CAPÍTULO 15

1132 Palavras
Ouriço ou lontra? É verdade que pais detestam chocalhos? A atendente era simpática. Ela estava sorrindo como se Levi não estivesse tentando decidir entre um brinquedo de Ouriço e uma lontra que cantam. Havia visto na internet que nessa idade os bebês levam as coisas a boca sempre, então um chocalho com um mordedor parecia uma boa ideia, já que fazia duas tarefas em um só: distrair a criança com o barulho e morder porque gostam de morder. Levi não entendia quase nada sobre bebês. Agora sabe porque seu pai leu tantos livros durante a gestação. — Você gosta mais da lontra ou do ouriço? — Eu acho a lontra uma graça, sendo bem sincera. E assim ele decidiu qual levar. — Ótimo, vou levar ela e o chocalho. A moça assentiu, o chamando para que a acompanhasse até o caixa. Diga-se de passagem, aquela lontra era cara. Levi pediu para colocar em uma caixa de presente, embrulhos barulhentos só eram legais quando as próprias crianças podiam abrir. — Presente para o sobrinho… irmão? A garota perguntou, focada em um laço perfeito em tom azul. Levi pensou antes de dizer o que aquela criança era dele: um possível filho que eu não fazia ideia da existência, mas podia ser pior. — Meu filho. Ela o encarou, sorrindo. — Adoro crianças. Tenho uma menina. Levi sorriu levemente para ela. — Não foi planejado, mas parece bem certo agora. A mulher abriu outro sorriso, colocando a sacola com a caixa de presente na bancada. — Quando você notar, ele já é parte de tudo e nenhum dos seus planos falta ele. Aquilo parecia ter sido a maior certeza que ela tinha na vida. E, se ela estivesse certa, daria tudo certo. Se Dominic for seu filho, tudo começa a se encaixar no tempo certo. — Bom, se voltar aqui e precisar de mais alguma ajuda, me chamo Stormy. Levi franziu a testa. — Stormy… Stormy franziu o nariz. — A Kylie Jenner gosta. Levi sorriu. — É diferente, mas é bem bonito. Stormy abriu um sorriso. — Obrigada… — Levi. — Levi. Espero que o seu filho goste do presente. — Eu também espero. — até porque não foi nada barato essa lontra. — Obrigado, Stormy. O sol estava brilhando entre as nuvens cinzas de São Paulo. Estava um dia bonito para uma capital que era conhecida por tudo, menos por dias bonitos. Iria chover mais tarde, de qualquer maneira. Quando Levi chegou na entrada do Ibirapuera, a primeira coisa que fez foi tentar encontrar Dakota. Ela disse que o esperaria ali, então esperaria até que ela chegasse. Era melhor não haver desencontros. Cinco minutos depois, ele viu Dakota com um carrinho virado para ela. Estava usando um boné cor-de-rosa com os cabelos soltos, shorts que não eram colados e uma blusa branca. Nem sabia que era possível aquela mulher ficar mais bonita do que já é. Ela se supera a cada dia. — Desculpa o atraso. Levi olhou o relógio no pulso. — Seis minutos? Eu perdoaria se fossem cinco, mas seis… Dakota revirou os olhos, o que fez Levi abrir um sorriso de canto. Dominic soltou um resmungo no carrinho. — Eu devia falar com o nosso filho antes de falar com você — Dakota ergueu as duas sobrancelhas em descrença. — Me deixa ver ele — ela ergueu mais as sobrancelhas. Ele estava muito saidinho. — Qual é, Dakota. — Qual é o quê? — Me deixa ser mais descontraído com você pra eu conseguir fazer mais sentido, pode ser? Era melhor que ele fosse ele mesmo. Ela ainda não confiava completamente nele, mas não dava para ser dura o tempo todo, ele estava se esforçando. Dakota virou o carrinho para ele, e o olhou enquanto ele abaixava e sorria para o bebê. — E aí, cara? O papai veio só pra te ver. Dakota olhou para frente, fazendo cara de que não adiantava falar mais nada. Era capaz de Levi assumir seu filho mesmo sem ter o teste pronto ou sequer feito. — Vim pra falar com a sua mãe também, mas foi mais por você. Dominic estava sorrindo para ele, o que fazia Levi abrir o maior sorriso que ela já viu, ainda mais dele. Normalmente os sorrisos que ele lhe direciona são sarcásticos ou maliciosos. — Posso carregar ele? Dakota não estava esperando que ele pedisse isso. Mas já que estavam ali… — Claro. Levi sorriu levemente em agradecimento e se inclinou novamente só para conseguir tirar o cinto que o envolvia e o pegar no colo. Primeiro ele esticou os braços para ver o que Dominic vestia, analisando seu macacão jeans e sua blusa branca. — Vocês estão combinando? Dakota tentou não sorrir. — Uhum. — m***a. Devia ter vindo com a camisa branca. Dakota achou aquilo uma graça. Ele estava disposto a andar combinando também. Levi voltou Dominic para seu colo em segurança, o que fez os músculos dos braços se moverem, músculos perfeitamente malhados. — Ele é tão cheiroso. Disse Levi, cheirando a cabeça do bebê outra vez. Dakota empurrou o carrinho, andando ao lado dos dois. Dominic parecia bem confortável no colo do seu pai. Do seu quase pai. Do seu possível pai. — Eu tô segurando certo? — Dakota o encarou, se aproximou e arrumou a mão dele que estava nas costas de Dominic um pouco mais para cima. A mão de Levi estava quente, e era muito bonita, mas não era hora de ficar apreciando mãos alheias, mesmo que ela adorasse homens com mãos bonitas. — Assim te dá mais segurança. Levi assentiu, agradecendo. Enquanto ele caminhava na frente, Dakota reparou mais nele: o cabelo em um estilo despojado, um pouco longo, os fios não eram totalmente lisos e lembravam muito os de Dominic também. Até os fios eram iguais. Ele tinha tatuagens no braço, mas não dava para ver muito bem o que eram, ela só tinha certeza de uma Medusa que a manga da camisa não tampava completamente. Porque raios uma tatuagem da Medusa? — Quer ficar aqui? — Perguntou ela, parando debaixo de uma árvore. — Pode ser. Na grama, Dakota esticou uma manta com elefantinhos estampados e se sentou. Olhou para Levi, ele se sentou com Dominic nos braços sem dificuldades. Pelo visto não estava afim de entregar ele para sua mãe. — Você é um bebê gordo e gostoso — Dominic esticou a mão para segurar no brinco de Levi. — Qual a chance dele rasgar a minha orelha se puxar? Dakota riu, se inclinando e chegando mais perto para tirar a mão de Dominic da argola pequena. — Valeu. Levi o colocou sentado em seu colo com as costas em seu abdômen. Ele olhou para Dakota, iriam começar a conversar de verdade agora. — Eu decidi.
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