Capítulo 5
A noite havia caído silenciosa na chácara, e eu finalmente havia conseguido relaxar um pouco depois da tensão do dia. Estava quase adormecendo quando, de repente, tudo ficou escuro. As luzes se apagaram, o aquecedor desligou, e a casa mergulhou em um silêncio profundo e gelado. O choque me acordou instantaneamente, e o frio começou a invadir o quarto, o que me fez tremer involuntariamente.
Com as mãos trêmulas, peguei o celular e liguei a lanterna, o único feixe de luz agora no quarto. A escuridão me cercava, e um arrepio subiu pela minha espinha. Eu nunca gostei de escuro, e a ideia de estar sozinha na completa escuridão naquela casa isolada me enchia de um pavor que eu não conseguia controlar.
— Tio John? — chamei com a voz hesitante, saindo do quarto com a luz do celular apontando à minha frente.
Quase de imediato, ouvi sua resposta:
— Estou aqui, Naty.
Ele apareceu no final do corredor, também com a luz de uma lanterna. Eu caminhei até ele, quase correndo, sentindo a urgência em meu corpo, como se sua presença fosse a única coisa que poderia me trazer conforto naquele momento.
— O que aconteceu? — perguntei, minha voz saindo mais apressada do que eu queria. — Eu... eu não gosto do escuro.
John olhou para mim com calma, mas havia um brilho nos seus olhos que eu não conseguia decifrar completamente.
— Não sei o que aconteceu — ele disse, sua voz baixa e reconfortante. — Parece que a energia caiu. Não se preocupe, eu estou aqui.
— Tem gerador? — perguntei, tentando esconder o nervosismo, mas a tremedeira em minha voz me traiu.
Ele balançou a cabeça.
— Só tem um no meu quarto, para o aquecedor. O resto da casa vai ficar assim até a energia voltar.
Eu estremeci. Estava frio demais, e minha camisola curta pouco me protegia do frio que agora tomava conta da casa. Meus dentes começaram a bater levemente, e minha pele se arrepiou ainda mais.
John percebeu isso imediatamente.
— Você está tremendo, minha pequena — ele disse, sua voz baixa, mas profunda, enquanto se aproximava de mim.
Antes que eu pudesse reagir, ele me puxou suavemente para seus braços, seu corpo grande e quente me envolveu completamente. A diferença de temperatura entre nós fez meu corpo trancar a respiração por um instante. Eu podia sentir seu calor contra minha pele, e o cheiro familiar de John era intensificado na proximidade. A sensação de segurança, mesclada a algo mais intenso e perigoso, me envolveu.
— Eu vou te aquecer — ele murmurou contra meu cabelo, sua voz baixa e rouca. — Vem, vamos pro meu quarto.
Eu o segui sem questionar, mais por instinto do que por escolha. O corredor estava escuro, exceto pelas luzes das lanternas que carregávamos, e o frio que me cercava parecia menos sufocante ao lado dele.
Ao chegarmos ao quarto dele, senti o leve calor do aquecedor que ainda estava funcionando. Pelo menos ali, o ambiente era um pouco mais confortável. John me guiou para dentro e, calmamente, disse:
— Fique aqui. Eu sei onde tem velas.
Assenti, aliviada por não estar mais sozinha na escuridão. Sentei-me na beira da cama dele, abraçando o próprio corpo enquanto esperava. Meus pensamentos estavam confusos, tentando processar a proximidade dele, o calor que ainda sentia no meu corpo por tê-lo tão perto. O silêncio ao redor só tornava tudo mais intenso.
Tudo parecia cenário de um filme, aqueles onde a mocinha desprotegida espera pelo cuidado do mocinho meio vilão. Eu não conseguia parar de pensar que isso tudo estava acontecendo, que não era só coisa da minha cabeça, e eu não sei... não sei se eu quero que seja, Parte de mim parece implorar pra que seja verdade, pra que isso fosse explorado.
John voltou alguns minutos depois, com algumas velas nas mãos. Ele começou a acendê-las, e a luz bruxuleante criou sombras suaves pelas paredes. Quando ele se virou para mim, o olhar dele era diferente. Seus olhos deslizaram por meu corpo, como se a luz das velas realçasse cada curva da minha pele à mostra. A luz da lua entrava pelas frestas da janela, refletindo na minha camisola, e o olhar de John era impossível de não notar.
Por um instante, senti o ar faltar, mas antes que eu pudesse dizer algo, ele quebrou o silêncio:
— Tudo bem se dormirmos juntos? — Ele perguntou, a voz suave, mas firme. — Somos dois adultos...
Minha mente entrou em conflito. Eu queria acreditar que ele estava apenas sendo protetor, como sempre fora. Que não havia nada de errado nisso. Mas a maneira como ele me olhava... Eu lutei contra meus próprios pensamentos, dizendo a mim mesma que a maldade estava apenas na minha cabeça.
— Sim... tudo bem — respondi nervosa, acenando com a cabeça, tentando afastar os pensamentos que não faziam sentido.
John sorriu levemente e puxou o edredom da cama. Ele se deitou ao meu lado, mas se virou no sentido contrário, como se estivesse tentando me deixar confortável. Seu corpo largo, agora coberto pelo edredom, parecia tão próximo e ao mesmo tempo distante.
"Aí meu deus, o que estou pensando... ele, nem liga pra mim. "
— Boa noite, Naty — ele murmurou, sua voz suave, mas ainda assim poderosa.
— Boa noite, tio John — respondi, minha voz quase inaudível.
Mas o sono não veio. Eu não conseguia dormir. A sensação de ter John tão perto de mim, o som da sua respiração profunda, o simples fato de estarmos sozinhos naquele quarto escuro... tudo isso parecia esmagador. Eu me virei na cama, olhando para suas costas largas. Ele estava de costas para mim, o corpo imenso e relaxado, mas a tentação de tocá-lo se tornou quase insuportável.
Eu não entendia por que aquilo acontecia. Mas o desejo de saber como seria sentir a pele dele debaixo dos meus dedos me consumia. Meu coração acelerou, e antes que eu pudesse fazer algo que não devia, fechei os olhos com força, fingindo estar dormindo, tentando afastar o impulso.
O som da respiração dele mudou. E, antes que eu percebesse, ele se virou na cama, movendo-se com facilidade. Eu podia sentir seu corpo agora mais perto do meu, e então, senti seus dedos acariciarem meus cabelos, levando-os suavemente para trás da minha orelha. Meu corpo inteiro reagiu ao toque, e minha respiração se tornou ofegante, mesmo que eu tentasse disfarçar.
Sua mão desceu lentamente, até que seus dedos encontraram meus lábios, traçando-os suavemente. A pressão dos seus dedos contra minha boca era suficiente para despertar algo em mim que eu não conseguia controlar. O calor subiu pelo meu corpo, e o desejo que eu tentava reprimir se tornou palpável.
Isso é real, eu sabia.
Então, em um movimento lento, John me puxou para perto. O corpo dele se colou ao meu, seu calor e sua força me envolvendo completamente. Eu abri os olhos, incapaz de manter a farsa por mais tempo.
— Tio John... — sussurrei, quase sem ar.
Ele me olhou com seus olhos escuros e intensos, a voz baixa e rouca enquanto dizia:
— Você sabe que é minha favorita, não sabe?
Eu suspirei, nervosa, sentindo o peso daquelas palavras e o perigo que elas carregavam. Ele parecia personificar e realizar cada ato no ponto certo pra me intigar, era como viver um conto. aí meu deus... o que eu faço agora?
...