu como ela é oferecida? Tem que ser uma menina direita, quase santa. — Pauso o monólogo pra dar uma olhada no corredor. — Mas quem? — Verdade. Bom amigo, o que te resta é contar a verdade. — Disse dando leves tapas em minhas costas como se fosse me confortar. — Nunca, nem que eu leve você vestido de mulher. — Tá me estranhando? Nem se me desse uma passagem pra Paris e me desse sua prima Camila embrulhada como um presente de Natal. — Como assim cara? Minha prima é quase uma santa. Tem essa não. — Tanto faz, vou comer. Fica aí com seus problemas. Ou come comigo. Comida sempre me acalma. — Neguei. — Depois eu volto. — Disse saindo de perto de mim e indo pra cantina. — Dá licença! — Percebi que estava na frente do bebedouro. — Chloe, Chloe. Só dou licença se pedir desculpa pelo beliscão. — Digo entrando ainda mais na frente do bebedouro. — Se você não sair, vai pra enfermaria com o terceiro e sem desculpa. — Pode dar, seus beliscos não doem. — Não perguntei. Agora dá licença. — Tá bom, calma. — Digo saindo de frente do bebedouro e dando passagem pra ela beber água. Quando tive a brilhante ideia. Uma que renderia muitos beliscões. Mas valeria a pena! ...
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