- E AI, MEU PRINCIPE! –Eu digo, entrando no quarto dele, enquanto ele pula da cama para o meu colo – Pronto para hoje?
- Muito! – ele me abraça apertado e eu beijo seu rostinho
-Vem, vamos para o banho, sapeca.
Jack entra no banho e eu apronto Bernardo. Ele está penteadinho, os cabelos com cachinhos como os de Jack quando eram grandes, os olhos também, me olhando cheio de expectativa.
- Fico assustada no quanto você parece com seu pai. – ele ri
- Papai já está pronto? – eu suspiro frustrada
-Ele não vai com a gente.
- Por quê? – ele pergunta triste
- Muito trabalho. – dou de ombros e ele faz biquinho – Mas não fique assim, você vai se divertir muito hoje e eu vou te levar e te buscar. Agora vá ver desenho, enquanto eu me arrumo. Pede a Tereza para colocar a mesa do café.
- Sim, mamãe. – ele sai todo animado novamente pela casa
Eu suspiro cansada e vou para o quarto. Jack está saindo do banheiro de cueca, secado o cabelo na toalha. Eu m*l o olho, apenas passo, pegando meu celular e ligando para Guillermo.
- Oi, Guille. Então, tive um probleminha. Sabe a reunião de amanhã às 10h? Pode remarcar para 13h? – ele pergunta por que – A Lara me ligou ontem pedindo ajuda, ela me pareceu meio desesperada. Como não é uma reunião muito importante, pode mudar o horário? – ele confirma – Avisa a produção, por favor. – ele pergunta sobre as letras – Sim, vi no meu email, não consegui ler direito ainda. Mas faço isso antes da reunião. – ele confirma e se despede – Obrigada, Guille. Até mais. – E desligo o telefone
Jack veste a calça me olhando cheio de expectativa. E eu m*l o olho. Passo para o banheiro, pronta para um banho.
Jack me espera cozinha, tomando café com o Bernardo. Eles conversam animados e Bernardo sorri. Eu entro pronta na cozinha, com uma calça jeans e uma blusa coladinha azul piscina. Os cabelos em cascata chocolate e uma sapatilha. Bernardo sorri.
-Está linda, mamãe.
- Obrigada, meu amor. – beijo sua cabeça, me sentando na mesa
O café foi silencioso entre eu e Jack. Bernardo não notou o clima e continuou conversando animado com o pai.
- Bernardo, tá na hora. – limpo a boca e me levanto – Pega suas coisinhas no quarto e vamos. – ele sorri animado e vai correndo
Passo pela sala, pegando minha jaqueta e vestindo. Recolho a chave do carro e o celular na mesinha. Quando uma voz no pé do meu ouvido me estremece..
- Vai me continuar me ignorando?-Jack pergunta.
-Vou. – lhe dou um olhar gelado, ignorando a reação do meu corpo com a sua voz
-Rebecca, não tem como eu ir. Seja tolerante.
-Eu sou tolerante, Jack. Você sabe que não precisamos abdicar desses momentos em família por dinheiro.
-Não é por dinheiro, é a minha carreira e eu a prezo, sei que trabalhamos juntos, mas, eu também tenho meus próprios projetos.
- Nunca me coloquei contra sua carreira e nunca irei me colocar. É uma balança e você já escolheu o lado. Seu filho não vai ter um dia menos maravilhoso por causa da sua ausência, porque EU não vou deixar. – ele fica realmente nervoso
-Parece que eu fiz algo horrível. – eu bufo cansada
- Olha, Jack. Não vou discutir. Se você não enxerga um palmo na frente dos seus olhos, compre um óculos. Hoje não é dia disso. Com licença. – eu me dirijo até o quarto de Bernardo, ajudando ele com a mochila e saindo minutos depois com ele pela sala. Ele beija Jack, alegre e eu nem olho ele.
Quando fecho a porta, peço para Bernardo pedir o elevador. Lara abre a porta da frente, saindo com Luna no colo.
- Bom dia!
- Bom dia, tia Lala! Tô bonito?
- Você tá lindo, meu príncipe! – ela beija a cabeça dele que ri sapeca – E você, - ela me olha séria – o que houve?
-Ah, Lara.. – suspiro – Depois conversamos. – aponto para Bernardo com a sobrancelha
- E Jack, cadê? – ele olha a porta do meu apartamento fechada
- Não pode vir. Esse é o problema. – ela revira os olhos – Depois falamos. E você coisa linda. – beijo a barriga de Luna – Você tá cada dia mais linda, sabia? – ela beija meu rosto
- Becca.. – Luna esta aprendendo a falar. Toda fofa e esperta como Lara. Os cabelinhos pretinhos e lisos, o rosto redondinho.
-Precisamos ir se não vamos nos atrasar. Mas amanhã eu vou com você no.. aonde mesmo?
- Depois eu te explico. – ela revira os olhos e eu rio
- Ok. – digo entrando no elevador – Mas só posso até meio dia.
- Tempo de sobra. Tchau, Bernardo. Boa aula! – ele agradece e o elevador fecha.
Jack sai, fechando a porta e Lara ainda está parada no elevador. Lara olha séria para ele.
- O que foi?
- Você sabe que deveria ter ido com eles, né?
- Ah, Lara. Você também. – ele bufa – Hoje não, não me enche hoje não. – ele aperta o botão do elevador e ela entra com Luna, bem irritada com ele.
Jack passa o dia todo longe, irritado com tudo, pensando no que Rebecca lhe disse, mas o mesmo tempo focado na reunião, no contrato e naquilo que ele foi fazer. O resto do mundo desligou, ele ia fechar aquele contrato de qualquer jeito depois se resolvia com Rebecca como todas as outras vezes que brigaram.
- Chegamos, amor.-Rebecca diz a Bernardo, chegando na escola.
- Mamãe, - ele faz biquinho – não quero mais ir.
-Por que, amor? – lhe toco o rostinho – Você ficou ansioso por isso meses!
-Não quero ficar sozinho. – ele tá quase chorando
-Você não vai ficar sozinho. Vem cá. – eu solto o cinto e ele vem para o banco da frente, sentando no meu colo – Lá dentro tem um montão de crianças iguaizinhas a você. – toco a ponta do seu nariz – Elas estão lá para brincar, desenhar, pular, rir, cantar.. Tudo que você já faz comigo e com seu pai. Agora você vai brincar com outras crianças e com a gente.
- Iguais a Luna? – vejo uma animação nascendo de novo em seu rostinho
- Iguais a Luna!
- Queria que o papai tivesse vindo.. – ele abaixa o rostinho e eu o abraço
- Também. – suspiro – Mas tudo bem, ele com certeza vai vir te trazer outro dia. Agora vamos. Vamos que você tem um dia de diversão! – ele sorri – Você está pronta, criança?
- Estou capitão!
- Eu não ouvi direito?
- Estou capitão! – ele começa a rir e eu a fazer cócegas nele
- Assim é melhor, agora vem. – abro a porta do carro, dando a mão a ele e trancando, eu atravesso a rua, conversando e brincando com o Bernardo.
Enquanto caminho com Bernardo até a porta da escola, passo em frente a um café, nem olho e continuo andando..
-Rebecca? –Alguém me chama, e eu me viro para olhar.