A conversa!

878 Palavras
Ming fez todo o caminho de volta para o Hotel pensando em resolver aquela questão, não devolveria Lis para os americanos, assim como não queria uma guerra, mas se ela o pertencia, podia fazer o que quisesse, inclusive matá-la. Chegou e a viu dormindo, parecia tão frágil, nunca quis tanto conquistar o respeito de uma mulher, nem sabia que tipo de sentimento o movia naquela direção, não era amor, sentia como se fosse algum tipo de hipnose, algo que o controlava apesar de saber ser errado. Tocou os cabelos de Lis com carinho, a desejava fisicamente, mas isso nem de perto era tão intenso quanto o carinho gratuito que tinha por ela. Perguntou sobre o material que havia preparado, não se arrependia do que fez e se enganou achando que a falta de reação da mulher significava desinteresse no hacker, talvez o encontro no hotel tivesse sido um adeus. Quis acreditar. Lis também estava confusa, não com os próprios sentimentos, mas em luta com a sua racionalidade. Ming parecia ser uma escolha óbvia e não apenas porque tinham um acordo e sim por tudo o que estava disposto a significar em sua vida. - Desculpa, é mais forte do que eu. Eu tenho um milhão de motivos para gostar de você, poderia passar o dia falando, mas eu... - Você gosta dele. - Juro que vou esquecer, Ming, só me dá um tempo, ele não vai voltar, por favor não faz nada. Ming se levantou e acendeu mais um cigarro, o desejo de tirar Pablo do seu caminho era quase tão grande quanto o que sentia por Lis. - Preciso ir ao Brasil, tenho negócios com o conselho, quero você ao meu lado, como minha esposa. Consegue fazer isso, Lis? - Não, eu quero ir para nossa casa, vou te esperar, depois podemos viajar, se conhecer, quero saber quem é o meu marido. - Não precisou conhecer o hacker, você vai comigo e resolvemos isso de uma vez, se quiser ficar, se não puder me oferecer nem mesmo lealdade, você não me serve. Lis sabia que não era capaz de oferecer o que Ming precisava, poderia fingir, mas odiaria conhecer Rachel e o filho, não tinha nenhum direito, mas o ciúme a consumia. - E se eu não sirvo, se já se cansou do brinquedo que comprou apesar do defeito, vai fazer o quê? Me matar? Pode fazer isso agora, porque eu não vou! Não vai me tratar como uma coisa, Ming. Não manda em mim. Lis ficou no México e aproveitou para se encontrar com Dragón enquanto o marido foi negociar com Apollo, os limites do tratado que assinou fez com que ele perdesse o controle das plantações de Papoula e na China o ópio ainda era uma das substâncias mais consumidas entres os empresários e intelectuais. Aquele prejuízo poderia custar a sua vida e o chefe não costumava perdoar esse tipo de deslize, sabia que Ivan não atuava na extração do ópio, mas também não concordava com o trabalho infantil e por isso não queria fazer o destrato. Temia que o preço para alterar aquele termo fosse Lis. E era um preço que só pagaria se pudesse beber o sangue do hacker. Perder nunca foi seu forte. Assim que esteve sozinho com o conselheiro, se curvou. - Peço perdão por ofender a sua família, Apollo, a minha mulher estava com algumas amigas e esqueceu de me avisar. Apollo sabia que não era verdade, mas apenas ficou em silêncio e ouviu o que o aliado tinha a dizer, aquele tipo de visita era sempre tenso, parcerias daquele tipo eram frágeis. - Não temos o que negociar, Ming você desenhou os termos, Fera não vai compactuar com o que fazem naquelas plantações e provavelmente já foram queimadas. - Dê o preço, me deixe falar com ele, não é uma escolha para mim. Ivan atendeu o chinês e acertaram o preço. As crianças não trabalhariam nos campos de Papoula e os funcionários contratados teriam uma remuneração descente. Ming ficou grato pela solução e pediu mais uma coisa. - Posso falar com hacker? - Veio procurar confusão na minha casa, Ming? Respeitamos seus termos, Pablo é família. - Não vou fazer nada, só preciso entender algumas coisas. Poderia descubrir sozinho, Fera, tenho olhos inclusive aqui dentro, mas prefiro fazer do jeito certo e com respeito, é uma conversa, tem a minha palavra. Pablo foi comunicado e aceitou o convite, Ivan sabia que seria um momento tenso, Sombra também temeu pelo rumo da conversa, o hacker não sabia de muito e poderia reagir de forma errada, mas não havia o que ser feito e o encontro foi organizado. Rachel também entrou em pânico, temia a conversa que teve com o marido a respeito da viagem ao México deixava claro que ela não tinha conseguido sequer arranhar o que ele sentia pela ex-noiva apesar da família que construíram. O lugar foi pensado com cuidado, queriam ter algum controle se as coisas ficassem complicadas. Sombra falou com o amigo no caminho até o galpão. - Preciso que fique calmo e haja com inteligência, Pablo. Muita gente depende dessa conversa. Outra reunião estava acontecendo longe dali, Lis se encontrou com Dragón e Solar e discutiam sobre tudo o que os levou até aquele momento.
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