Favela

Capítulo 20

Então passaram-se alguns meses e era o tão sonhado dia do nosso casamento, a família dele toda reunida, e estava tudo tão lindo. Eu estava vestida com um vestido longo, rodado, cheio de pedras e um vel grande. Tudo estava lindo e perfeito.

Foi o dia que eu disse "Sim" pela primeira vez na minha vida, para uma pessoa que eu tinha certeza que iria me fazer feliz.

Meu irmão assistiu tudo em transmissão ao vivo, e ele se emocionou ao me ver entrando na igreja e o pastor orando por nós. Foi tão lindo.

Bom, fomos para lua de mel, curtimos muito e decidimos ir morar no meu AP mesmo, até que eu me formasse na faculdade e então compraríamos uma casa maior e teremos nossos filhos.E assim foi.

Consegui me formar, com 26 anos, consegui também um emprego excelente na minha área. Compramos uma casa enorme e linda.

- Amor, bom dia - ele veio com café na cama para mim.

E me tratava tão bem, que eu não imaginava o porquê, nem como aquilo poderia acontecer, ele era carinhoso o tempo inteiro e todas as vezes que transava comigo, era amor de verdade.

E então comi tudo, aquele café da manhã maravilhoso. Mas logo em seguida levantei correndo e fui ao banheiro, vomitei tudinho, e ele assustado veio atrás de mim.

- O que foi Gabi ?

- Nada não, só estou muito enjoada.

- Será que te fez mau?

- Não. - eu sorri olhando pra ele pelo espelho enquanto escovava meus dentes. - não me fez mau...

- e como ... - ele sorriu - não acredito amor !

- sim sim sim - eu sorri olhando pra ele e o abraçando - você vai ser papai !

E foi mais uma alegria para nós, estávamos muito feliz, mas muito feliz mesmo.

Fizemos chá de bebê revelação, e descobrimos que viria ao mundo uma menina, e resolvemos chama-la de Hanna, Hanna Amorim Willis.

Durante a noite, já em casa, depois que fizemos o chá, eu tomei um banho, sentei na cama e falei:

- Ed, precisamos conversar - olhei sério.

- Aconteceu alguma coisa amor ?

- Eu quero ganhar a minha bebê no Brasil, quero ter meu irmão ao meu lado.

- Que ? - ele sorriu - tá brincando é amor ? Para de gracinha em.

- Estou falando sério, já faz uns 6 anos que não vejo ele mais, meus sobrinhos também...

- Podemos ir visitar, mas igual você disse, lá é perigoso amor !

- Tem uma coisa que você não sabe sobre mim.

- O que ? - sentou do meu lado - fala amor.

- Vou ser reta e direta - olhei dentro do olho dele.

- Sim, pode falar.

- Lá não tem perigo para mim...

- Você é a mulher de ferro é amor ? - ele deu risada.

-... Porque o perigo ... - respirei fundo - é meu próprio irmão.

Ele paralisou, e então eu expliquei para ele e ele simplesmente surtou, e deu um t**a na minha cara, pois ele disse que eu tinha mentido todos esses anos e que eu era uma falsa e virou as costas para mim e saiu do quarto batendo porta.

Eu coloquei a mão no meu rosto e só conseguia chorar, a culpa era minha, eu não tinha falado para ele toda a verdade sobre mim. Olhei para minha barriga, e tentei me acalma, mas as lágrimas escorriam no meu rosto sem parar, eu segurei firme a minha barriga e disse:

- filha, a mamãe está um pouquinho nervosa, mas fica calminha aí viu ? - eu estava morrendo de medo daquele baque de realidade, afetasse a minha gravidez, pois lembrei do meu primeiro bebê que eu perdi por causa de um nervoso que passei. Eu tentei me acalma, fui no banheiro e tomei um banho, e fiquei pensando "escolhemos fazer o chá revelação da Hanna com 7 meses de gestação, e eu burra fui falar para ele justo agora que meu irmão é um dos maiores traficantes do Brasil". Eu respirei fundo e consegui me acalma.

Fui até a cama, deitei e relaxei, mandei mensagem pro Ed "amor, vem pra casa, estou precisando de você."

Ed: não me mande mensagem por favor.

Gabi: me desculpa amor.

Ed: eu faria tudo diferente se eu soubesse. Jamais teria me casado com você Gabriela.

Gabi: corre Ed...

E ler aquela mensagem, eu passei muito mau e comecei sangrar, e ver aquela cena me desesperou e eu comecei chorar muito. Porém fiquei deitada e liguei para ambulância.

Ed: eu correr ? Para que ? Para ouvir mais mentiras ?

Eu sabia que o Ed não iria acreditar, então liguei para Angel, que sempre foi minha melhor amiga no Canadá.

- Oi ? - ela atendeu sonolenta - aconteceu alguma coisa pra você me ligar essa hora ?

- Por favor, me ajuda! eu estou perdendo muito sangue.

- que ? - ela respondeu assustada - e o Edward ?

- Não faz perguntas, vem logo.

E não passou 10 minutos, ela chegou. A incompetência do sistema de saúde demorou para que mandassem a ambulância, então eu me apoiei na Angel e ela me levou até o carro dela.

Chegamos no hospital e adivinhem ??? A bebê estava quase morrendo, então correram e fizeram um parto cesárea, e levaram ela pra UTI neonatal, cuidaram tão bem de mim lá. Mas infelizmente eu tinha perdido muito sangue e então tive que entrar em coma induzido e aplicaram remédios para que eu me recuperasse logo...

Acordei, com um tubo de respiração no rosto e os braços perfurados com agulhas que levavam soro a minha veia. Eu olhei para o lado e lá estava Angel dormindo na cadeira. Fiquei alguns minutos parada e ela acordou:

- Oi amiga ! Você está melhor ? - ela veio até mim e passou a mão na minha cabeça. Eu sinalizei que sim com a cabeça e mexi os lábios falando Hanna.

- A Hanna é linda, ela está bem, está sendo cuidada com os melhores médicos daqui. - ouvir aquilo me deu um alívio - eu vou te mostrar a foto que tirei escondido dela - ela correu e pegou o celular e veio me mostrar. Realmente ela era linda, perfeitinha demais, os olhinhos dela eram azuis e o cabelo loirinho, tão pequena e frágil. Eu chorei igual uma criança quando a vi. E neste momento, o Edward entrou no quarto com ela no colo.

Eu comecei chorar sem parar e as acelerações do meu coração disparou, e então o Ed disse:

- Calma amor, ela está bem, fica calma pra nós sair logo daqui. - ele se aproximou com ela no colo - deixa eu te falar... você perdeu muito sangue e teve que ficar internada, mas nossa filha nasceu com o tamanho e peso de uma criança de 9 meses, ela estava perfeita, e só deixaram ela até hoje na UTI neonatal pra ver como ela iria reagir e fazer alguns exames, mas hoje ela teve alta e vamos pra casa. Você já está aí faz 10 dias, e todos os dias eu vim te ver. Eu te amo muito, me perdoa por tudo. - ouvindo aquilo eu só conseguia chorar, pois ainda estava meia dopada pelos medicamentos...