Capítulo 1
Trabalhar na casa dos Fernandes não é nada fácil, a garota é arrogante, metida e uns são... Como posso dizer? Tarado! Primeiro vem a filha, Emília, uma patricinha de quinta, faz curso para modelo, e está quase entrando para um concurso de moda, onde estão procurando uma modelo para a nova capa de revista, Moda Minas. Hoje, os assistentes virão aqui na casa avaliar ela, e tenho certeza que ela vai ganhar, pois Emília é muito bonita. Tem cabelos loiros e olhos castanhos claros, pena que seu corpo é seco demais, sem curvas. Ela todos os dias implica comigo, e faz-me de escrava, nem posso reclamar, pois o que ganho aqui é muito bom. Da de pagar minha faculdade de Fisioterapia, e ainda sobra um pouco para que eu compre algo, tipo, roupas.
Agora vamos falar do próximo. Carlos Eduardo, o irmão de Emília, que também é lindo, porém não passa de um tarado. Ele já tentou me agarrar varias vezes, e uma vez, taquei um vaso na cabeça dele.
Flashback On.
-Aí, você tá louca? - ele perguntou passando a mão na cabeça.
-Se continuar a fazer isso, irei te denunciar - digo e ele sai com a cara feia.
Flashback Off.
Depois daquele dia, ele não tentou mais, porém, ainda fica falando algumas gracinhas pra mim.
Logo vem o Sr. Pedro Fernandes, que é o Pai. Ele é o cara mais rico de Minas, dono de fazendas que velem milhões e milhões. Nas suas fazendas tem riquezas naturais, onde de lá sai toda seu dinheiro. Ele Faz todos os quereres de Emília. Comigo é um bom homem, nunca me faz m*l e me trata bem, muito bem. Ele é viúvo.
Sim, não existe mulher, e nem mãe para Emília e Carlos Eduardo.
Manuela morreu por conta de um Câncer, lembro-me dela muito bem. Ela era tão boa.
Bem, agora um pouco sobre mim. Trabalho aqui desde meus dezesseis anos, hoje tenho vinte, a mesma idade de Emília. O motivo? Quando eu era mais nova, perdi meus pais em um acidente. Nós estávamos chegando da Itália, onde é minha terra Natal. O carro de papai estava no aeroporto, quando desembarcamos, pegamos estrada para São Paulo, onde iriamos morar um tempo lá. Em SP, tínhamos nossos parentes, pois mamãe era paulista, e apenas eu e papai que éramos Italianos. Na estrada, a pista estava lisa demais, e acabou que o carro deslizou e capotou.
Apenas eu sobrevive. Meus pais eram ricos, tinham vários restaurantes espalhados pelo Brasil, mas não fiquei com nada, pois minha família egoísta, por parte de Mãe, ficou com toda a herança. Tentei falar com meus parentes da Itália, mas me impediram, eu era apenas uma pobre criança. A minha guarda tinha ficado com minha tia Dara por parte de mãe, até eu completar dezoito anos, então eu estava impossibilitada de ir para a Itália ficar com minha verdadeira família. Meus parentes de São Paulo fizeram questão de torrar todo o dinheiro que meus pais tinham deixado, e os restaurantes ficaram m*l cuidados. Dava desgosto de ver aquilo. Chegou um momento que infelizmente, eu não fazia mais questão de nada aquilo na minha vida. Pelo menos não naquela situação.
Não sabia andar muito pelo Brasil naquele tempo, hoje já até me acostumei. Gosto daqui, mas tenho vontade de voltar para minha terra.
E tudo terminou assim, eu trabalhando e morando na casa dos Fernandes.
{...}
-Elisaaa! - Escuto a voz irritante de Emília, que eu chamava apenas de Mia, assim como ela gostava.
-Oi, Mia - digo
- Fecha o vestido. - ela diz virando de costa - Naquela boutique lá no canto de casa, deixei meu vestido que usarei no natal guardado lá, quero que o traga no final da noite.
-Sim senhora - digo com ironia e fecho seu vestido que fica super folgado.
Saio do quarto e vou terminar meu serviço que no momento era enfeitar a árvore de Natal da casa. Escutei por ai, que viria muita gente para a festa que o senhor Fernandes ira fazer.
-Luana, me passa as bolinhas - peço para minha amiga, que também morava e trabalhava na casa.
-A árvore tá ficando linda - ela diz e agradeço.
Apesar de morarmos aqui, temos permissão de sairmos à noite, e fazer nossas coisas. Somos liberadas em eventos como esses, e Luana me chamou para passar natal com seus amigos.
Aceitei, até por que, onde mais eu iria passar? Aqui junto com esse povo metido que não vou. Amanhã já é véspera de Natal, e alguns parentes irão chegar logo hoje.
-Pai!! - a voz de Mia surge na sala toda empolgada - Luiz Alfredo está chegando e ira passar natal conosco - diz e pula no colo do pai.
- Que bom minha filha - ele diz sorrindo.
Ah, acho que me esqueci de falar que, essa tripa tem um namorado, e parece que irão noivar futuramente. Nunca o vi, mas também não faz diferença. A tripa seca sai do colo do pai, e sai falando no seu celular.
-A árvore está linda, Elisa - Sr. Pedro diz sorrindo para árvore - Manuela adorava ver a árvore assim.
-Ela era um linda mulher, um amor de pessoa - digo pegando a estrela - Que por? O senhor sempre fazia isso, lembra?
-Sim, eu lembro bem - ele diz com lágrimas nos olhos. Pega a estrala de minha mão e sobe a escada, colocando bem no topo.
-Muito bem, deixo terminar minhas coisas - digo sorrindo para ele, que me retribui.
Fiz todas as minhas coisas e já estava de noite. Terei que pegar o vestido de Mia. Peguei a chave da casa e passei pela sala, Mia chorava e se rebatia no sofá.
-Ai, Mia. Amanhã eles irão vir - Uma de suas amigas diz.
-Não, esse teste é tudo para mim, eles tinham que vir hoje! - grita.
-Mas eles estão entrevistando outras, amanhã eles estarão aqui, e você será a escolhida para ser a garota da capa, Moda Minas - sua amiga fala e ela limpa as lagrimas.
-Tem razão, vem, vamos retocar minha maquiagem que Luiz Alfredo já está chegando. E você? Está indo pegar meu vestido? - pergunta olhando para mim
-Sim, Mia - digo passando por ela. Quando eu tinha dezesseis anos, e cheguei a casa do Fernandes, pensei que Mia e eu seriamos melhores amigas, mas me enganei. Ela desde sempre me tratou m*l, não sei o motivo. Luana diz que é inveja, mas inveja de que? Ela é linda e rica. Não pode ser isso.
Estava bem frio, e meio úmido lá fora, a rua já estava um pouco escura. Na esquina, havia a boutique que Mia me falou, entrei na loja e uma moça me cumprimentou
-Boa noite. Posso ajudar? - pergunta
-Ah, eu sou Elisa, vim apenas pegar um vestido que Mia deixou.
-Ah, sim Elisa, ela disse-me que veria - a mulher fala abrindo um guarda roupa e tirando o vestido.
-Rosa? De fato é a cara de Mia. O vestido é lindo - digo pegando e assinando.
- E você moça bonita, como você não vai querer nada? - ela pergunta sorrindo.
-Eu sou apenas a empregada da casa, e meu dinheiro já tem dono esse mês - digo sorrindo e ela me olha intrigada - Minha faculdade de fisioterapia está em primeiro lugar.
-Ah, mas uma moça linda deve ter também um vestido bonito - Ela diz - Você passará Natal amanhã onde?
-Com uma amiga.
-Hm...Muito bem. Então que tal esse vestido? - ela pergunta tirando um vermelho paixão de dentro do guarda roupa.
-Acho que não poderei pagar - digo e ela sorri.
-Um presente de Natal para você - ela diz e me entrega.
-Sério? É maravilhoso o vestido, muito obrigada mesmo. Mas, posso pegar amanhã? Se eu chegar lá, Mia é capaz de rasga-lo inteiro - digo e ela ri.
-Tudo bem, lembrando que amanhã só abrirei até meio dia - diz e concordo.
- Muito obrigada, e Feliz Natal - digo saindo com o vestido de Mia.
Caminho pela calçada, onde estava meio vazia, quase as pessoas não circulavam por ali, era um bairro bem rico. Por onde passo havia uma poça de água, e um carro passa, fazendo com que a água me mele e....Merda, estou lascada. O vestido de Mia ficou todo sujo, meu desespero foi grande. Pego o vestido em minha mão e observo.
-Não, não, não. Merda, isso não pode esta acontecendo comigo - digo e meus olhos se enchem de lagrimas. É hoje que serei demitida. - Digo a mim mesma.
Começo a chorar, pois não vai ser fácil pra mim. Eu andava pra lá e pra cá, pensando no que fazer. Um carro luxuoso para e abaixa o vidro.
-Tá tudo bem? - O rapaz que estava dentro pergunta, e ele olha para trás, talvez pense que fui assaltada,
-Não, não tá nada bem, eu serei demitida por minha "chefe"... - digo chefe entre aspas - ...Louca e mimada por que um louco passou e me melou, e acabou melando o vestido caríssimo dela e eu... -Olho nos olhos cor azul cristalinos dele, ele me olhava assustado. Claro. Eu chorava que nem uma louca.
Ai que tive uma ideia, ali estava à lâmpada magica. - Você... - digo me aproximando. - Você tem que me ajudar, olha aqui, estou com meu cartão, não tenho muito mas você tem que me levar em alguma loja de roupa onde eu possa comprar um vestido mais bonito que esse - digo mostrando o vestido - Eu não te conheço e nem você me conhece, mais faça essa caridade no Natal para mim. Por favor - peço
-Eu estou um pouco atrasado para chegar a um local, mas acho que posso te ajudar - ele diz e eu sorrio alegremente pra ele. - Entre - diz abrindo a porta. Dou a volta entro no carro.
-Vou ficar te devendo - digo colocando o vestido sujo atrás.
Seguimos para a Loja, e lá tentei achar o mais bonito, e achei um branco lindo, que ficará lindo também naquela magrela. O meu dinheiro do cartão até deu para pagar.
Já no carro, pego o vestido melado dela, e arranco a etiqueta - O que você tá fazendo? - O cara pergunta.
-Ah, eu estou colocando a etiqueta nesse, para a megera não desconfiar que comprei em outro lugar.
-Mas a cor é diferente. Aliás, o vestido é diferente - ele diz.
-Vou inventar algo, e concorde comigo, esse é bem mais bonito não é mesmo? Ela tem que gostar desse, vai deixar ela mais gorda um pouquinho - digo e ele sorri. Seu sorriso era lindo. Ele olha em meus olhos e depois segue para estrada.
-Você tem bom gosto - diz e agradeço.
-Quando eu morava na Itália, minha avó fazia vários vestidos - digo.
-Você é de lá? O que faz aqui então? - pergunta.
-Alguns acontecimentos - digo não querendo falar muito sobre o meu passado.
-Ah, entendo. Você quer uma carona até o local onde mora, trabalha... Sei lá.
-Não, deixe-me aqui mesmo. Não é longe e se me virem chegando podem até estranhar e irão fazer um monte de perguntas. - digo e ele estaciona.
-Ah, tudo bem - ele diz.
-Olha, eu serei eternamente grata a você. Você foi meu herói - digo e ele sorri. - Se quiser, posso dar um dinheiro para recompensar a gasolina que fiz você gastar - digo e ele n**a.
-Claro que não, considere um presente de Natal - diz e lhe dou um sorriso grande - Meu nome é Luiz.
-Eu sou Elisa - digo - Muito obrigada, Luiz, e feliz natal - digo me aproximando dele, e deixando um beijo em sua bochecha. Ele sorri e me da uma buzinada. Dou um tchau e sigo rumo a casa dos Fernandes.
Entro pelos fundos, coloco meu casaco no cabide dos empregados que fica na cozinha e bebo um copo de água.
-Você demorou. O que aconteceu? - Luana pergunta
-Um imprevisto, quer ver? Siga-me - digo indo para a sala, onde posso escutar aquela voz fina e irritante dela.
-Ai, meu amor, que saudades - escuto apenas sua voz.
-Eu também - Aquela voz...PQP PQP PQP MIL VEZES PQP.
Estanco antes de entrar na sala, e Luana acaba se esbarrando em mim. - O que foi?
-Ai não, não me diz que esse é o namorado de Mia - peço a Luana.
-Sim, ele chegou há alguns minutos - ela diz - Por que?
-Por que, minha amiga, eu estou frita - digo respirando e entrando na sala. O vestido estava dentro da sacola. Eles dois e o pai de Mia estavam de costa. Me aproximo e saldo todos.
-Boa noite - digo e eles me olham. Luiz, Luiz Alfredo, então esse é o namorado de Mia, o caro que me ajudou e que escutou eu apelidando ela. Nossa, que sorte a minha. Eu olho rápido para ele, e ele me olhava também, posso sentir - Mia, seu vestido.
Ela abre a sacola, e da um grito. - O que? Não, esse não é meu vestido - diz o tirando da sacola.
-Eu posso explicar...
-Esse vestido é lindo, ficará lindo em você, meu amor - Luiz diz pegando de sua mão - Experimente, sei que ficará perfeito. Branco combina com você. - Ele continua e ela sorri toda empolgada.
-Ai amor, você acha? Irei experimentar, o achei lindo também - ela diz. Que falsa. Ela sai da sala, e olho rápido para Luiz.
Sussurro um obriganda, e lhe dou um pequeno sorriso. Ele me da um sorriso de lado também.
-Tem certeza que não passará Natal conosco , Elisa?- O Sr. Pedro pergunta.
-Muito obrigada pelo convite, mas Luana já me convidou - digo olhando para ela, que sorri.
-Tudo bem, mas o convite está de pé.
-Obrigada. Licença - digo me retirando. Passo e vou direto para a cozinha. - Me dê água. Estou nervosa - digo e Luana pega um copo para mim.
-Que sorriso foi aquele que você deu para ele? - ela pergunta.
Falei tudo para ela, que ficou de boca aberta.
-Não acredito - ela diz.
-Pois acredite, ainda bem que ele não falou nada, por enquanto - digo e ela sorri.
-Ele é um gato - ela diz suspirando.
-E...Comprometido - falo levantando - Boa noite, amanhã temos muito trabalho, terei que lavar os cachorros - digo e ela sorri.
-Boa sorte.
Segui para o andar de cima, onde eu dormia. O Sr.Pedro fez uns quartos no ultimo corredor, para os empregados. No caminho de lá, Carlos Eduardo saí do seu quarto, e sorri quando me vê.
-Boa noite, valente - ele diz. Sempre me chamou assim por conta de meus olhos verdes e meus cabeços ruivos meio ondulados. Ele me comparava com a personagem do filme Valente.
-Boa noite, Carlos - digo passando, mas ele segura meu braço e beija meu pescoço.
-Eu já falei que adoro seu cheiro? - pergunta beijando a força minha boca.
-Carlos, para Carlos Eduardo, eu já pedi pra você parar - digo tentando me afastar.
-Uma noite Elisa, só uma noite - ele pede e abre a porta de seu quarto novamente.
-Eu disse não, o pessoal vai escutar meus gritos e vai ser pior para você - digo o empurrando.
-Tá tudo bem? - Luiz Alfredo aparece, saindo de um dos um quarto.
-Sim, o que você quer? - Carlos pergunta.
-Eu ouvi a moça falar que não quer - ele diz se aproximando.
-Você é um babaca mesmo né, Luiz? Coitada de minha irmã, o que ela viu em você? - Carlos pergunta e sai emburrado do lugar - A gente conversa depois, Elisa.
-Não temos nada o que conversar, Carlos - digo e ele não fala mais nada. Olho para Luiz, que me encarava.
-Tá tudo bem com você? - Pergunta.
-Sim, obrigada - digo e me viro, depois volto a olha-lo - Você me salvou três vezes hoje - digo e ele sorri.
-Três?
-Sim. Na rua, na sala com o vestido e agora com esse tarado - digo.
-Só ajudei - ele diz e sorrio.
-Boa noite - falo saindo do local.
-Boa noite, Elisa - ele diz baixo, quase não escuto.