Capítulo 2

1362 Palavras
Usando meu vestido de praia de crochê cor creme e chinelos confortáveis pretos, desci as escadas, apenas depois de uma hora que as pessoas começaram a chegar. Olhei para meu celular e vi as mensagens das minhas amigas me incentivando a relaxar um pouco. Voltei encarar ao redor. Eu simplesmente não me sentia confortável. Eu era da turma NERD. Sempre fui e enquanto meu irmão ficou tanto com a inteligência, ele ficou também com o carisma e popularidade. Parei nas escadas, antes de descer e vi a multidão de pessoas que tinha. Segurei o fôlego, mas mordi o lábio. Calma garota. Desci as escadas e analisei a todos. As mulheres todas poderiam ser modelos, assim como os homens. Algumas vestiam confortáveis jeans, outras, shorts e enquanto algumas apenas usavam biquínis, mas todas estavam confortáveis e esbanjavam beleza. Os homens... f**a. Todos eram lindos e mesmo aqueles que não eram tão bonitos, transbordavam carisma. Quando desci o último degrau engoli em seco. Isso é ridículo. Como é possível ter tanta gente bonita em um só lugar? Já eu... Pare com isso Valentina! Pare! Meu complexo de inferioridade da minha época de escola estava voltando?! Que ridículo! Revirei os olhos e me acalmei. Jogar algum jogo no meu celular parecia mais divertido do que ir para uma festa que eu não conhecia ninguém. -Tina! – olhei assustada para o lado e vi meu irmão correndo na minha direção e sorrindo – Já ia te buscar. Venha se divertir um pouco. Ele me puxou pela multidão de pessoas, que algumas o paravam para cumprimentar e ele imediatamente me apresentava a todos. Eu percebi que todos eram bem mais tranquilos do que eu achava. Conseguimos chegar à piscina, que subia uma suave fumaça e soube que já estava aquecida, pois desde que ele ligou o aquecedor, já tinha passado pelo menos uma hora. E mais quinze minutos, considerando o tanto de pessoas que pararam para conversar com ele. -Tire isso e vá nadar. – olhei para meu irmão com uma careta e ele sorriu divertido – É sério. Vá se divertir. Ignore esses idiotas. -Não são seus amigos? – perguntei e ele bufou. -Conheço a maioria, converso com alguns, mas amigos mesmo... Eles também são idiotas. – ele riu divertido e eu mordi o lábio, nervosa – Ótimo! Se você não quer ir... Senti o fôlego me faltar por um instante e então gritei assustada quando meu irmão me levanta e me joga sobre seus ombros. -BABACA! – berrei e soquei suas costas, o que o fez rir e dar um tapa na minha b***a, sobre o vestido, o que me fez gritar novamente – ME SOLTE IMEDIATAMENTE! -O que é isso Natanael? – meu irmão para, mas ainda rindo se vira um pouco – Quem é essa? Mai uma nova namorada? -Minha irmã caçula. – Natanael falou e eu me apoiei nas suas costas, olhando ao redor, vendo diversas pessoas nos olhando e quando me estiquei para ver com quem ele falava, Natanael me olhou e sorriu – Diga oi para meu amigo mais i****a de todos os tempos. Lucca Medved. Senti o sangue se concentrar no meu rosto e quis gruir com a dor de cabeça que me ameaçava, por estar de cabeça pra baixo, mas quando bati os olhos no Lucca, fiquei sem reação. Eu o conhecia... Não o conhecia exatamente, mas eu já tinha visto ele. Anos atrás, eu sempre o via com meu irmão quando eles iam para festas quando ainda estavam no colegial, mas meu irmão mudou drasticamente na faculdade e eu nunca mais tinha visto ele. Eu me lembro do dia em que o Lucca foi para casa, quando supostamente toda minha família estava fora. Eu só tinha voltado para pegar minha bolsa, com minhas bonecas que tinha esquecido, mas então eu o vi... Balancei a cabeça, tentando afastar as lembranças, e me foquei nos seus olhos. Uma cor incomum, um âmbar inacreditável que pareciam realmente ouro derretido, se destacando na sua pele suavemente bronzeada e o cabelo tão escuro como a noite. Ofeguei e ele me olhou com uma escura sobrancelha levantada. -Oi irmãzinha do Natanael. – ele disse com um sorriso torto que mostrou sua covinha, deixando-o quase com um ar bondoso, mas eu o conhecia melhor. -Oi. – falei tensa – Me solte agora Natanael. -Claro. – ele pareceu ficar surpreso, mas suas mãos vieram para minha cintura, para me tirar dos seus ombros e eu relaxei, entretanto sinto o ar ao meu redor rápido e quando vejo meu irmão se afastando, berrei. Eu fui jogada e estava cada vez mais longe dele, tudo parecendo muito lento e ao mesmo tempo, muito rápido. Logo me vi afundar em água quente e ao olhar ao redor, pelas luzes da piscina, percebi que todas as pessoas tinham se afastado. Nadei pra superfície e na hora encontrei o olhar divertido do meu irmão, mas a raiva cresceu em mim. Ele sorriu e eu fechei a cara. Gritos começam a soar sobre a música e soube que todos se divertiam e várias pessoas começaram a pular para a piscina. Revirei os olhos, a raiva diminuindo, mas rapidamente sai da piscina. Isso parecia muito coisa de festa adolescente. Caminhei lentamente até meu irmão e olhei meu celular encharcado. Meu irmão levantou uma sobrancelha assim que parei na sua frente. Bati com tudo meu celular no seu peito. -Pode me comprar outro celular. – falei irritada e ele apenas sorriu – i****a. Arranquei o vestido de crochê para não sair molhando a casa e coloquei no seu peito também, enquanto meu chinelo estava em algum lugar no fundo da piscina. -Aproveite o resto da festa. – sibilei e assim que passei pelo meu irmão, olhei para Lucca que estava atrás dele. Quando nossos olhares se encontraram eu engoli em seco e percebi que ele reparou em cada gesto meu. Dei apenas um assentir para ele e fugi para dentro de casa, com meu coração batendo forte no peito. Olhei para trás uma última vez e quando o vi me encarando, soube. Eu ia ter problemas e com a fome em seus olhos... O medo e a insegurança se instalaram em mim. Corri para meu quarto e tomei uma ducha, só para tirar a água da piscina. Sim. Eu pretendia dar um mergulho, mas me condene se essa foi à forma que eu pensei... Principalmente ao ver o Lucca. Eu nunca soube do seu nome, mas de verdade não me importava, pois o queria mais longe possível de mim. Simples assim. Desde a primeira vez que o vi eu senti essa inquietação dentro de mim, falando que algo estava errado. Muito errado. Então eu o vi na nossa casa... Suguei o ar e neguei. Bloquear as lembranças dele com aquela mulher sempre foi o melhor. A raiva e a decepção que vinha com a imagem não valia a pena. Rapidamente peguei um roupão e fui para minha janela. Olhei para cima vendo as estrelas brilharem, com a lua cheia alta no céu. Lindo. Sorri e então olhei para baixo e suspirei. Essa parte do jardim, bem que meu irmão falou, era bem isolada e não tinha ninguém nem nada. Fiz uma careta e fui para minha mochila da faculdade e então peguei meus óculos e voltei e a imagem ficou nítida. Um casal se beijava loucamente contra uma árvore, o homem se esfregando na mulher, mas seus olhos estavam diretamente para mim. Olhos dourado. Olhos de ouro. A raiva cresceu em mim, enquanto ele beijava aquela mulher, mas me encarava. Babaca. Mostrei o dedo do meio para ele. E sem desviar meu olhar, com raiva, puxei a cortina tampando sua visão. Eu não acredito... Ele fez de propósito! Mas com que finalidade? Fiz uma careta, mas a raiva por ver ele com aquela mulher bateu forte no meu peito. Estranho. Ignorei e voltei para a cama, procurando meu celular e então lembrei. -VOU TE MATAR NATANAEL! – gritei com raiva, para ninguém específico e fui para a cama. Aquele idiota... Idiotas! Tanto meu irmão quanto o babaca do Lucca. ~~~~~~~~~~~~~~~~~~ Seja meu padrinho e me ajude a continuar a publicar minhas histórias! https://www.padrim.com.br/vewinkg  
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