01| Glad you came

1930 Palavras
Você lançou um feitiço em mim, me acertou como se o céu tivesse caído em mim, e eu decidi que você cai bem em mim, então vamos a algum lugar onde ninguém possa nos ver. Só você e eu. É aqui e o agora, meu universo nunca mais será o mesmo, estou feliz que você veio. —The Wanted. Seis anos. Fazia seis anos que eu não voltava para casa. Agora aqui estou eu, voltando como se nada tivesse acontecido. Como se eu não tivesse deixado meu coração em pedaços nesse lugar. Olhei para a estrada enquanto as casas simples se tornavam grandes mansões ostentosas.  — Você tem certeza que tudo bem a gente ficar nos seus pais? — Charlotte perguntou franzindo a testa. — Minha mãe e minha irmã estão nos Hamptons para o verão. — Eu falei sem prestar muita atenção. — Eu não sei. — Desviei o olhar do meu k****e e encarei minha melhor amiga, ela olhava para a estrada mordendo os lábios, sorri tocando seu braço, seus olhos cor de mel me encararam. — Eu falei com meu pai. Estaremos na casa da piscina, eles nem notarão nossa presença quando voltarem. — Eu sorri sabendo que Charlotte conhecia muito bem o histórico de Dakota. — Se você diz. — Ela ainda não parecia convencida, e eu não a culpava. Ela voltou a cantar com a música no rádio, mas eu já estava distraída demais para voltar para meu livro. — À direita. — Aviso, ela o faz e quando para nos portões do lugar que um dia eu chamei de casa, mas eu sabia que isso nunca mais seria a verdade para mim. Eu me inclino no banco de trás pegando minha bolsa onde o controle que meu pai havia me mandado pelo correio estava. O portão se abre e entrando na propriedade de meus pais, Charlotte solta um suspiro. — Uau. Totó, acho que não estamos mais no Kansas. — Ela diz e seus olhos parecem ainda maiores, dou de ombros, eu sei que o tamanho da casa é exagerado, mas foi onde eu cresci. A casa tinha um ar vitoriano. As paredes amarelas queimado. A casa tem seis suítes e 14 banheiros, jardim tropical, cinema particular, estúdio de gravação e elevador. Há uma varanda com piscina, quadras de vôlei e de basquete, cozinha gourmet, sauna, piscina com cascata e academia. A garagem tem seis vagas. Por muito tempo eu chamei aquilo de casa, mas olhando hoje acho que ela realmente nunca foi um lar. Puxando o quebra sol, dou um ultimo olhar para meu cabelo preso e respirando fundo eu abro a porta indo para o porta malas. Sinto um nó em minha barriga. Mesmo que eu diga a Char que está tudo bem, a ideia de ver Dakota novamente faz minha cabeça doer e meu estomago dar voltas. — Você tem certeza que você não quer ir? — Pergunta minha melhor amiga enquanto me ajuda com a minha mala. — vovó Maddie está com saudades. Eu conheci Charlotte no meu segundo ano na Yale. Ela era uma caloura perdida e a ajudei a chegar até a administração, depois disso nós não nos separamos mais. Enquanto Charlotte terminava a faculdade eu trabalhava a distancia em alguns projetos que meu pai me mandava e quando Charlotte conseguiu um emprego na revista LIKE nos acabamos decidindo mudar para Nova Iorque. Charlotte era minha melhor amiga. A pessoa que eu mais confiava no mundo. Com a pele n***a, olhos castanhos, cabelos encaracolados e um sorriso de matar Char conquistava todos. Seus pais, ambos médicos, a colocaram para fora de casa assim que descobriram que ela seguiria carreira no mundo da moda, então todos os feriados, férias ou qualquer tempo livre que tínhamos visitávamos vovó Maddie em Nova Jersey. — Eu vou arrumar nossas coisas, mande um beijo para ela. — Eu pego a primeira mala.    Puxando a chave da bolsa eu sigo até a porta da casa da piscina. Meu pai tinha organizado a casa da piscina para que pudéssemos morar aqui por um tempo. O lugar era menor que a casa, mas não menos bonito. A grama do quintal era tão verde quanto nos filmes. O lugar era amplo. Na cozinha moveis planejados, a sala tinha um grande sofá com uma televisão enorme. A decoração era simples e minimalista, como eu tinha lhe pedido. Em cima da bancada da cozinha um buque descansava com um bilhete. Gostaria de estar presente para te dar um grande abraço. Sinto muito sua falta, princesa. Espero que você e sua amiga se sintam confortáveis com o local. Qualquer mudança que você gostaria de fazer fale direto com minha assistente, o que você quiser é seu. Bem vinda de volta. Papai.  — Seu pai parece animado com sua volta. — Charlotte sorri trazendo uma cesta de café da manhã de um dos quartos. — Ele nunca entendeu porque eu fugi, em primeiro lugar. — Suspiro largando o bilhete na banca. Minha melhor amiga sorri me dando um aperto tranquilizador. — Não importa o quão maravilhoso pareça esse lugar. No minuto que você quiser sair estamos fora. — Ela me puxa para um abraço. — Pequena Laila. — Nós nos afastamos. E eu sorrio ao ver Georg e Matt na porta. O motorista do meu pai parece muito mais velho que seus 50 anos, mas tem o mesmo sorriso tranquilizador. — Ela não é mais tão pequena, pai. — Matt riu olhando de lado para minha melhor amiga com interesse. Matt era alto, muito mais alto que eu me lembrava. Ele tinha o corpo magro e esguio, seus olhos eram verdes e sua pele morena. Ele morava na California, onde tinha o próprio bar a beira da praia, mas voltava sempre que podia para ver os pais. — Georg e Matt essa é minha melhor amiga, Charlotte. — Eu aponto para Charlotte, que tem os olhos presos em Matt. — Nós ficaremos aqui por duas semanas, até nosso apartamento ficar pronto — Querida. — Angela vem em minha direção com braços abertos e eu sorrio. — Ang. — Eu abraço a mulher mais velha com olhos verdes dóceis. — senti sua falta. — eu sorrio quando me afasto. — Angela, essa é Charlotte, minha melhor amiga, Charlotte essa é Angela a mulher que é como uma mãe para mim. — Eu sorrio quando as bochechas redondas de Angela coram, ela sorri cumprimentando minha amiga. Essa é minha verdadeira mãe, eu quero dizer a Charlotte, a mulher que me criou.   — Seu pai nos disse que chegariam no fim da tarde. — Angela puxa a bolsa para o ombro. — Estávamos saindo agora para comprar alguns mantimentos para vocês e algumas coisas que faltam na casa grande. — Nós íamos passar em Nova Jersey, mas mudamos um pouco a rota. Não se preocupe. Ficaremos bem até vocês voltarem. — Angela me dá um ultimo olhar duvidoso antes de ser convencida pelo marido. — O chuveiro ainda não está funcionando bem, se precisar tomar banho use o do seu antigo quarto. — Matt comenta enquanto nos ajuda com as malas. — Que droga. — Bufo me jogando no grande e fofo sofá. — Ou qualquer outro dos mil banheiros da casa. — Ele complementa provavelmente lembrando do ocorrido. — Bem, eu preciso ir. Qualquer coisa ligue no meu celular. Seu pai me pagou um extra para cuidar do jardim. — Ele acena fechando a porta atras de si. Charlotte suspira vendo Matt sair. Ela coloca as mãos na cintura e se vira de frente para onde será nossa nova casa por pelo menos duas semanas. — Bem, vamos explorar a mansão, e ver como a elite de Manhattan vive. — Ela diz tentando, e falhando, imitar a voz da Gossip Girl, eu rio a seguindo. — Tem certeza que vai ficar bem? — Charlotte morde o lábio olhando em volta, eu tinha mostrado para ela toda a casa.  — Vá e volte logo para que possamos comemorar. — Eu lhe dou um sorriso encorajador e Charlotte assente. — Ligarei quando estiver chegando. — Entrando no Wanda, ela sai da propriedade. Eu entro na casa da piscina me jogando no sofá com meu k****e me perdendo na história.     Acordo assustada com um par de olhos azuis ainda em minha cabeça e aquela noite a seis anos atrás ainda vivida em minha mente. Quem era aquele cara? O que teria acontecido se eu tivesse lhe beijado? Por que eu sentia um formigamento quando ele me tocava? Olho no relógio percebendo que dormi por quase uma hora. Vou para meu quarto preparada para tomar um banho quando lembro que estamos sem chuveiro. Droga. Pegando uma bolsa com meus itens de higiene eu vou em direção ao casarão que ainda parece vazio, mas ele sempre parece. O carro de Georg ainda não está na garagem, nem o de meu pai, não há sinal do Wanda azul. Puxo meu celular do bolso, mas não tem nenhuma mensagem da minha melhor amiga. Eu subo as escadas lentamente, atrasando o máximo que eu posso de entrar no maldito quarto, mas é inútil. Quando abro a porta branca tenho a surpresa de ver meu quarto exatamente como deixei. Mas tudo aquilo está atrelado a memorias ruins. Brigas com Dakota. Noites chorando. Brigas com Kate. Liam. Dakota. Determinada a não deixar nada disso estragar minha noite eu passo direto pela cama indo para o banheiro. O lugar está exatamente como deixei também. Vazio. Nenhum produto deixado para trás. Sem toalhas de banho. Sem tapete ou qualquer coisa que torne ele minha cara. Isso não era e nunca seria minha casa. Entro no banho colocando a cabeça diretamente na água quente. Quero esquecer todas as memorias que tive nesse lugar. Mas como fazer isso quando tudo é tão presente aqui. Com um ultimo suspiro puxo uma toalha surrada da minha bolsa quando ouço a campainha ecoar pela casa. Esperando mais um minuto para ver se Ang abria eu suspiro olhando meu celular com 2 chamadas não atendidas. “Estou voltando, vovó está indo para mais um dos seus retiros, dá para acreditar? Se arrume logo, Cinderela, a carruagem esta chegando, as bebidas hoje são por minha conta! ~Char” A campainha toca mais uma vez. Droga, Charlotte. Correndo eu a xingo mentalmente. — Eu falei para você levar... — Eu paro porque do outro lado da porta não está minha melhor amiga. Porra. Com o braço no batente da porta, os olhos azuis elétricos, alto, vestindo um terno azul marinho de três peças que parecia ter sido feito para ele, estava parado diante de mim o homem mais lindo que eu já tinha visto. Um homem que mais parecia ter saído da capa da revista GQ. E eu estava enrolada em uma toalha surrada e com o cabelo pingando em minhas costas. Merda. Fechando a porta em um baque antes que ele pudesse abrir a boca eu corro de volta para meu quarto como um cachorrinho assustado, puxando a cortina do meu quarto eu vejo um farol cruzar os portões. Ang e Georg. Eu vejo Ang falar com o cara e pegar a pasta que ele estende e com um último aceno ele se afasta. Ele vai até um Aston Martin abre a porta e para por um minuto, eu prendo a respiração. Então ele me encara, como se pudesse me ver pela janela, me virando para longe dali, ainda molhada e apenas com uma toalha eu encosto na parede e vou descendo ate sentar no chão sorrindo como uma colegial. UAU. 
Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR