A vida com a vó virou, oficialmente, uma comédia. Sério, se alguém resolvesse filmar nossos dias, dava pra ganhar festival. Dona Cida — ou “Cidoca”, como ela mesma passou a se chamar depois que uma vizinha disse que “Dona Cida” soava velho — tinha decidido que os setenta e seis anos dela não eram desculpa pra sossegar. Acordava antes de mim, dançando na cozinha com o rádio no máximo. Uma manhã, entre o cheiro de café e pão torrado, entrei meio dormindo e quase derrubei a garrafa de café de tanto susto: ela estava com uma toalha amarrada na cabeça e uma colher de p*u na mão, fingindo ser microfone. — “E agora, o sucesso da manhã com Cidoca FM!” — anunciou, rindo e rodopiando. — “Meu neto gato vai cantar comigo o hino da preguiça!” — Vó… é sete da manhã. — murmurei, rindo. — E eu sou afi

