A Força da Criação

1451 Palavras
O "Projeto Égide Kaine" absorveu a vida de Seraphina e Julian. O penthouse deixou de ser um centro de logística de vingança para se tornar o headquarters de uma revolução. Eles estavam a canalizar a mesma intensidade brutal que usaram para destruir Marcus Thorne para a criação de um império de tecnologia sustentável. Seraphina estava no seu elemento. Assumiu o comando do projeto com uma clareza de visão implacável. Passava horas a fio no home office, a trabalhar lado a lado com Julian. A convivência havia cimentado um ritmo de trabalho que era uma dança de mentes. Julian fornecia os recursos e a visão macro; Seraphina traduzia-os em passos tangíveis, recrutando os melhores engenheiros e cientistas do mundo. A sociedade observava com fascínio e desconfiança. Os mesmos tabloides que os haviam apelidado de "Casal Tóxico da Vingança" agora os chamavam de "Mecenas da Próxima Geração". Seraphina e Julian eram a nova força dominante, o poder que havia trocado o derrube de impérios pela sua construção. A sua parceria era perfeita na mesa de conferências e no quarto. A paixão entre eles era o escape necessário da pressão colossal do seu novo objetivo, mas também uma extensão da sua luta pelo controlo. Uma noite, após uma discussão acalorada sobre a aquisição de um terreno no deserto para a construção do primeiro centro de pesquisa solar, a tensão atingiu o pico. Seraphina defendia uma estratégia de negociação prolongada, enquanto Julian exigia uma compra imediata para evitar fugas de informação. — Está a arriscar biliões por causa da sua impaciência! — Seraphina atirou, batendo a mão na mesa do home office. — E você está a arriscar o tempo, Seraphina! O tempo é o nosso ativo mais precioso, não o dinheiro! Eu decido o risco do capital! — E eu decido o risco estratégico! Você não vai ditar a velocidade do projeto só porque sente que deve dominar todos os aspetos! Julian levantou-se abruptamente. Ele caminhou até ela, e a sua fúria irradiava como calor. — Você fala de domínio porque não consegue aceitar a nossa sinergia. Você tem que confiar em mim. — E você tem que confiar na minha cautela! Julian não disse mais nada. Ele agarrou-a pela cintura com uma força que era ao mesmo tempo possessiva e irresistível, erguendo-a da cadeira e virando-a. O debate havia chegado ao seu ponto de rutura, e o único local onde as suas vontades podiam ser reconciliadas era na i********e. Ele a carregou para o quarto principal. Seraphina não lutou. Sabia que a fúria e o desejo eram a mesma moeda para eles. A sua discussão era um prelúdio, uma forma de quebrar as barreiras intelectuais para permitir a rendição física. No quarto, ele a colocou de pé, os seus corpos quase a tocarem-se. Os olhos de Seraphina eram um desafio, os seus lábios entreabertos pela fúria. — Você está a tentar controlar-me com o desejo, Julian — ela sussurrou, sabendo que estava a expor a sua jogada. — E você está a tentar controlar-me com a sua negação — ele retrucou, a sua voz baixa e rouca, enquanto as suas mãos subiam para desabotoar a camisa de Seraphina. — O nosso controlo é mútuo, Seraphina. É por isso que funciona. A roupa de trabalho de Seraphina caiu, revelando o corpo esguio e poderoso que ele havia reclamado. Julian retirou o seu casaco, o colete e a camisa, os seus músculos tensos pela adrenalina. O seu corpo era uma escultura de disciplina, a manifestação física da sua vontade indomável. Julian beijou-a, e o beijo não era terno; era uma reivindicação faminta, cheia da fúria e do respeito que tinham um pelo outro. Seraphina respondeu com uma intensidade que incendiava a sala, a sua mente, finalmente, silenciada pelo instinto. Ele a levou para a cama, uma ilha de seda escura sob a luz suave que vinha da cidade. Seraphina se deitou, o seu corpo arqueando-se à espera do toque dele. Julian a olhou por um momento, a sua expressão de adoração séria. — Eu vou tomar posse de si. — Ele murmurou, a sua voz profunda, cheia de reverência e desejo. — E você vai tomar posse de mim. Julian se posicionou sobre ela, o seu peso a terra, a sua força o centro. Ele deslizou as suas mãos pela curva da sua anca, um gesto que era ao mesmo tempo de posse e de adoração. Ele a tocou, e Seraphina sentiu-se a dissolver-se em sensações. O seu toque era firme e conhecedor, orquestrando uma melodia de prazer que era exclusivamente dela. Então, Julian se moveu, o seu corpo uma promessa de entrega e domínio. Ele entrou nela, uma invasão suave, mas inevitável, que fez Seraphina prender a respiração. Não foi um ato de urgência, mas um retorno. Foi a sensação de uma peça que faltava finalmente a encaixar-se no seu lugar, de uma lógica que finalmente se tornava física. A sensação era de uma fusão total, a união não apenas dos seus corpos, mas das suas vontades. Seraphina sentiu-se cheia, completa, como se o poder de Julian tivesse sido injetado diretamente no centro da sua alma. Era a confirmação de que, apesar de toda a sua luta pela autonomia, a sua força era inseparável da dele. Julian se tornou o seu centro. Seraphina agarrou-se aos seus ombros, as suas unhas a marcarem a sua pele. O prazer veio em ondas, não apenas físico, mas uma onda de aceitação e reconhecimento. Os seus movimentos eram rítmicos, poderosos, a dança da sua dominação mútua. Seraphina fechou os olhos, e o seu mundo se resumiu ao toque dele, à respiração dele, ao nome dele. — Julian... — O nome era um gemido, a sua rendição final ao Novo Contrato. Atingiram o ápice juntos, uma explosão de energia que os deixou ofegantes e exaustos, mas curiosamente limpos. O debate sobre a aquisição de terras havia desaparecido. A paixão havia queimado todas as tensões, deixando apenas a clareza. Eles ficaram aninhados nos lençóis, exaustos. O corpo de Julian ainda estava entrelaçado no seu, o peso dele uma âncora reconfortante. — A aquisição de terras deve ser imediata — Seraphina murmurou, a sua voz ainda rouca, a sua mente a regressar à estratégia. — Você estava certo. A hesitação é um risco maior do que o preço. Julian riu, um som satisfeito, o seu peito vibrando contra o dela. — Eu sabia que chegaríamos a essa conclusão. Mas precisávamos de um reset. — Não é um reset. É uma reafirmação — Seraphina corrigiu, beijando o seu pescoço. — A nossa parceria é a única variável que não podemos arriscar. Nos meses seguintes, o Projeto Égide Kaine avançou com velocidade vertiginosa. A compra das terras foi imediata, e Seraphina usou o capital de Julian para construir um complexo que era parte laboratório de pesquisa, parte cidade sustentável. Julian, honrando o seu acordo, não interferiu nas decisões de Seraphina. Ele apenas fornecia os fundos e a proteção legal. Seraphina descobriu que a sua confiança nele era agora inabalável. Ele era o seu escudo, permitindo-lhe operar sem medo de ataques externos. O mundo viu o casal Kaine como uma força de benevolência e poder. O dinheiro de Julian, antes temido, estava a ser usado para construir o futuro. O génio de Seraphina, antes frio e isolado, estava agora a criar vida. Certo dia, Seraphina estava a supervisionar os projetos de design do novo laboratório quando Julian a chamou ao seu lado. — O projeto está a correr bem — ele disse, com satisfação. — O nosso legado está a ser desenhado. Mas há um elemento que falta. — Qual? Mais fundos? — Não. Um herdeiro. Seraphina olhou para ele, o seu coração a falhar uma batida. Nunca tinham falado de filhos. A sua relação era uma construção de poder, não uma união tradicional. — Julian, a nossa vida não permite... — Permite tudo o que queremos que permita. Eu quero que o nosso nome, o nosso legado Égide Kaine, seja carregado por uma criança que herdará a sua mente e a minha vontade. Seraphina, eu quero um filho consigo. A proposta não era um contrato de negócios, mas uma profunda declaração de intenção para o futuro. Julian queria cimentar a sua união não apenas através do poder, mas através da criação de uma nova vida. Seraphina percebeu que a sua maior ambição agora era a fusão total, a continuação da sua força na próxima geração. — Se for para o nosso legado, sim — Seraphina respondeu, a sua voz firme, mas com um toque de emoção que ela não podia esconder. O seu casamento de vingança havia-se tornado um casamento de criação. O Projeto Égide Kaine estava prestes a ter um novo foco.
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