— Eu posso deixar vocês em casa, caso você for pra sua casa agora.
— Vou ao mercado. Preciso de comidinhas pra ele.
— Eu posso te levar.
— Não quero te atrapalhar.
Levi pegou a bolsa com o presente.
— Não vai atrapalhar. Eu não ofereceria só pra parecer educado se isso mudaria a minha rotina. Tô tranquilo.
Ele estava querendo passar mais tempo com Dominic ou Dakota estava vendo coisa? Não fazia sentido ele querer ficar mais tempo perto dela, Dominic era a única resposta.
— Já que você insiste…
— Que bonitinho, você não foi teimosa feito uma mula — sorriu para ela.
— Se você ficar enchendo a minha paciência, é melhor que eu vá sozinha.
Levi revirou os olhos para ela, suspirando pesadamente.
— Você tem algum senso de humor?
— Não quando as pessoas me chamam de mula.
Ele soltou uma risada. Apoiou o peso do corpo nos pés e levantou com Dominic no colo, sem muito esforço. Dakota pegou as coisas do chão, com Levi ao seu lado com tanta paciência que ele não aparentava ter. Levi ficou quieto enquanto Dakota dobrava a manta e a guardava delicadamente dentro da bolsa.
— O que uma criança de sete meses come?
Dakota finalmente pegou o carrinho e começou a empurrar.
— De tudo. Tudo amassado de forma que não machuquem a gengiva.
Levi precisaria estudar bem mais sobre os bebês. Ele não teve 1 ano e pouco para estudar sobre comidas de neném porque não sabia que tinha um filho, então seu tempo estava bem reduzido.
Ele sabia que devia ser mais sério com ela e com a situação, mas também queria saber como podia fazer ela rir.
— Posso dar um mamazinho bem proteico pra ele?
— O quê?
— Um mamá com whey, pra deixar ele bem forte. Tem gostinho de chocolate.
Dakota o encarou, e tentou ao máximo não rir. Um sorriso escapou quando Levi ergueu uma sobrancelha. Ali estava a confirmação: ele podia ser um cara bobo com piadinhas idiotas. E isso a faria se segurar para não rir.
— Ah — ele disse, como se se lembrasse de algo — Ele não pode por causa do chocolate. Eu li que crianças não podem comer doces. Não devem comer até, pelo menos, 2 anos.
— Os avós normalmente passam por cima das ordens que os pais impõem, mas, sim, eu não pretendo dar doce a ele por um bom tempo ainda.
— Tem whey sabor banana…
Dakota riu.
— Sem whey também. Podemos introduzir isso com… sei lá, 18 anos?
Levi olhou para ela.
— Podemos?
Não havia notado que tinha colocado a situação toda para os dois fazerem juntos.
— Pelo visto você já está me corrompendo.
— Não… é porque você sabe que eu sou o pai dele.
— Só Deus sabe, vamos ser sinceros.
— Deus e eu. E aparentemente você também — Dakota revirou os olhos, não estava mais se convencendo do contrário. — Nós temos uma conexão. Eu já estou quase pronto pra reconhecer o meu amor por ele.
Por Deus, como Dakota detestava o quanto ele soava fofo dizendo essas coisas. Não tinha uma resposta para aquilo, ela só achava adorável demais para rebater com qualquer coisa.
Levi o entregou para Dakota, destravando o carro para abrir a porta de trás e mostrar a ela o banquinho.
— Você comprou um banquinho?
— Não, esse é da minha prima, mas o bebê ainda não nasceu, então eu vou usar até sair o teste. E aí eu compro um.
— Bem prático.
Quando Dakota terminou de conferir se Dominic estava confortável e se sentou no banco do carona, Levi entregou a esquecida caixa de presente. Dakota sorriu, e era genuinamente agradecido e delicado.
— Espero que vocês gostem.
— Talvez eu odeie — ela desfez o laço.
— Estragou meu clima de pai do ano com um presente superlegal.
Dakota riu, o que fez Levi esquecer que ela podia odiar a lontra. Dakota parecia humanamente impossível de odiar qualquer coisa quando ele a olhava sorrindo para algo, ou quando estava só tranquila e relaxada. Talvez Dakota parecesse um tipo de ser angelical demais, e ele precisava se lembrar que ela era uma humana e a beleza dela só o deixava atraído.
Nada do que ele pensava devia ser levado em consideração porque tinha grandes chances de ser só atração física.
— Ok, eu amei muito — a voz dela o fez voltar ao carro. Era capaz de passar por um sinal vermelho de tão distraído que consegue ficar. — Ele também vai amar!
Levi sorriu.
— Eu já esperava, essa lontra tem uma cara fofa demais pra não encantar.
Dakota sorriu mais.
— Obrigada pelo presente. Vou dar a ele quando colocá-lo no carrinho.
Levi assentiu.
— Hm, me conta mais sobre ele. Comida favorita? Alergia? Intolerância?
Eram boas perguntas.
— Ele adora frutas, mas detesta especialmente o abacate.
Levi olhou para Dom pelo espelho.
— Eu também, filhão.
Dakota ignorou.
— Adora brócolis e cenoura, ele come sempre — Levi sorriu. — Ele não tem intolerância, mas é alérgico a abacaxi.
Levi olhou para Dakota no mesmo segundo, voltando a olhar para frente rapidamente para não bater em ninguém. Primeiro, ele ficou quieto, tentando assimilar aquilo, depois, soltou uma risada.
— Ele puxou a parte r**m de mim também, Dakota.
— Como é que é? — ela não podia estar pensando que era aquilo mesmo.
— É, pois é. Eu sou alérgico a abacaxi também — entrou no estacionamento do supermercado. — Vai dizer que é outra coincidência? Porque, sinceramente, acho que já esgotamos essas fichas.
Dakota balançou a cabeça, como se para afastar os pensamentos.
— Acho que você é o primeiro homem na face da Terra que quer que um teste de DNA dê positivo.
— Claro que não, eu vi um reality que descobre quem é o pai e quando o cara não é, ele fica desolado.
A cabeça de Dakota virou lentamente para Levi. Ele estava achando que aquilo também era um reality?
— Isso não é um reality, então não se sinta pressionado para desmoronar caso não dê positivo.
Levi revirou os olhos, só faltava erguer o dedo médio para ela. Dakota o ignorou outra vez.
— Está tentando se convencer de que ele não é meu filho, né? — Sentir um pouquinho de medo não era pecado — Relaxa, ele só sai ganhando se eu for o pai. Sinto muito a minha genética ser forte o bastante até para as alergias.
Dakota suspirou, abaixou a cabeça, encarando seus dedos. Cutucava a cutícula do indicador direito com a ponta da unha do polegar, tentando controlar todos os mil e um sentimentos dentro de si. Ainda não tinha superado aquela loucura toda, nem mesmo sabia se um dia seria de superar. Era doido pensar que da noite pro dia seu filho ganhou um possível pai e que agora precisaria lidar com ele e com a família dele.