O sábado estava correndo no mesmo ritmo de sempre. Loja cheia, clientes olhando, entrando, perguntando preço e saindo sem fechar nada. Eu já tinha tomado uns três cafés e estava com aquela caneta velha girando entre os dedos, só pra passar o tempo enquanto atualizava algumas fichas no sistema. E aí ela apareceu. Clara. Dava pra sentir o impacto na sala inteira só pela forma como ela atravessava a entrada, com aquele porte elegante, a bolsa discreta mas de marca, e o cabelo loiro bem cuidado caindo nos ombros. Não era exagero — todo mundo olhou. Os outros vendedores trocaram olhares cúmplices, como quem já sabia que o assunto do dia seria ela. Eu ajeitei a gravata meio no automático, tentando não parecer nervoso, mas, cá entre nós, era impossível não ficar um pouco diferente quando ela

